O Papa tem lado no Brasil: é Lula

Mauro Lopes apresenta os detalhes e bastidores ao redor da carta do Papa a Lula; Francisco primei mandou um terço, depois um bilhete, agora enviou uma carta: "O povo brasileiro sabe que o Papa tem lado no Brasil. Como escreveu Francisco na carta, seu lado é na 'defesa dos direitos dos mais pobres e desfavorecidos dessa nobre nação'. Seu lado é com Lula"

O Papa tem lado no Brasil: é Lula
O Papa tem lado no Brasil: é Lula (Foto: PT)


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Por Mauro Lopes, editor do 247 e do Jornalistas pela Democracia - A histórica carta do Papa a Lula que veio à luz nesta quarta, 29 de maio, é a explicitação cabal de algo que a direita brasileira, os católicos fundamentalistas, conservadores e mesmo moderados e a mídia das elites tentaram esconder e de tudo fizeram para deturpar: Francisco tem lado na situação do país. E seu lado é o de Lula. O maior líder do planeta está ombro a ombro com o maior líder da história do Brasil e um dos maiores do mundo.

O tom da carta é de intimidade, amizade; o Papa menciona as mortes de Marisa Letícia, do irmão Genival e do neto Artur. A solidariedade ativa fala em "duras  provas", como a perda de alguns dos mais queridos de Lula. Francisco não dedica-se apenas à dimensão da dimensão mais íntima de Lula -o que por si só é prova de sua proximidade.

É igualmente um olhar para o Brasil e o mundo. O Papa menciona o "contexto sócio-político brasileiro" e, num trecho de especial significado, confronta a visão da direita e da extrema-direita, que condenam a atividade política enquanto dela se aproveitam para esmagar os povos, e aponta para dignidade do fazer político: "a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for implementada no respeito fundamental pela vida, liberdade e dignidade das pessoas".

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É tudo muito forte e recheado de significado. Buscando animar Lula, isolado em sua solitária em Curitiba como preso político mais emblemático dos tempos da impiedade dos Bannon, Trump e Bolsonaro, Francisco conclui um dos parágrafos com três frases pontuadas pelo verbo "vencer": "o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e salvação vencerá a condenação" -ouça a carta do Papa, lida em voz alta, é emocionante: aqui.  

Não é mera coincidência que a expressão "A VERDADE VENCERÁ" seja o título do livro de Lula lançado pouco antes de sua prisão em 7 de abril de 2018 - "Luiz Inácio Lula da Silva - a verdade vencerá; o povo sabe por que me condenam" (tive a honra de editar este livro lançado pela Editora Boitempo em março de 2018). O Papa tem o livro de Lula. Recebeu-o das mãos do embaixador Celso Amorim em agosto passado -veja na foto que ilustra este breve artigo. 

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Na ocasião, mandou um breve bilhete manuscrito a Lula, abençoando-o e pedindo as orações do preso político para ele, o Papa -o que Francisco fez novamente.

A carta é o terceiro gesto explícito do Papa na direção de Lula.

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O primeiro deles aconteceu em 11 de junho passado. Francisco enviou a Lula um terço abençoado por ele e uma mensagem pessoal, levada até Curitiba por Juan Grabois, assessor do Vaticano, amigo do Papa e um dos organizadores dos três Encontros Mundiais dos Movimentos Populares organizados por iniciativa papal. 

Grabois foi impedido de entregar o terço e a mensagem a Lula e o episódio deu margem a uma tentativa grosseira de manipulação midiática. A mídia conservadora acusou Grabois de farsante, denunciou o 247 como "disseminador de fake news" e anunciou aos quatro ventos que era tudo montagem. Já no dia seguinte ficou claro que a farsa havia sido montada pela imprensa conversadora, que Grabois era mesmo assessor do Vaticano e que o Papa havia enviado o terço e uma mensagem a Lula.

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A confusão foi ampliada pela versão falseada divulgada pelo serviço de comunicação do Vaticano (Vatican News) de língua portuguesa, dominado pelos segmentos conservadores do catolicismo. O serviço foi obrigado a voltar atrás  na armação e reconheceu que havia mentido sobre Grabois e sua iniciativa. 

Desta vez, não há montagens farsescas da imprensa conservadora nem dos brasileiros católicos de direita enquistados no Vaticano. Mas um fato de repercussão mundial é tratado é tratado como um "não fato". O pesado véu do silêncio impõe-se sobre a carta do Papa. Há censura empresarial e religiosa. A mídia conservadora olha para o lado, faz de conta que não é com ela; até o meio da tarde desta quarta, o Vatican News incrivelmente continuava a ignorar a carta de Francisco -como sabemos, o serviço noticioso cuida sobretudo das atividades do Papa, até as menores; o site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) também nada publicou. 

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Mas a censura não consegue esconder o sol.

Como escreveram Lula e o Papa, "a verdade vencerá". O povo brasileiro sabe que o Papa tem lado no Brasil. Como escreveu Francisco, seu lado é na "defesa dos direitos dos mais pobres e desfavorecidos dessa nobre nação". Seu lado é com Lula.

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