O que mudaria num eventual governo Maia?

Tem muita gente tentando decifrar o enigma Rodrigo Maia. Depois de desperdiçar duas vezes, no comando da Câmara dos Deputados, a oportunidade de assumir a Presidência da República, ele não aparenta nenhuma satisfação pela vitória de Temer

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante votação da admissibilidade da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer 25/10/2017 REUTERS/Adriano Machado
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, durante votação da admissibilidade da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer 25/10/2017 REUTERS/Adriano Machado (Foto: Ribamar Fonseca)


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Tem muita gente tentando decifrar o enigma Rodrigo Maia. Depois de desperdiçar duas vezes, no comando da Câmara dos Deputados, a oportunidade de assumir a Presidência da República, ele não aparenta nenhuma satisfação pela vitória de Temer. Muito pelo contrário, vem falando grosso, sugerindo um comportamento independente do Palácio do Planalto. Mas quais são seus projetos políticos? Pretende continuar deputado ou pensa alçar voos mais altos? Ele ainda não deu nenhuma pista, mas parece disposto a distanciar-se de Temer, que se tornou uma ameaça para quem tem sonhos de poder. Parece que só o PSDB e o DEM resolveram suicidar-se politicamente abraçados ao presidente golpista, a quem continuam dando todo apoio. Quando decidirem, finalmente, abandoná-lo, para não perderem os votos nas próximas eleições, já será tarde demais, pois o seu oportunismo será evidente demais para enganar o eleitor. E os tucanos pagarão caro o apoio ao golpe e ao trágico governo de Temer.

Consciente da fragilidade de Temer no Congresso, revelada paradoxalmente com a vitória dele na votação da segunda denúncia, Maia deverá aguardar o momento certo para dar o bote: ele tem como trunfo na manga 25 pedidos de impeachment dormindo na gaveta da Câmara. Bastará colocar um deles na pauta da votação para encerrar o governo golpista, pois os deputados que o salvaram, a peso de ouro, sabem que ele não terá mais nada a oferecer, a não ser jantares no Palácio do Jaburu. E, por outro lado, devem ter sentido a reação negativa dos seus eleitores quando retornaram às suas bases. Provavelmente pensarão que aprovando o impeachment de Temer estarão se redimindo com o povo, alimentando a esperança de reeleição que, a esta altura, parece distante. Maia assumiria, assim, o governo e tentaria manter-se no poder até as eleições de 2018, pois qualquer ação nesse sentido deve ocorrer bem antes do pleito, provavelmente no primeiro semestre do próximo ano.

O fato é que mais cedo ou mais tarde, seja por impeachment ou pelo término do seu mandato, Temer deixará o Palácio do Planalto, depois de promover muito sofrimento no povo. E aí, como ficarão as viúvas políticas dele, que provavelmente acreditam que essa mamata não terminará? Como ficarão os Maruns e Perondis da vida? Dependendo do montante de dinheiro que pegaram, financeiramente estarão bem, mas politicamente e moralmente estarão muito mal. E encerrarão sua carreira política, assim como todos os que votaram com o relatório de Bonifácio de Andrada, o que será muito bom para a Câmara, que sofrerá um processo saudável de renovação com o expurgo dessa camarilha. A sua parte podre será fatalmente extirpada pelo eleitor, que permitirá seja escrita uma nova página na história do Congresso Nacional. A velha e apodrecida Câmara será, então, apenas uma triste e vergonhosa lembrança na história política deste país.

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Mas o que mudaria com a presença de Rodrigo Maia na Presidência da República? Praticamente nada. Seria o mesmo que trocar seis por meia dúzia, pois ele praticamente dará prosseguimento aos projetos de reformas de Temer, conforme já deixou claro em algumas declarações. Então, qual a vantagem de tirar Temer para colocar Maia? Talvez o parlamentar carioca seja menos manipulável pelas forças econômicas que promoveram o golpe e mais sensível aos anseios do povo, mas ninguém deve esperar grandes mudanças. Na verdade, a esperança é que ao convocar eleições ele possa abrir a oportunidade para a eleição indireta de alguém menos pior do que Temer, porque o que vai mesmo permitir a correção de rumo do país será a eleição direta de um novo Presidente. Sem a participação e respaldo do povo ninguém conseguirá consertar o país, destroçado por um governo sem legitimidade. E apesar da perseguição a Lula, visível até da Lua, no panorama atual não existe hoje ninguém melhor do que ele – nem com mais força popular – para recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento.

As mais recentes pesquisas do Ibope confirmaram a liderança do ex-presidente operário, que será eleito em qualquer cenário. Caso seja impedido de concorrer ao pleito de 2018, objetivo do pessoal da Lava-Jato, o nome que cresce na preferência do eleitorado, ainda segundo as mesmas pesquisas, é o do ex-ministro Ciro Gomes que, no entanto, para ser eleito precisaria do apoio de Lula. Para os promotores do golpe e todos os que participaram da conspiração, inclusive a mídia, talvez seja melhor torcer pelo líder petista, pois Ciro promete ser muito mais duro com os golpistas e com os vendilhões da Pátria. De qualquer modo, o próximo ano será decisivo para o expurgo dessa quadrilha que tomou conta do poder e para a restauração do Estado de Direito, o que permitirá a retomada do Brasil para os brasileiros, a volta das oportunidades para pobres e negros, o retorno dos trabalhadores a seus empregos e a recuperação da sua posição no cenário mundial. Afinal, o país não aguenta mais um ano de Temer.

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