“O presidente está de mãos amarradas”: Olavo usa argumento de Getúlio para decretar Estado Novo
"A imprensa deu destaque a um trecho da declaração de ontem de Olavo de Carvalho, o Rasputin de Bolsonaro a respeito do governo em que manda e desmanda, diretamente de Virginia, EUA: 'Não precisa mudar nada para ficar mal, é só continuar isso, mais seis meses e acabou'", reforça Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia; "Não há dúvida que Olavo está colaborando para criar um clima de caos que justifique alguma coisa" no sentido de mudar o jeito de governo, "que o vice Mourão já chamou, em entrevista à Globo News, de 'autogolpe'"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
A imprensa deu destaque a um trecho da declaração de ontem de Olavo de Carvalho, o Rasputin de Bolsonaro a respeito do governo em que manda e desmanda, diretamente de Virginia, EUA: “Não precisa mudar nada para ficar mal, é só continuar isso, mais seis meses e acabou”.
O que dá entender que ele está desapontado e prevendo ou mesmo torcendo para que o governo Bolsonaro se exploda.
Mas a frase precedente dá ensejo a uma outra interpretação: “O presidente está de mãos amarradas”. Ou seja: do jeito que está o presidente não consegue governar; é preciso mudar o “jeito”.
Foi mais ou menos o que disse Getúlio Vargas ao decretar o Estado Novo, a 11 de novembro de 1937: que não conseguia governar a contento porque a situação no país era de caos e ele estava amarrado pela constituição:
“Quando as competições políticas ameaçam degenerar em guerra civil é sinal de que o regime constitucional perdeu o seu valor prático, subsistindo apenas como abstração. A tanto havia chegado o país. A complicada máquina de que dispunha para governar-se não funcionava. Não existiam órgãos apropriados através dos quais pudesse exprimir os pronunciamentos da sua inteligência e os decretos de sua vontade”.
Para “melhor governar”, Getúlio extinguiu os partidos políticos, fechou o Congresso Nacional, prendeu opositores, instalou a censura na imprensa e nas artes e assim pôde queimar livros, torturar e acabar com todos os direitos civis, o que era facultado pela nova constituição, escrita por Francisco Campos e não por deputados constituintes.
Não há dúvida que Olavo está colaborando para criar um clima de caos que justifique alguma coisa nesse sentido, que o vice Mourão já chamou, em entrevista à Globo News, de “autogolpe”.
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