O sinal nunca deixou de estar vermelho
"A grande imprensa nunca teve compromisso com a classe trabalhadora", diz D'Incao, alertando para um movimento de resgate do antipetismo
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Inteligentemente, Fernando Haddad declarou ”sinal amarelo” para a possibilidade de a grande imprensa entrar na onda do bolsonarismo e reascender o sentimento anti-petista com as armas mais ímpias que lhes são inerentes.
Foi inteligente porque sua declaração não quis abrir guerra contra a grande imprensa, mas deixou claro que as forças progressistas nunca estiveram tão bem preparadas contra uma investida de desinformação e fakenews como nos dias atuais.
Entretanto, é dever da análise histórica alertar que a grande imprensa nunca, em nenhuma época, teve qualquer compromisso com a classe trabalhadora brasileira, ao contrário, sempre esteve do lado das elites brasileiras.
Na atual conjuntura está mais que evidente que a candidatura de Lula representa uma ampla aliança pela república, pela democracia e pela soberania nacional. São exatamente as bandeiras que hoje são insustentáveis aos interesses da classe dominante.
Fôssemos nomear as características que o mundo capitalista tenta forjar em todas as nações do globo a qualquer custo, seriam exatamente às contrárias do que as de Lula: o desejo é a restauração de governos aristocráticos e truculentos, dentro de regimes plutocráticos onde as soberanias nacionais são destroçadas pelas forças do grande capital.
Bolsonaro cai como uma luva nesse modelo: é um político que odeia os pobres, é genocida, está a serviço dos ricos e quer vender todas as riquezas estratégicas de nossa nação.
Objetivamente o capital não deseja esse estado de coisas por sua degeneração moral, como se uma força maligna e cruel assumisse o controle de suas ações. O capital assim se manifesta por uma necessidade muito clara e calculista: a queda global das margens de lucro do sistema capitalista o impele a gerar a barbárie, na forma de uma verdadeira guerra contra a humanidade, para tentar evitar e reverter essa tendência.
Percebe-se que a volta avassaladora da fome reflete essa tendência, pois o mundo do capital já não consegue aplicar uma renda que garanta a sobrevivência daqueles que trabalham para ele. Os salários estão errados em sua concepção clássica, qual seja: deve constituir o mínimo de renda para a sobrevivência do próprio trabalhador, ou seja, deve ser o suficiente para que ele se alimente e volte ao trabalho.
Quando Lula diz que vai acabar com a fome só existem três ações para a obtenção desse feito: reforma orçamentária, valorização do salário mínimo e controle inflacionário. Em suma, o aumento da perda de lucros do capitalista.
O mesmo vale para o controle de capitais, a defesa de nossas empresas estratégicas e nossa soberania nacional, o que equivale a eventualmente desindexar a moeda nacional do dólar e adotar um outro padrão de equivalência que não subjugue nossa economia à emissão de uma moeda por um país estrangeiro que cada vez mais está caminhando para um estado de inflação com recessão.
Bolsonaro é um homem extremamente ignorante e está alheio a esse movimento. Sua continuidade no poder é quase que um habeas corpus. Seu maior medo é ser preso. Pois a rigor, Bolsonaro não é presidente da república, mas um carrasco do capital... e é exatamente disso que o capital precisa: um boçal, insensível, miliciano, que execute as vontades do sistema e que seja facilmente corrompido por dinheiro sujo de corrupção barata e sem vergonha.
Mas o carrasco também tem medo de sofrer a mesma pena que ele aplicou às vítimas do sistema. Para fugir desse perigo, Bolsonaro se vende pra quem puder salvar sua pele. Já vendeu sua alma ao centrão, já pediu ajuda ao Biden, ameaça os poderes republicanos e, quem disse, não deixará a grande imprensa finalmente colocar nele a sonhada fucinheira e a coleira, para que ela se sinta à vontade para apoiá-lo sem escrúpulos?
Bolsonaro ocupa um governo, o que significa a possibilidade de renovar e ampliar concessões a aliados e antigos desafetos como a Globo, sempre abertos a dialogar e negociar com as forças mais subterrâneas que já governaram o país.
Haddad foi estratégico em sua fala, mas aqui podemos ser diretos: o sinal não está amarelo para a grande imprensa, ele sempre esteve vermelho para os sonhos e desejos legítimos do povo brasileiro.
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