O suicídio político de Ciro Gomes
Eric Nepomuceno diz que Ciro Gomes ainda vai ver como parte substancial de seus eleitores passarão para o lado de Lula para derrotar Bolsonaro no primeiro turno
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Por Eric Nepomuceno, para o 247
Poucas vezes, ao menos nestes últimos anos, houve um suicídio político tão gritante como o de Ciro Gomes.
É impressionante como ele faz naufragar uma extensa carreira que inclui dois mandatos de deputado estadual no Ceará, além de ter sido prefeito de Fortaleza, governador de seu estado, ministro da Fazenda de Itamar Franco, ministro de Integração Nacional de Lula, deputado federal.
Passou pelo antigo PMDB, pelo PSDB, pelo PPS (antigo Partido Comunista), e agora está aninhado no PDT. Em 2002, disputou a presidência conseguindo, graças ao apoio de Leonel Brizola, armar uma Frente Trabalhista, juntando o PDT, o PTB e o PPS.
Perdeu, mas apoiou Lula – o mesmo Lula que ele agora ataca de maneira descontrolada – no segundo turno.
Toda essa trajetória e toda essa experiência não foram suficientes para domar seu ego que, muito mais que inflado, é obeso.
Sua inteligência e seu inegável preparo serviram para que ele apresentasse projetos bastante sérios e interessantes em vários aspectos econômicos e sociais, mas foram igualmente insuficientes para impedir que seu caráter se derretesse até sumir.
Seu egoísmo descontrolado desabrochou de vez em 2018. Nada indica que se ele tivesse permanecido aqui no segundo turno e acompanhasse Fernando Haddad em apoio público e explícito Jair Messias não teria chegado onde chegou.
Mas não resta dúvida que sua ida ostensiva para Paris foi de uma indecência sem remédio.
Ele agora teima em manter uma candidatura que tem a mesma chance de crescer que eu tenho de virar técnico do Fluminense.
Seus ataques a Lula são fartamente usados pelos seguidores de Jair Messias nas redes sociais. De onde saiu tanta inveja? Acho que nem o próprio Ciro saberia dizer.
Se para mim e muitos outros sua atitude no segundo turno de 2018 serviu para enterrar de vez qualquer respeito, a de agora – ao manter uma candidatura inviável – serve para enterrar sua carreira.
A também desprezível Simone Tebet mantém sua candidatura igualmente inviável talvez com os olhos postos em 2026, quando poderá tentar vôos mais altos.
Ciro Gomes, nem pensar. Ainda vai ver como parte substancial de seus possíveis eleitores passarão para o lado de Lula, com tal de impedir que o Genocida continue ameaçando a democracia e o próprio país.
Engolido pelo ego obeso e a ausência de qualquer vestígio de caráter, Ciro não vai deixar marcas e muito menos saudades.
Pensando bem, já vai tarde.
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