O que o bolsonarismo espera de Rogério Marinho
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Há expressões com semânticas equiparáveis. Bolsonarismo, extrema-direita, antidemocracia, antipovo, todas são componentes de um mesmo sentido. Na disputa à presidência do Congresso Nacional, um nome é o principal representante deste vocabulário. O senador eleito Rogério Marinho (PL), ex-ministro de Bolsonaro, tem missão importante de garantir a sobrevivência dos representantes do obscurantismo, em parte defenestrado nas últimas eleições.
Marinho foi escalado para não deixar o bolsonarismo morrer em sua plenitude. Foragido nos Estados Unidos, o ex-presidente Bolsonaro já age nos bastidores, ligando para senadores a fim de que apoiem o seu candidato. Marinho está entusiasmado. Sua candidatura cresceu, mesmo com oxigênio insuficiente para alcançar as projeções do seu rival na disputa, o senador Rodrigo Pacheco (PSD). E, bem ao seu modo, Marinho acredita em “traições” dos senadores que se pronunciam apoiadores do seu adversário.
O bolsonarismo tem em Marinho a tábua de sobrevida capaz de demonstrar força, mesmo com a derrota para o presidente Lula e a não-aceitação do resultado que culminou nos atos terroristas de 8 de janeiro. Marinho se dispôs a esta tarefa como preposto da extrema-direita bolsonarista/golpista.
No entanto, Marinho se diz "democrata" à lá Bolsonaro. Quando proferiu absurdos, recebeu invertida dura da jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, por acusar o STF de suposta censura prévia. Aliás, ele não nega que o Supremo será o principal alvo caso alcance a presidência do Congresso.
Ele já havia relativizado os atentados terroristas de seus cupinchas. "De 1988 para cá todas as manifestações da esquerda, com raríssimas exceções, terminaram em quebra-quebra ou invasão de prédios”, comparou, em entrevista à Folha de São Paulo.
Marinho é a sombra do extremismo que insiste contra a democracia brasileira. É o bolsonarismo à espreita de brecha para contra-atacar. É o nome que pretende desmoralizar o Congresso após da violação aos prédios da República, em destaque aos do Congresso que sonha presidir. No jantar fechado desta segunda-feira (30), repetiu chavões bolsonaristas. “Homens e mulheres de bem que representam parcela da nossa sociedade... Nada é mais importante que a nossa liberdade”.
Rodrigo Pacheco, por sua vez, está ciente da bandeira que Marinho porta. E em entrevista à Folha, também delimitou o seu espaço: “A minha candidatura é a que representa a defesa do Estado de Direito e o fortalecimento da democracia no país. É a candidatura que acredita nas urnas eletrônicas, na ciência, que respeita os pares, que busca a união do país, que busca respeitar as demais instituições, que busca estabelecer limites através da legislação e não do revanchismo, da retaliação a outro Poder”.
Temos novamente a reedição da disputa entre a civilização e a barbárie.
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