O que é a pós-verdade?

Hoje, as grandes agências de notícias do mundo fazem parte do esforço de guerra dos governos expansionistas

(Foto: Sputnik)


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O texto de hoje é  dedicado a minha interlocutora nesse facebook chamada Priscilla M.

Disse ela que as imagens de bombardeios patrocinados pelo governo russo sobre a Ucrânia é uma prova insofismável da agressão militar  de Putin contra  a população civil ucraniana. 

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Eu perguntei candidamente se ela acreditava naquelas imagens.

Já  faz algum tempo que os estudiosos da política e da propaganda popularizaram o termo "pos-verdade". Parece uma coisa para quem foi educado a partir da oposição entre mentira e verdade. Aí  lembrei-me daquela passagem do livro de George Orwell sobre o departamento da memória, onde se produz, se constrói a memória do passado, a partir da manipulação  das manchetes dos jornais. Isso na década  de 40 do século passado.

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Ora, hoje  - naquilo que se convencionou chamar de "pós-modernidade" -, essa engenhosa e astuta operação ficou milhões de vezes aperfeiçoada com os métodos de edição, colagem, superposição, justaposição de imagens, de lugares, pessoas e tempos variados. A "verdade" é  produto da edição  do repórter ou jornalista. É  obra dos estúdios dos meios de comunicação. É aquilo que o editor ou seu patrão querem provar. Só  quem não conhece a famosa "cultura do simulacro " não sabe que nós  vivemos uma espécie  de "videosfera" semelhante a caverna de Platão , sem o lado externo onde brilha reluzente a verdade. Faz muito tempo que  se descobriu a natureza do signo dessa sociedade  do simulacro. Chama-se " indicial" típico das linguagens usadas para a manipulação  de massas. Signos auto-referenciados, destituídos de toda e qualquer significação. 

Hoje, as grandes agências de notícias do mundo fazem parte do esforço de guerra dos governos expansionistas. Raros foram os correspondentes de guerra independentes e críticos  da guerra, como Hemingway  ou Malraux ou Maugham. Que deixaram obras primas  de denúncia sobre  os conflitos. O que temos são repórteres incrustados nas tropas de combate para escreverem o que for conveniente ou ordenado  pelos governos litigantes. 

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Não faria mal nenhum a essa russofobia de ocasião  ter um espírito mais crítico sobre o que se passa na história e suas representações discursivas e retóricas pelos meios de comunicação. 

Ps.  Branco não é preto. Guerra não é  paz ou luta pela liberdade.

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