O príncipe canalhocrata e a escravidão que nunca deveria ter sido abolida

Luiz Philippe de Orleans e Bragança
Luiz Philippe de Orleans e Bragança (Foto: Reprodução/Instagram)


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A foto que ilustra esse artigo mostra um canalha escravocrata sentado no trono da sua canalhice monárquica, olhando perdidamente para o passado e sentindo saudades do tempo em que sua família podia escravizar seres humanos sem ser responsabilizada criminalmente por isso. Luiz Philippe de Orleans e Bragança, deputado federal pelo PL–SP, que se apresenta como o 1º na linha sucessória ao trono brasileiro (risos ad eternum), está a colher assinaturas entre os seus colegas parlamentares, para tentar aprovar no Congresso Nacional uma PEC que visa extinguir o Ministério Público do Trabalho (MPT) e todas as cortes de Justiça trabalhistas, como as varas do Trabalho, os Tribunais Regionais do Trabalho (TRTs) e o Tribunal Superior do Trabalho (TST). Não! Você não leu errado.

O canalhocrata em questão, como bem o definiria o saudoso Bezerra da Silva, é o mesmo que em 2019, quando ainda era filiado ao PSL, durante uma sessão solene na Câmara onde se comemorava os 131 anos da assinatura da Lei Áurea, subiu à tribuna para relativizar a escravização comercial praticada por seus ancestrais e dizer que “a escravidão faz parte da condição humana. ” O então orador ainda seguiu com seu discurso relativista explicando que houve “escravidão de atenienses e espartanos, entre os povos asiáticos, entre tribos africanas. Das tribos indígenas umas com as outras. Independente de raça, mas entre si. ” Uma prova de que ele deveria estar brincando de escravizar os amiguinhos durante as aulas de história. Do contrário, saberia a diferença entre escravidão mercantil e tribal.

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Parece que as vaias com que foi agraciado durante e após essa sua fala, não fez com que o “príncipe” se regenerasse e se envergonhasse da ideologia escravocrata que caracterizava o seu discurso. Isto porque a questão é muito mais complexa e está ligada a essência do ser euro e egocêntrico que forma o caráter e a personalidade do herdeiro da coroa portuguesa. No popular, podemos dizer que o sujeito não vale o trono em que defeca. Porém, ele não está só. Outros 65 parlamentares se uniram a ele e já assinaram a proposta de revogação da Lei Áurea. A maioria destes, para a surpresa de quase ninguém, são dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde, coincidentemente, ocorreram os mais recentes e absurdos casos de trabalho análogo à escravidão.

Também se aliam ao “príncipe” nesse projeto de missão expedicionária e neocolonialista, parlamentares integrantes das bancadas da Bíblia, a chamada bancada evangélica, da bancada da bala e da bancada do boi. Entre eles, o Delegado Alexandre Ramagem, o mesmo que Jair Bolsonaro tentou emplacar como chefe da Polícia Federal para blindar os seus filhos delinquentes, e o pastor Marco Feliciano, o parlamentar dos dentes avaliados em R $157 mil e que foram pagos com dinheiro público. Sobre Feliciano, nunca é demais lembrar que ele faz parte da nata podre do “evangelismo” brasileiro. Um pilantra com raros precedentes de sordidez e canalhice em nome de Jesus, capaz de levar a própria filha ao altar de sua “igreja” e fazê-la mentir e dizer que Jesus mandou um fiel lhe dar um carro de presente de aniversário, pois o seu pai não tinha dinheiro para dar tal presente a filha. Se tivesse vendido os dentes teria resolvido o problema.

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A senzala ideológica construída por lideranças políticas evangélicas no país e onde, infelizmente, os mais pobres e, mais infelizmente ainda, muitos pretos e pretas deixam suas mentes serem escravizadas por um “evangelho” que só traz boas notícias para os charlatões que o propaga, pode fazer com que esse projeto de escravização legal seja aceito por muitos como a vontade do senhor. Do senhor de engenho, com certeza. O que o deputado autointitulado príncipe está fazendo é apologia à escravização e ele tem, por uma questão de ordem, de ética e de vergonha na cara por parte da sociedade brasileira, que ser levado ao conselho de ética da câmara e ter o seu mandato cassado. A sua proposta pode ser equiparada a de um parlamentar alemão que tente descriminalizar o nazismo e proponha impedir o combate à ideologia que dizimou milhões de judeus.

A “reforma geral do Judiciário brasileiro”, como o deputado intitula o seu projeto, é mais uma tentativa da extrema direita em estabelecer uma ditadura no país, uma vez que a famigerada PEC aumentaria as competências da Justiça Militar, que passaria a julgar crimes contra a soberania nacional, assim como a violação da integridade territorial, terrorismo, espionagem, crime de lesa-pátria e de guerra, além de manifestações civis que fossem consideradas uma ameaça ao estado. Passaria para as mãos do Congresso Nacional a responsabilidade de acabar com a fiscalização ao trabalho análogo à escravidão e dificultar a punição aos exploradores ilegais de mão de mão obra. Num Congresso repleto de parlamentares ruralistas, fazendeiros e proprietários de terras movidas a mão de obra dos mais pobres, a tentação seria grande. Só não deveria ser maior do que uma forte reação popular a essa patifaria toda. Pois estaremos assinando um atestado de bundamolismo patriótico, se não reagirmos e colocarmos o deputado príncipe e sua corte de canalhas em seus devidos lugares.

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A monarquia foi extinta no Brasil em 1889, mas talvez tenha ficado devendo, como na revolução francesa, uma bastilha e uma guilhotina para impedir que sobrassem herdeiros da realeza capazes de tentar reeditar a escravidão no país. O último país a abolir a escravatura mostra que parte da sua elite nunca se conformou em abrir mão dos africanos que lhes serviram por quase 400 anos. Essa nova afronta real ao povo brasileiro tem o som de chicote estalando no lombo do trabalhador, tem cheiro de sangue, tem gosto de dor. Príncipe de cool is roll. Fogo nos escravocratas! Fogo!

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