O pragmatismo do voto
O discurso do voto é feito de quatro em quatro anos, sem que as bases se comuniquem com o eleitor, e a falta de representação é gritante
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Há pouco tempo o Ministro Marco Aurélio convocou a população a exercer plena cidadania nas urnas. Com essa posição emblemática, cogitou dissuadir os movimentos de rua e reformar paulatinamente o cenário da realidade.
Enaltecida a ideia, temos alguns contratempos, o voto é obrigatório, as candidaturas se fazem dentro do partido, e não com respaldo na escolha da sociedade civil e, além disso, nunca saberemos ao certo se o voto eletrônico é integralmente seguro.
A extensão territorial do País já permitiu, antes e depois da República velha, várias revoluções, as quais desaguaram em mortes ou divisões.
Não podemos nos esquecer da revolução de 1932, nela São Paulo buscou sua independência e se libertar do País, sem sucesso, donde surgiu o MMDC, os mártires mortos no embate.
O presidente uruguaio Mujica, que dentro de poucos meses deixa o cargo, em entrevista manifestou seu desejou da união e unificação dos países latino-americanos, e criticou dura e enfaticamente a burguesia industrial paulista como responsável pelo retrocesso experimentado.
A presença dele no cenário local e, principalmente, no internacional, tem feito a diferença, seria um novo MMDC (Mais Mujica Democracia Consolidada).
Explicamos.
Revolucionário e adepto da simplicidade e humildade, sai do poder tal qual entrou, morando distante da capital Montevidéu e desapegado completamente dos bens materiais, muito diferente da maioria da classe política, em particular, aquela brasileira.
As diferenças sociais hoje campeiam e os programas abraçados pelo governo não foram capazes de encurtar as distâncias ou ministrar o mínimo aspecto ligado à distribuição de renda.
Formamos uma economia sólida, se houver mecanismo jurídico seguro, da estabilidade do contrato e das premissas das parcerias e concessões públicas, com diretrizes bem estabelecidas e transparentes.
Faltam-nos a boa e livre concorrência, uma vez que as agências reguladoras não funcionam e os cartéis primam em abusar dos preços, ou de imposições desgastantes ao consumidor, também as concessionárias de serviços públicos, as quais otimizam as reclamações e incrementam seus lucros, por meio de preços sempre destoantes do mercado.
Feito o paralelismo daquilo que se cobra fora, e aqui temos um divisor de águas bem nítido e totalmente identificado, não é apenas a carga tributária responsável, mas diversos fatores, logística, transporte rodoviário, falta do multimodal, pedágios e o encarecimento da mão de obra.
Em Liepzig, na Alemanha, a BMW monta uma planta industrial para a linha de automotores, contendo mais de mil robôs, e a interferência humana mínima, quase zero.
O discurso do voto é feito de quatro em quatro anos, sem que as bases se comuniquem com o eleitor, e a falta de representação é gritante, o modelo parlamentar talvez pudesse ser viável, o voto distrital, mas, simples e puramente, os entornos dos acordos demonstram que não há um profissionalismo peculiar ao cargo.
Misturam-se atletas do passado, religiosos de algumas seitas e outros que se tornaram conhecidos de alguma forma.
Não é assim, verdadeiramente, que se faz política, precisamos de seriedade e pessoas que tenham a mínima noção do que dizem ou fazem, tanto assim que a maioria dos eleitos cai na vala comum do baixo clero e, depois de quatro anos, não tem sequer um projeto de lei aprovado.
Bem antes de tudo, é fundamental uma reforma político partidária, e o término, em definitivo, dos partidos de aluguel, das alianças espúrias e do fisiologismo, assim, enquanto o político não perceber que sua eleição é feita para a população e não para seus próprios interesses, o voto obrigatório, útil e inútil, considerar-se-á uma ferramenta dissonante das democracias civilizadas e de primeiro mundo.
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