O protagonismo da universidade e comunicação públicas em tempos pandêmicos
Tratadas como espaços de acomodação, improdutivas e incubadoras de ideologias liberticidas, as universidades públicas e muitas das TVs e Rádios públicas têm dado exemplos mais do que significativos da sua centralidade, não apenas no combate à pandemia da Covid-19, mas na elaboração de um projeto de Nação
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Universidade e comunicação públicas têm em comum o mesmo compromisso com o (que me perdoem a redundância!) bem comum. O problema é que, no Brasil de JM Bolsonaro, tudo aquilo que cheire a bem comum é tratado de maneira persecutória – que o digam as universidades públicas federais e a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), duramente atacadas desde o governo de Michel Temer.
Tratadas como espaços de acomodação, improdutivas e incubadoras de ideologias liberticidas ultrapassadas por figuras abjetas como os ministros da educação e das relações exteriores, além do próprio presidente da república que os comanda, as universidades públicas e muitas das TVs e Rádios públicas, aí inclusas as TVs e Rádios Universitárias, têm dado exemplos mais do que significativos da sua centralidade, não apenas no combate à pandemia da Covid-19, mas na elaboração de um projeto de Nação que reconstrua os destroços que serão deixados como principal legado histórico da experiência desastrosa iniciada em 1º de janeiro de 2019. Não tenho dúvidas de que a tragédia imposta pela pandemia da Covid-19 abriu, inesperadamente, uma janela de oportunidade para a revalorização da centralidade das universidades públicas como lócus legítimo de produção de conhecimento científico, e da comunicação pública como espaço apropriado de difusão de informações de maneira crítica. Para além dos governos estaduais – particularmente aqueles da região Nordeste, que largaram na frente da “rebelião” contra o insano governo federal com a criação do Consórcio Nordeste -, o que pode ser explicitamente constatado no dia-a-dia do enfrentamento à pandemia da Covid-19 é a recuperação do protagonismo do conjunto de professores e pesquisadores que constroem coletivamente a ciência brasileira no interior das universidades públicas federais (e estaduais, é claro), bem como dos profissionais de comunicação que atuam em instituições públicas, não obstante a distância abissal existente em relação aos órgãos midiáticos corporativos em termos financeiros. Para aqueles que imaginam as universidades e emissoras de comunicação públicas (bem como tudo aquilo que tenha natureza pública) como espaços caracterizados por uma lentidão mastodôntica, ao contrário do velocíssimo “Deus Mercado”, gostaria de dar aqui um testemunho pessoal da rapidez do engajamento do conjunto de profissionais que fazem ciência e comunicação em instituições públicas, nesse contexto hiper-real da pandemia da Covid-19. Tendo passado cerca de trinta anos da minha vida dentro de universidades públicas (seja como estudante de graduação e de pós-graduação, seja como docente), posso afirmar que presencio hoje a maior movimentação de iniciativas acadêmicas qualificadas, das mais diversas áreas do saber, direcionadas para um mesmo objetivo – isso, pasmem, num momento em que as atividades acadêmicas encontram-se oficialmente suspensas. Quando pudermos olhar para a pandemia da Covid-19 pelo espelho retrovisor, torço para que experiências coletivas e aglutinadoras – como a que reuniu três emissoras públicas do estado de Pernambuco (TVU da UFPE, TVPE e TV ALEPE) a fim de transmitir aulas em regime excepcional para os estudantes do ensino médio, preparadas pela Secretaria Estadual de Educação – sejam mantidas e aprofundadas, e aqui retorno ao início do presente artigo, em nome do bem comum.
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