O PT deve ser apeado do Poder

A bola da vez agora parece ser o ex-ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo. Já, já chega a vez de Dilma Rousseff. Ou de Lula. Ou de qualquer outro petista que ousar colocar a cabeça para fora da janela



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Esse parece ser a mais recente reedição do salve geral do jornobanditismo organizado: o Partido dos Trabalhadores deve ser apeado do poder a qualquer custo.

Daí o bombardeio diuturno na grande imprensa aos supostos “malfeitos” e erros do PT – e de seus correligionários. Mas só destes. Daí a ênfase no noticiário negativo. Quem botar a cabeça pra fora da janela leva porretada. Se não cair na primeira cacetada, segue-se um linchamento público. A bola da vez agora parece ser o ex-ministro Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São Paulo.

Já, já chega a vez de Dilma Rousseff. Ou de Lula. Ou de qualquer outro petista que ousar colocar a cabeça para fora da janela.

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Daí alguns colunistas já terem, apressada e despudoradamente, dado a letra, dado o tom do “salve”, da ordem unida: é preciso evitar a “hegemonia” do PT. Um até já se apressou em declarar e celebrar (?!) a “morte” do PT – trágico, não? Olhe que aos meus olhos e juízo, a aventada “vítima” dessa “morte matada” até que parecia gozar de boa saúde e, aparentemente, tinha um futuro promissor pela frente. Mas...

Mas que “hegemonia” seria essa? Talvez as pessoas com o mínimo bom senso tenham se esquecido de questionar: seria devido aos dois mandatos de Lula, seguidos do de Dilma?

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Seria esta a “hegemonia” aventada/suposta?

Mas e a “hegemonia” do PSDB em São Paulo, após 20 anos de seguidos governos tucanos? E a “hegemonia” do PSDB em Minas?

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Será que alguns desses “isentos” e “imparciais” jornalistas da imprensa mercantil já fizeram colunas, reportagens, ou mesmo uma singela matéria, escondida que fosse, em um pé de página do caderno de imóveis, nas quais se visualize um balanço minimamente meticuloso e honesto da situação da saúde, da educação, da habitação, da segurança e do transporte público no estado de São Paulo, por exemplo? Afinal, já se passaram 20 (vinte) anos! E em vinte anos alguma coisa já deveria ter melhorado em termos de políticas públicas em SP – não é mesmo? Sejamos honestos.

Ah, mas isso não interessa ao “jornobanditismo”. Para esses jornalistas “isentos” e “imparciais”, ao que parece, a “hegemonia” e “incompetência” a ser criticada e combatida é a do PT. Apenas isso. Será que é isso o que chamam de isenção e pluralismo no jornalismo?

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Esse parece ser afinal o “consenso de São Paulo” – e que ficará assim registrado na história que não é escrita pelos vitoriosos de sempre. São Paulo, cidade e estado onde está sitiada a parte mais conservadora e reacionária de nossa elite, onde estão “malocados” os grandes grupos mercantis de comunicação, mancomunados com certos grupos políticos, que já foram, justiça seja feita, subqualificados por alguns como o crime organizado do jornalismo brasileiro.

Em termos de política e jornalismo, parece que vivenciamos, nos dias que correm, uma espécie de “São Paulo-centrismo”[sic] ou “sãopaulismo”. Rastaquera. Patrimonialista. Hipócrita. Sabujo. Capataz. Anacrônico. Inescrupuloso. Caipira. Mas que “se acha”. Se acha moderno, cosmopolita, republicano.

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Diante do estado de conflagração que se encontra o Rio de Janeiro, tomado que foi, há décadas, pelo crime organizado, São Paulo e Minas Gerais parecem ter dado as mãos – de novo?! – para nos empurrar goela abaixo o requentado e intragável café com leite. Tem gosto para tudo.

Quanto ao citado Alexandre Padilha, já até o critiquei, de modo talvez prematuro/precipitado em artigo publicado aqui mesmo no Brasil 247, portanto sinto-me à vontade para agora fazer uma necessária ponderação à sua morte anunciada.

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É honesto avaliá-lo e criticá-lo na condição de candidato. Ok. Mas daí acusá-lo, precipitadamente, de envolvimento com doleiro indiciado por lavagem – suprapartidária – de dinheiro, e querer abater a candidatura do homem na largada, já é de uma desonestidade e injustiça que salta aos olhos.

Alguns jornalistas já se apressaram em plantar a notícia de que a candidatura do ex-ministro já estaria em xeque. Notem as manchetes dos dois grandes jornais paulistas: “Cúpula do PT mantém apoio a candidatura Padilha” e “Nem se cogita hipótese de Padilha não ser candidato, diz presidente do PT-SP”. Como assim?! Mal se veiculou a denúncia e já se questiona a candidatura?! Quem questionou?! O jornal?! O jornalista?! A cúpula do PT?!

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É um novo tipo de crise política à venda nas prateleiras da grande mídia, a “crise-instantânea” ou a “crise-Miojo”?! O marketing desse novo “produto” insinua-se eficaz e insidioso. Vai dar trabalho para os marqueteiros dos candidatos petistas nessas eleições.

Ou seja, bastou a notícia do suposto envolvimento de Padilha com o doleiro, forjada a partir do vazamento de uma mera citação ao seu nome [devida? indevida? caberia ponderar] numa conversa entre André Vargas e o doleiro, e já emendaram com o desejo, subliminar e inconfessável, da “ruína” de sua candidatura.

Porém, entre a realidade e o desejo de alguns, notadamente dos mais precipitados e os conservadores, há um abismo, uma distância abissal.

Ou seja: o gozo dos que agora se regozijam com o desejado fim da candidatura Padilha, do PT ou do petismo, pode ser precoce.

E, vale observar, assim como a realidade que nos cerca, há mais de uma maneira de se ler, e, portanto, interpretar o título deste artigo: o PT deve ser apeado do Poder. O vocábulo “deve”, aqui utilizado, tanto pode sugerir a manifestação de uma ordem, de um comando, como a mera expressão de um desejo, de uma vontade.

Deve o PT ser apeado do Poder?

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