O PIB manipulado para enganar o povo e amansar o Congresso

O fato é que, se a economia crescesse, seria realmente um milagre. A economia responde a estímulos da política econômica, e não existe nenhum no horizonte. Temer e Meirelles renunciaram a utilização do setor público para favorecer a expansão da economia. Sua obstinação é cortar

Brasília - O da Fazenda, Henrique Meirelles, durante coletiva após reunião ministerial, no Palácio do Planalto (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Brasília - O da Fazenda, Henrique Meirelles, durante coletiva após reunião ministerial, no Palácio do Planalto (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) (Foto: Jose Carlos de Assis)


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Se não mudarem entre nós o sistema de contabilidade nacional usado em todo o planeta, caminhamos para o terceiro ano sucessivo de contração econômica. Os prognósticos de crescimento feitos por Michel Temer e Henrique Meirelles são falsos. Visam a manipular o Congresso Nacional, aproveitando-se de uma ignorância cavalar em economia da maioria dos parlamentares que engolem com naturalidade as mentiras oficiais. Claro, em algum momento no futuro virá a verdade. Não importa. O estupro legislativo já terá passado.

Em termos objetivos, não temos sinalização efetiva de crescimento este ano. Para que uma economia se expanda é necessário que haja expansão do consumo, do investimento, do gasto público e do excedente comercial. Ora, o consumo, a despeito de uma flutuação no último trimestre, está estagnado. O investimento continua desabando. É o caso também do gasto público, contido deliberadamente pelo governo. O superávit comercial, constituído basicamente de commodities agrícolas, terá de absorver as deficiências de infraestrutura.

No máximo, neste ano, teremos estagnação. Isso porque, em termos quantitativos, não há como uma economia crescer de forma virtuosa se o investimento e o gasto público desabam. Mesmo que haja algum crescimento de consumo e do setor externo, não será suficiente para compensar a queda dos dois primeiros. Isso, obviamente, não será problema para Temer num ano eleitoral. Ele dirá que o crescimento e a redução do desemprego está ali mesmo, na esquina, provavelmente em 2019. O candidatos da base que se virem.

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O fato é que, se a economia crescesse, seria realmente um milagre. A economia responde a estímulos da política econômica, e não existe nenhum no horizonte. Temer e Meirelles renunciaram a utilização do setor público para favorecer a expansão da economia. Sua obstinação é cortar. Cortar em gastos sociais, cortar em investimentos de infraestrutura, cortar em ciência e tecnologia. Nesse ambiente, não havendo gastos compensatórios, é certa a contração da economia na forma de uma depressão sem paralelo.

Semanas atrás participei de uma reunião informal com senadores do PMDB. Pediram-me para fazer uma avaliação da situação econômica. Fiz o que pude. Curiosamente, todos concordaram comigo que os prognósticos de Meirelles eram uma falácia. O problema é que, assim como parlamentares de outros partidos, já sentem o comichão da derrota eleitoral no ano que vem. Pelo menos um deles já pulou fora da base do governo. Acho que os outros esperam uma oportunidade, ligeiramente na torcida para que as coisas mudem.

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Se a sociedade perceber a tempo esse jogo de mistificação, cujo propósito real é destruir o setor público e ampliar o espaço de especulação do setor privado na economia e na sociedade, poderemos evitar algumas barbaridades legislativa neste ano e ir à forra no próximo. O caminho mais curto seria a formação de uma consciência nacional a favor do referendo revogatório proposto pelo senador Roberto Requião, pelo qual, se a sociedade assim o entender, todas as medidas anti-nacionais e anti-povo baixadas por Temer e aprovadas por um Congresso desacreditado seriam anuladas.

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