O perigo do plano "Política Nacional de Longo Prazo" de Bolsonaro

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ABr)


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No segundo semestre de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro e seus aliados militares estavam preparando um documento intitulado “Política Nacional de Longo Prazo”. Em suas 65 páginas, às quais a revista Piauí teve acesso, o plano não citava o combate a fome, nem políticas para mulheres, negros ou indígenas.  

A intenção de parte dos militares não era somente vencer as eleições presidenciais, mas se perpetuarem no poder através do governo de seu fantoche, Jair.

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Seriam 36 anos, nove mandatos consecutivos, pelo menos.

Mas, caro leitor, não pense que para isso Bolsonaro teria que vencer nove eleições consecutivas. A ideia era, já no segundo mandato, apresentar projeto de lei em uma Câmara majoritariamente bolsonarista, de continuidade no poder, baseado na tal ameaça comunista que só o capitão teria força para enfrentar, na ameaça da ideologia de gênero que transforma nossos jovens em trans e na vontade de Deus. O projeto poderia ser aprovado.

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A certeza de vitória de seu Jair e de seus comparsas nas eleições de 2022 era tão grande que até um plano de governo de longo prazo elaboraram, vejam só.

Para isso, não mediram esforços. Bilhões de reais de dinheiro público foram gastos com motociatas, cartões corporativos, orçamento secreto em redutos eleitorais, etc. Não hesitaram em mobilizar a Polícia Rodoviária Federal para impedir eleitores de Lula a votar. Um vale-tudo que pode custar a inelegibilidade do capitão por oito anos.

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Apesar de todo esse escândalo, Bolsonaro não venceu.

Lula venceu e, logo que começou a governar, revelou ao Brasil e ao mundo o genocídio que vinha sendo cometido contra os Yanomami. Se Jair vencesse, certamente, já neste ano os Yanomami poderiam estar em franco processo de extinção. Ao longo de nove mandatos, não só eles, mas todas as etnias indígenas poderiam não mais existir, com o garimpo ilegal tomando todas as reservas. Era um programa de governo.

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O governo Lula descobriu também que não foi deixado dinheiro para combate a tragédias. Foi preciso grande mobilização de recursos para tentar minimizar a dor e o sofrimento do povo pobre do litoral norte. Se reeleito, Bolsonaro estaria passeando de jet-ski enquanto as enchentes aconteciam.

Agora descobriu-se que o capitão tentou por nove vezes recuperar joias no valor de 16,5 milhões de reais que ficaram retidas na alfândega quando do retorno do então ministro Bento Albuquerque da Arábia Saudita.

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Essas joias teriam sido um presente do país e deveriam passar a integrar o acervo da presidência da República, mas Bolsonaro entendeu que deveriam pertencer a ele.

Dois dias antes de fugir para os Estados Unidos, Jair empreendeu sua última tentativa de roubo de patrimônio público, mas não conseguiu êxito.

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Outro estojo, porém, conseguiu passar pela alfândega e se encontra no poder do capitão, possivelmente em Orlando.

Trata-se, portanto, de pilhagem feita por um presidente da República. E isso é crime gravíssimo.

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Como todo o staff de governo tinha a mais absoluta certeza de reeleição, esse escândalo pode ser apenas a unha de um elefante. Agora que o capitão perdeu o poder, é bem possível que muitos outros casos semelhantes venham à tona.

O método de seu Jair faturar nunca foi o tradicional dos que ocupam o poder executivo, as fraudes nas licitações e o atendimento à grandes empresas. A gatunagem e a pressão são alguns dos métodos típicos das milícias e, por que não dizer, das máfias.

O Brasil se salvou de sua quase extinção, pois, caso a tal Política Nacional de Longo Prazo fosse implementada após a reeleição de Bolsonaro, certamente teríamos uma gatunagem oficializada como nunca se viu.

É imperioso agora que haja punição severa contra essa corrupção oficializada para que nunca mais volte a acontecer.  

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