O partido da mídia e o novo lacerdismo
Em 2014, os argumentos se repetem, desta vez contra a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, pelos lacerdas de plantão: Merval Pereira, Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo, para citar alguns deles
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Muda o cenário, mudam os protagonistas, mas o discurso continua lá. A receita não varia: coloque em frases bem exaltadas alguns dados manipulados, uma boa porção de denuncismo eleitoreiro e insinuações paranóicas sobre o fim da liberdade, da moral, da família ou de qualquer outra coisa que faça o povo tremer. Acenda o fogo, e deixe ferver.
Esta técnica, provavelmente, nasceu com o guru de Hitler na área das comunicações, Joseph Goebbels. No Brasil, a partir dos anos 50, ficou conhecida como lacerdismo, numa alusão a seu principal difusor, Carlos Lacerda – jornalista, dono de jornal, amigo de Assis Chateaubriant e da família Marinho, e defensor ferrenho da entrega do Brasil ao capital estrangeiro.
Para derrubar Getúlio Vargas da Presidência da República, Lacerda alardeava em seu jornal,Tribuna da Imprensa, que o Brasil precisava rasgar sua Constituição e implantar um “golpe pela democracia’. Representante da direita alinhada à União Democrática Nacional (UDN), o jornalista usava o melhor de sua retórica para defender a não-intervenção do Estado na economia e nas relações de trabalho, e para abominar programas sociais e políticas públicas de distribuição de renda.
Hoje, sabe-se que muitas das crises que fragilizaram o país nos anos 50-60, e culminaram com o golpe militar, existiram apenas nas fabulações de Carlos Lacerda e seus aprendizes, transmitidas por rádio e pelos grandes jornais da época. Apesar disso, a receita se repete, principalmente neste período de eleições – e agora também nas redes sociais. Ao que parece, apesar de sempre muito indigesta, ela não pode faltar na culinária das oligarquias da comunicação.
Vamos voltar algumas décadas no tempo. Em 1975, o jornalista Vladimir Herzog foi morto em decorrência de denúncias paranóicas que o taxavam de comunista. O acusador era outro jornalista, Claudio Marques, da TV Bandeirantes, que simplesmente invejava o posto de direção do colega na TV Cultura.
Em 1989, denúncias infundadas sobre a vida pessoal de Lula e uma construção de marketing levaram à presidência Fernando Collor de Mello, pintado nas telinhas como o moço bonito, bem vestido, rico e muito bem falante.
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