O que virá depois dos escombros?
Se o ano de 2015 foi marcado pela implosão desse modelo, 2016 deveria ser dominado pela busca de consensos para uma reconstrução nacional. No entanto, enquanto o ambiente estiver contaminado por interesses mesquinhos e ambições pessoais, a possibilidade de entendimento será mínima

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Já é praticamente consensual a visão de que a crise política responde por boa parte da recessão enfrentada pelo Brasil em 2015. Mas é preciso ir além da superfície. Que crise política é essa? Apenas a disputa pelo poder entre oposição e situação, numa espécie de terceiro turno sem fim, ou algo bem mais profundo?
Na realidade, a crise atual reflete o esgotamento de um modelo político, que distorce não apenas a representação popular, como o próprio capitalismo nacional. No presidencialismo de coalizão brasileiro, a atividade política se financia por meio da ocupação predatória do Estado. Esta ocupação, por sua vez, é o que garante a chamada governabilidade, que pode ser traduzida por compra de apoio parlamentar. E como os apetites políticos são insaciáveis, o modelo brasileiro alimenta um capitalismo de Estado, em que a atividade empresarial, em vários setores, se subordina à política.
Este modelo oligárquico só seria viável num país em que não houvesse Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário independentes. Hoje, o que ele produz, além da sucessão interminável de escândalos, é a sensação permanente de insegurança, tanto para quem exerce a atividade política como empresarial.
Se o ano de 2015 foi marcado pela implosão desse modelo, 2016 deveria ser dominado pela busca de consensos para uma reconstrução nacional. No entanto, enquanto o ambiente estiver contaminado por interesses mesquinhos e ambições pessoais, a possibilidade de entendimento será mínima. A única certeza é que não é mais viável levar adiante essa velha política.
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