O valor de um professor
Longa do pequeno Butão concorre ao Oscar de filme internacional com uma história de choque cultural e perda da arrogância
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Um raro filme do Butão tem emocionado plateias pelo mundo afora. É A Felicidade das Pequenas Coisas (Lunana: a Yak in the Classroom), história de um jovem professor em crise vocacional. Enquanto completa o período de serviço obrigatório no ensino público e espera um visto para tentar carreira de cantor na Austrália, Ugyen (Sherab Dorji) é enviado para uma escola nos altos Himalaias.
Para chegar à aldeia de Lunana, são oito dias de caminhada a partir da cidade mais próxima, quando a altitude vai aumentando à medida que o número de habitantes vai caindo. Lunana tem apenas 56 almas, entre pastores de iaques (uma espécie de búfalo daquela região) e coletores de fungos. A energia elétrica é precária, e papel higiênico é tido como um luxo. A escola é tão rústica que não tem sequer quadro-negro e cadernos.
Pelo tipo de dramaturgia utilizada desde o início, não é difícil prever que Ugyen vai superar seus achaques iniciais com a diferença entre seus hábitos e cultura citadinos, e a vida rudimentar e o pensamento mítico dos aldeões. O diretor Pawo Choyning Dorji adota um estilo claro e simples, com imagens luminosas que destacam as belas paisagens dos Himalaias como uma espécie de conforto diante das muitas carências.
As três estações vividas em Lunana, em meio a crianças adoráveis, ensinam ao professorzinho arrogante e desmotivado o valor de sua profissão e o poder do afeto, levando-o a se conectar com uma camada profunda de si mesmo. Com um belo desfecho razoavelmente aberto, o filme cumpre seu papel de "feel good movie" para consumo universal sem perder o vínculo com a cosmogonia butanesa.
>> A Felicidade das Pequenas Coisasestá em cartaz nos cinemas e ainda não chegou ao streaming no Brasil.
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