O sentimento dos manés irrelevantes

Os manés libertados voltarão para suas cidades, onde estão os manezões impunes. É gente endinheirada, perigosa e famosa em suas regiões

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Valter Campanato/Agência Brasil | Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)


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Um outro sentimento, além do proporcionado pelo ar fresco da liberdade, é arrastado com malas e trouxas dos patriotas que deixam os presídios de Brasília por decisão de Alexandre de Moraes.

Os manés saem da cadeia com uma tornozeleira e a sensação de que já não valiam muita coisa e de que agora valem muito menos.

Esse é o sentimento ruim do choque de liberdade. Se foram dispensados, depois de quase dois meses presos, é porque são insignificantes.

Se são insignificantes é porque participaram das ações terroristas, possivelmente de longe, sem saber direito o que deveriam fazer para provocar o golpe.

Só foram liberados, depois dos interrogatórios, porque passaram às autoridades a certeza de que não têm protagonismo algum e não foram nem coadjuvantes.

Foram apenas figurantes de uma ação induzida por gente poderosa que não foi presa, porque não estava ali naquele 8 de janeiro.

Os 225 libertados desde segunda-feira devem pensar nos 700 que continuam encarcerados e na importância que esses têm. E que eles, os libertados, nunca tiveram.

Os libertados não têm como continuar com as ameaças, não têm provas a destruir e não dispõem de poder, dinheiro e influência. São os coitados do terrorismo e devem cuidar dos filhos.

Viverão com a tornozeleira e o arrependimento por terem participado de uma farsa violenta e criminosa. Que não se esqueçam do que fizeram.

Quase todos os libertados são, na hierarquia da extrema direita, do mesmo time do vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, que propôs a troca de escravos baianos de Bento Gonçalves por trabalhadores argentinos.

Fantinel foi abandonado pelo Patriotas e expulso do partido. Polícia Civil e Ministério Público vão investigá-lo. A Câmara vai abrir o processo de cassação do seu mandato.

É difícil, com o desmonte da estrutura de poder do fascismo, que figurantes tenham alguma importância para o bolsonarismo esfacelado. E menos ainda com um Bolsonaro solitário e deprimido acampado em Orlando.

Hoje, não têm quase nada a oferecer. Mas não podem deixar passar que os verdadeiros líderes, de fora do governo, que os induziram ao golpe e ao terrorismo, estão livres e soltos.

Os empresários disseminadores de ameaças contra o ministro Luiz Fux, em maio do ano passado, também em Bento, não cruzaram nem longe da Papuda.

Estão na Papuda e continuarão presos por mais um tempo, como invasores de Brasília ou como incitadores e patrocinadores, os terroristas do nível intermediário.

Os fanfarrões, como o vereador e muitos dos agora libertados, são do terceiro time da extrema direita.

O vereador não é nada no contexto do caso de escravidão das vinícolas. É apenas o mais atrevido por dizer o que muita gente da Serra gaúcha pensa dos escravizados nordestinos.

Os integrantes do topo da pirâmide do fascismo, os grandes financiadores, ainda estão longe do alcance das autoridades.

A estrutura de poder do escravismo tem a casca grossa de toda gente poderosa. Como é grossa a casca dos que alertaram Fux, com tom de ameaça de chefes de quadrilhas, para que não se aproximasse de Bento.

Os manés libertados voltarão para suas cidades, onde estão os manezões impunes. É gente endinheirada, perigosa e famosa em suas regiões.

Muitos deles estão quietos e recolhidos desde a fuga de Bolsonaro. Mas prontos para voltar a agir, certos de que nunca puxarão malas e trouxas na saída da prisão.

Os que se comportaram como gângsteres, mas longe do cenário do 8 de janeiro, estão convencidos pelas circunstâncias e pela passagem do tempo de que não vão pegar cadeia.

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