O que os comprometidos com a democracia e a ética devem fazer?

Enfim, o que não estamos discutindo com racionalidade é: como fazer a passagem? Se esta bomba estourar e envolver Chico e Francisco, como salvar o bebê e jogar a água do banho?

Enfim, o que não estamos discutindo com racionalidade é: como fazer a passagem? Se esta bomba estourar e envolver Chico e Francisco, como salvar o bebê e jogar a água do banho?
Enfim, o que não estamos discutindo com racionalidade é: como fazer a passagem? Se esta bomba estourar e envolver Chico e Francisco, como salvar o bebê e jogar a água do banho? (Foto: Rudá Ricci)


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O caso Petrobrás parece muito, mas muito grave. Acontece que quem é democrata não gosta de destruição das instituições. Por qual motivo? Porque elas têm a função de nos “colar”. Obviamente que nem todas instituições cumprem isto. No Brasil, aliás, são poucas que cumprem. Mas, para um democrata, a saída é a reforma. No tapa, na maioria das vezes, é trocar seis por meia dúzia. Em muitos casos, é trocar seis por dois.

Entrar na briguinha de partidos não é nosso papel. A democracia é muito mais que partidos. É garantia de estabilidade, de acordo de convivência, de pacto instável sobre as prioridades públicas. Não dá para ficar neste eterno jogo de “voto útil”. Vejam o ridículo por que passa o Lobão. Ou os meninos que podiam estar cortando cana e ajudando o país, mas preferem empunhar meia dúzia de bandeirolas e sacanear com os militares. Do lado dos eleitores vencedores, percebam a histeria geral. Pelo desespero deles se chega à conclusão que o melhor é reconstruir o país todo, já que imprensa, oposição, parlamento, judiciário, tudo, ou quase tudo, está dominado.

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Não. Entrar neste mimimi não constrói absolutamente nada. Justamente porque os dois lados querem é desconstruir.

Minha preocupação é com o caminho de reconstrução, não o de demolição.

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Se o que se vaza pela imprensa (que, aliás, agiu na ilegalidade ao divulgar o que era sigilo de justiça) é real, não restará nada dos pilares do sistema partidário. E, também, de algumas outras instituições.

Ora, o discurso fácil é abafar ou doa a quem doer. O problema é que abafar não parece respeitoso com quem colocou seu dinheiro nos cofres públicos. Mas, esta história de doer em quem doer é meio ignorante porque se não for bem conduzido, vai doer em nós, cidadãos. Ou seja, as duas frases fáceis podem estourar justamente em nós, que não colocamos a mão na cumbuca de lugar algum.

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O que percebo é falta de cultura política em nosso país. Uma infantilidade generalizada. Confundem governo com Estado e nem param para pensar o que é uma instituição e como ela pode ser reformada ou substituída. Uma ânsia de começar do zero como se fôssemos os portugueses pilotando Nina ou Pinta, avistando um monte e decidindo fazer desta porção de terra um grande Portugal.

“Menas”.

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Está na hora de baixar este vício na adrenalina que os marqueteiros conseguiram, com muita competência, fazer jorrar na nossa corrente sanguínea durante as eleições.

Mas, depois de abrir o presente de Natal, em poucos dias a vida volta ao normal.

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Enfim, o que não estamos discutindo com racionalidade é: como fazer a passagem? Se esta bomba estourar e envolver Chico e Francisco, como salvar o bebê e jogar a água do banho?

Ninguém parece se candidatar.

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Tenho a impressão que o melhor caminho seria adotar a agenda da reforma política de vez. Com muita força. Massificar a discussão.
Pedir licença para os partidos políticos, já que é bem provável que quase todos lambuzaram a mão com sei lá o quê, e assumir a responsabilidade cidadã (até topo a palavra cívica, se desejarem).

É a passagem que me preocupa.

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Esta história de refazer o país a cada cinco ou dez anos é como reformar a nossa casa todo ano. Chega uma hora que nos perdemos nos cômodos, não nos reconhecemos em nada e um olhar panorâmico revela que o estilo que adotamos é o mais horrível Estilo Kitsch da história da arquitetura mundial.

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