O que fez o Rio para merecer uma desgraça como Witzel?
Quer dizer, então, que é isso que se espera de um governador? A sociedade pretende se calar diante de um governante que se comporta como um jagunço da pior espécie? E o Ministério Público, por que não se interessa em saber quantos moradores de favela já foram abatidos pelos snipers a soldo de Witzel?
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Há alguns anos nem o mais pessimista dos habitantes do estado do Rio de Janeiro poderia prever a aproximação de um tsunami devastador movido a burrice, incompetência, estupidez, violência e falta de escrúpulos representado pela tríade das trevas Crivella, Witzel e Bolsonaro.
Impossível assistir nas redes sociais à palhaçada protagonizada pelo governador do Rio, Wilson Witzel, em Angra dos Reis, sem se perguntar o que nós, cidadãos fluminenses, fizemos para despertar a ira dos deuses.
Sim, porque até mesmo para pessoas não religiosas como eu a esfera da racionalidade parece insuficiente para entender os meandros do fenômeno que levou ao governo de um estado importante com o nosso um sujeito que se gaba de sua vocação para matar.
Beneficiado pela onda obscurantista que varreu especialmente os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, na reta final das eleições do ano passado, o desconhecido Witzel atingiu, neste domingo, 5 de maio, o ápice da sua pregação em defesa do extermínio de criminosos, suspeitos e pobres em geral, ao aparecer num helicóptero, de arma automática em punho, bradando por execuções sumárias.
Quer dizer, então, que é isso que se espera de um governador? A sociedade pretende se calar diante de um governante que se comporta como um jagunço da pior espécie? E o Ministério Público, por que não se interessa em saber quantos moradores de favela já foram abatidos pelos snipers a soldo de Witzel? Ou os rapazes e moças bem-nascidos do MP só se interessam por investigações que possam comprometer o Partido dos Trabalhadores?
E a imprensa? Sabemos dos interesses a que servem os jornalões, Veja, Rede Globo e congêneres. Mas a cara de paisagem cúmplice que fazem diante do abandono da inteligência e da investigação em nome do incentivo a execuções cobre o jornalismo de vergonha. E quando Witzel for parar no banco dos réus (aqui ou para responder por crimes de lesa-humanidade no exterior, como prevê o jornalista Luis Nassif), onde enfiarão a cara os articulistas, editorialistas e âncoras a serviço dos barões da mídia?
Um completo sem noção, Witzel, que fez do governo do estado um picadeiro com direito à confecção de faixa exibicionista de governador, a sambar de forma desengonçada na Sapucaí sob as vaias do distinto público e a flexões de braço em locais públicos, já anuncia sua intenção de ser candidato a presidente da República. Daí a melancia sempre pendurada em seu pescoço.
Enquanto isso, o Rio segue no fundo do poço. Unidade da federação mais atingida pelo desemprego, não se ouve do governador, no entanto, um miserável esboço de projeto de geração de emprego e renda nem tampouco ações indutoras do estado no sentido de atrair investimentos produtivos. Suas entrevistas e declarações públicas são marcadas por um tom autoproclamatório que provoca constrangimento e vergonha alheia.
Há poucos meses no cargo, ele não se cansa, para tentar ocultar sua incompetência atroz, de repetir o mantra de que pegou um estado devastado pela ccorrupção.O problema é que este tipo de discurso tem prazo de validade. Encenar o personagem de gladiador na luta contra a criminalidade não o livrará do descrédito e da desmoralização. Quem viver verá.
PS : Nesta segunda-feira, 6 de maio, a política de extermínio de Witzel produziu mais oito mortos. Desta vez, na favela da Maré.
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