O SUS na mira do golpe

Um dos principais propósitos do golpe é reduzir e, inclusive, eliminar os investimentos sociais – ou seja, o povo – do orçamento público, para aumentar o superávit primário: aquela parcela formidável da renda pública nacional que deixa de ser aplicada no SUS, na educação, no Bolsa-Família, no Minha Casa Minha Vida e na dignidade do povo brasileiro, para ser canalizada para o sistema financeiro

Mães segurando filhos com microcefalia em hospital de Recife. A OMS irá realizar uma reunião de seu comitê de emergência para dar estudar uma resposta internacional ao surto de Zika, que possivelmente tem ligação com casos de microcefalia
Mães segurando filhos com microcefalia em hospital de Recife. A OMS irá realizar uma reunião de seu comitê de emergência para dar estudar uma resposta internacional ao surto de Zika, que possivelmente tem ligação com casos de microcefalia (Foto: Jeferson Miola)


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O golpe é a arma da burguesia para alvejar também o capítulo dos direitos sociais da Constituição de 1988.

Um dos principais propósitos do golpe é reduzir e, inclusive, eliminar os investimentos sociais – ou seja, o povo – do orçamento público, para aumentar o superávit primário: aquela parcela formidável da renda pública nacional que deixa de ser aplicada no SUS, na educação, no Bolsa-Família, no Minha Casa Minha Vida e na dignidade do povo brasileiro, para ser canalizada para o sistema financeiro.

Uma das medidas do governo usurpador é a Proposta de Emenda Constitucional [PEC] 241, que cria o Novo Regime Fiscal em cima [1] do fim da obrigatoriedade de percentuais mínimos do orçamento para a saúde e educação, e [2] da fixação de limites para as despesas sociais sempre abaixo do crescimento da arrecadação. Na justificativa da PEC, esta limitação fica bem explicitada: “É preciso alterar esse sistema [de mínimo constitucional para saúde e educação], justamente para evitar que nos momentos de forte expansão econômica seja obrigatório o aumento de gastos nessas áreas”.

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Esta PEC é a alma do projeto draconiano do capital financeiro contra o povo. O tal Novo Regime terá a duração de vinte anos, até 2037.

Segundo estudo da consultoria de orçamento da Câmara dos Deputados, R$ 58,5 bilhões serão subtraídos da área de educação nos 10 anos iniciais do Novo Regime. Quase R$ 6 bilhões por ano deixarão de ser aplicados em creches e pré-escolas, nos ensinos fundamental e médio, no PROUNI, no FIES, na expansão da Universidade pública e no desenvolvimento intelectual e cultural da juventude pobre, para serem transferidos a wall street, ao Itaú, Bradesco, HSBC ...

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O corte nas verbas do SUS não deverá ser inferior a R$ 160 bilhões no primeiro decênio. Esta dinheirama, que equivale ao PIB do Uruguai que Serra tentou comprar, terá idêntico destino: a banca internacional, que é sócia e financiadora da oligarquia que perpetrou o golpe no Brasil.

Para se ter idéia do impacto devastador disso para a população usuária do SUS, deve-se recordar que o orçamento atual do Ministério da Saúde é de R$ 109 bilhões. A redução de R$ 160 bilhões, portanto, equivaleria a deixar a população sem absolutamente nenhum atendimento público de saúde durante um ano e meio!

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Em paralelo ao desfinanciamento que causará o desmonte do SUS e o fim do direito constitucional à saúde pública, gratuita e de qualidade, o bizarro ministro da saúde do governo usurpador defende a proliferação de sistemas e planos privados de saúde com “preços populares” e uma assistência primitiva, restrita e anti-popular.

Na prática, isso representa um retrocesso de mais de 50 anos, e terá como reflexo o aumento exponencial de sofrimentos e mortes por falta de assistência.

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A PEC reduzirá o orçamento da saúde de 2017, e com isso forçará a redução imediata, a níveis dramáticos, da quantidade de atendimentos, consultas, medicamentos, exames, serviços ambulatoriais e internações hospitalares que são oferecidas pelo SUS nos municípios do país.

Em Porto Alegre, por exemplo, onde o Ministério da Saúde é o principal financiador da saúde [R$ 800 milhões; cerca de 45% do orçamento do SUS municipal de 2016], ambulatórios, especialidades e leitos hospitalares terão de ser fechados, caso não sejam encontradas fontes alternativas de financiamento.

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A esta realidade, adicionam-se outras ameaças para a população porto-alegrense. A primeira delas é o desligamento de quase 20 médicos do programa Mais Médicos que não foram repostos pela atual Administração, deixando abandonadas mais de 60 mil pessoas que têm o SUS como único recurso de atendimento.

Além disso, o Grupo Hospitalar Conceição [GHC], instituição federal que é um dos maiores complexos de saúde da América Latina, passará a ser gerido segundo critérios empresariais: deixará de atender exclusivamente pelo SUS, os serviços serão cobrados, e os 12 postos de saúde comunitária com as 39 equipes de saúde da família [que atendem 105 mil pessoas] serão fechados, assim como a Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar.

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Essas são as diretrizes anunciadas pela diretoria indicada pelo ministro usurpador Eliseu Padilha. Um detalhe importante: os hospitais do GHC respondem por 30% das internações hospitalares, 29% dos atendimentos ambulatoriais e quase metade dos partos ocorridos na capital gaúcha. Além disso, o GHC é um centro estratégico de formação profissional e geração de conhecimentos em saúde.

Os municípios sentirão mais agudamente os efeitos do desmonte das políticas públicas e a destruição neoliberal que é promovida pelo governo usurpador de Temer, Cunha, Padilha, Serra, Aécio e sua malta golpista.

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A eleição municipal é uma etapa importante da luta democrática. É um momento que permite o esclarecimento da população sobre as conseqüências devastadoras do golpe e a denúncia e o escracho daquelas candidaturas que representam o golpismo no âmbito municipal.

Nesta eleição, é fundamental eleger para as prefeituras municipais os setores democrático-populares para a resistência democrática contra a restauração neoliberal ultra-conservadora no próximo período, que será de aprofundamento do golpe com a imposição autoritária de medidas anti-povo e anti-nação.

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