O pretexto de Luiz Fux para esmagar a internet em favor do monopólio da notícia
Não é apenas de militares e de seus fâmulos que vem o apelo profundo, na sociedade brasileira, por uma ditadura. Vem principalmente de civis politicamente degenerados, como é o caso deste ministro do Supremo, Luiz Fux, defendendo abertamente a censura à internet a pretexto de combater as fake news
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Não é apenas de militares e de seus fâmulos que vem o apelo profundo, na sociedade brasileira, por uma ditadura. Vem principalmente de civis politicamente degenerados, como é o caso deste ministro do Supremo, Luiz Fux, defendendo abertamente a censura à internet a pretexto de combater as fake news. O que se esconde por trás do recente discurso do ministro nesse sentido é o servilismo absoluto à grande mídia, especialmente à TV Globo e aos outros dois jornalões do oligopólio da imprensa escrita, incomodados com o fato de que suas fake news, esta sim, sejam submetidas ao escrutínio de blogs, sites, face books, twetters.
O ministro arrolou como aliados na sua guerra sagrada contra as fake news a própria grande imprensa e os partidos políticos. É o caso de chamar todos os bandidos bem sucedidos do país a integrar uma força tarefa contra o crime. Se sua afirmação na palestra é um indício de decisões futuras do Supremo Tribunal Federal, é o caso de se promover o fechamento imediato desse tribunal em nome da verdadeira liberdade de imprensa garantida pela Constituição. Não há dúvida de que fake news incomodam leitores inocentes. Entretanto, não se joga o bebê pela janela junto com a água suja do balde.
A internet livre é a única defesa do cidadão contra a manipulação da grande mídia, especialmente entre nós. No caso da Globo, uma virtual monopolista da informação no Brasil, estamos todos sujeitos a manobras políticas de interesse da empresa e contrárias ao interesse público. Veja esse fenômeno de circo que criou sob a rubrica de "que futuro você quer para o Brasil?": milhares de cidadãos bem intencionados mandam seus vídeos para a emissora, que, sem controle externo, escolhe aqueles que quer por em circulação. Naturalmente, não mexem no conteúdo. Mas simplesmente escolhem os conteúdos que interessam.
No sistema Globo, pela minha experiência pessoal, nem sempre foi assim. Escrevi uma coluna de economia política no Globo por quase um ano. Nunca recebi qualquer ordem ou recomendação de Roberto Marinho para abordar ou deixar de abordar qualquer tema. Não tive contato pessoal com os herdeiros, exceto uma breve conversa com o que me parecia ser o mais bem preparado dos três. Entretanto, pelo que o jornal e tevê põem em circulação, simplesmente deformaram o sentido que Roberto Marinho tinha da notícia - tanto que gostava de ser chamado de jornalista, não de doutor, como faziam os puxa-sacos.
Em algum momento, em futuro que espero não muito distante, a estrutura do sistema de comunicação no Brasil deve ser reformada. Será uma reforma mais importante que a reforma política. E não passa absolutamente pela introdução da censura. Basta copiar o sistema norte-americano, no qual jornal não pode ser dono de tevê ou rádio, tevê não pode ser dona de jornal ou rádio, e rádio não pode ser dono de jornal ou tevê. Isso entre nós será pouco traumático, já que o sistema Globo tem três herdeiros, podendo cada um assumir a sua parte. Algo assim aconteceu na reforma da mídia argentina, com maior traumatismo.
Essa estruturação não é um capricho. Na verdade, é conseqüência do gigantismo do sistema Globo, originalmente pela competência e habilidade de Roberto Marinho de ocupar um espaço não regulamentado. Houve nesse processo situações que ilustram bem os riscos do monopólio. O Jornal do Brasil era, de longe, até os anos 70, o principal jornal de opinião do Brasil, bm à frente do Globo. Mas o Globo tinha televisão, e pela propaganda na tevê abocanhou a principal fonte de recursos do JB, o pequeno anúncio. Desde então o Globo avançou e o Jornal do Brasil decaiu até acabar – e ser ressuscitado agora num novo formato.
De forma sutil, a tevê Globo promove o "seu" jornal selecionando (ou ignorando) a repercussão das "notícias" que saem nele próprio e em seus concorrentes. Com isso esmaga a concorrência, e apenas não a mata por completo, no jornalismo, porque Estadão e Folha de S.Paulo ainda conseguem ser estruturas fortes. No caso das televisões, a Record é um empreendimento financeiro-religioso. Já Bandeirantes e Sílvio Santos partilham o medo ou a incompetência para concorrerem com a Globo. A solução portanto é simples: colocar os Marinho, herdeiros do único competente no jogo, a concorrerem uns contra os outros. E com isso estará criado um mercado concorrencial de notícia, em total
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