O prêmio Vladimir Herzog
Fui um dos primeiros chargistas a publicar e divulgar a ‘charge continuada’ no Facebook, logo depois que, em 14 de junho de 2020, Aroeira publicou a charge no site ‘Brasil 247’
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“Neste mês de outubro, completa 46 anos do assassinato do jornalista Vladimir Herzog, símbolo da luta contra a ditadura militar.”
O Facebook publicou, dia desses, na minha 'timeline', a charge que fiz em outubro de 2020, para o movimento dos chargistas em defesa do cartunista Renato Aroeira - movimento que ficou conhecido como ‘Charge Continuada’.
Fui um dos primeiros chargistas a publicar e divulgar a ‘charge continuada’ no Facebook, logo depois que, em 14 de junho de 2020, Aroeira publicou a charge no site ‘Brasil 247’, onde eu também escrevo.
A charge com o título "Crime continuado" trazia uma cruz vermelha (como referência a hospitais e demais serviços de saúde) com as extremidades pintadas com tinta preta de modo a formar uma suástica. À direita desta cruz, o presidente Jair Bolsonaro é mostrado com um pincel e uma lata de tinta preta dizendo "Bora invadir outro?".
A charge fazia referência à fala de Bolsonaro no qual pedia a seus seguidores que invadissem e filmassem o interior de hospitais públicos para averiguar se os leitos de emergência estariam sendo realmente utilizados por pacientes de Covid-19 durante a pandemia.
No entanto, não sei por que cargas d 'água, meu nome não constou na relação dos 109 chargistas que inscreveram trabalhos relacionados ao movimento no "Prêmio Destaque Vladimir Herzog Continuado", especialmente criado para homenagear Aroeira e o movimento "Charge Continuada".
Devo ter publicado ou enviado para o local errado ou - quem sabe - fora do prazo. Mas não é isso que importa. Também me sinto laureado. O mais importante foi estar entre os profissionais e veículos de comunicação que lutaram contra a tentativa de censura ao chargista e na defesa da democracia, da cidadania e dos direitos humanos e sociais.
Como jornalista, foi muito importante participar de um prêmio com o apoio de instituições como a associação internacional ‘Cartooning for Peace’, a ‘Associação Brasileira de Imprensa’, a ‘Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo’ e a ‘Associação Nacional de Jornais’, entre outras. E, especialmente, participar de um prêmio com o nome do jornalista Vladimir Herzog.
Vladimir Herzog, ou simplesmente Vlado, como era carinhosamente chamado por seus pares, foi um jornalista, professor e cineasta brasileiro, torturado e morto pela ditadura militar, no dia 25 de outubro de 1975.
O crime aconteceu após ele ter se apresentado, de forma voluntária (no dia 24) para prestar esclarecimentos no Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Sofreu torturas e, no dia seguinte, foi morto.
Herzog nasceu em 27 de junho de 1937, na cidade de Osijek, na Croácia (na época, parte da Iugoslávia), morou na Itália e emigrou para o Brasil com os pais em 1942. Foi criado em São Paulo onde naturalizou-se brasileiro.
Estudou Filosofia na Universidade de São Paulo (USP) e iniciou a carreira de jornalista em 1959, no jornal ‘O Estado de S. Paulo’. Nessa época, achou que seu nome de batismo, Vlado, não soava bem no Brasil e decidiu passar a assinar como Vladimir. Herzog trabalhou ainda em grandes veículos da imprensa nacional e internacional, como a ‘BBC’, de Londres, a ‘Revista Visão’ e a TV Cultura, entre outros.
Na época da morte, houve muita comoção social, principalmente entre profissionais da área - como Audálio Dantas, Juca Kfouri, Fernando Pacheco Jordão - e do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que lutaram muito para que a versão do suicídio forjada pelos militares não prevalecesse.
No início da década de 60, casou-se com Clarice Herzog que lutou incansávelmente por justiça e pela responsabilização do Estado brasileiro por sua prisão, tortura e assassinato.
Em 1978 a Justiça brasileira condenou a União pela prisão ilegal, tortura e morte de Vladimir Herzog. Em 1996, a Comissão Especial dos Desaparecidos Políticos reconheceu oficialmente que ele foi assassinado e concedeu uma indenização à sua família.
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