O País a um passo do golpe militar
"É óbvio que uma intervenção militar no Rio é início de uma intervenção mais geral que poderia descambar em um golpe e uma ditadura militar. O que nos afasta neste momento de uma verdadeira ditadura militar é o fato de que as tropas e seu comando ainda não declararam abertamente que não respeitarão o Congresso e as demais instituições e não indicaram a que comando responderiam", avalia o colunista Rui Costa Pimenta, dirigente do Partido da Causa Operária (PCO); "Ao controlar o Rio, estão a um passo de controlar o País todo militarmente, ou seja, a um passo de golpe militar. Esse é problema que tem que ser destacado na agitação política e o objetivo de mobilizar a esquerda, os trabalhadores e todas as forças democráticas contra essa ameaça", diz ele
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O que se mostrou no Carnaval deste ano revela que situação política está caminhando para um ponto de ebulição.
Deram vitória para a escola de samba "Beija-Flor", que tinha enredo e propaganda muito direitista.
Isso diz muita coisa sobre as perspectivas políticas em geral. É particularmente importante para tentar entender as preocupações da direita e dos golpistas.
Se Lula for preso, o que pode acontecer, tendo em vista que muitos no Carnaval gritaram o seu nome?
Como fazer se ele não for candidato? Como manter a autoridade política do regime instalado com o golpe diante do povo?
Tudo isso se mostrou numa festa popular em que todo o mundo teria ido sem maiores compromissos, apenas para se divertir, sem intenções políticas.
O governo Temer, em grande medida, abandonou reforma da Previdência e muitos declararam que não têm como votá-la. Isso se dá porque a pressão popular é tão forte, até mesmo sobre os políticos da direita, que não querem votar.
Já disse anteriormente que se Temer não aprovasse a reforma da Previdência, a burguesia ia querer derrubá-lo. Ela tentou, não conseguiu, e agora ele também não consegue aprovar mais nada. Isso coloca um problema para burguesia, que precisaria eleger um candidato que fosse desconhecido da população, ou seja, não tivesse sido atingido pela crise política até agora; que tivesse condições de concorrer com Lula, que conseguisse ultrapassar o problema de que instituições de conjunto estão desmoralizadas; que tivesse base no Congresso capaz de levar adiante a política extremamente dura contra a população e que conseguisse defender essa política nas eleições contra o interesse da população.
Por tudo isso, vejo a crise que vai adquirindo a situação política pós-golpe.
No centro da crise estão, de um lado, as medidas do governo, que mostrou a que veio, e em segundo lugar o "problema Lula" que se apresenta como entrave absoluto ao desenvolvimento da situação.
Na realidade, Lula se apresenta como um entrave porque expressa a aglutinação das forças populares contra o golpe.
Não fosse Lula, teríamos seis ou sete candidatos de esquerda cada um com um programa "maravilhoso", sendo que nunca se preocuparam em ter programa nenhum.
Quando alguém apresenta um programa, como o de Manuela D'ávila do PCdoB, vemos que é um programa extremamente direitista, que não tem nada a ver com a população.
O Carnaval mostrou isso de maneira muito acentuada.
Muitos festejaram desfile da escola "Paraíso do Tuiuti" – e é pra ser festejado – pois foi uma verdadeira manifestação da luta de classes no Carnaval. O confronto com a "Beija Flor" acentuou, de um lado, o programa da direita, de outro lado, o da população contra o golpe.
Poucos, no entanto, deram a verdadeira importância para o que isso significa para a situação do país, como espelho da situação política brasileira.
Temos que tirar conclusões destes fatos para orientar nossa ação política.
O Exército, de maneira ainda mais profunda do que ocorreu em Natal (RN), assumiu o controle da segurança pública no Rio de Janeiro. Temos no Rio um governo militar branco, não declarado.
Os militares dominam um dos principais estados do País, comandando todas as forças repressivas têm, portanto, controle sobre o fundamental do Estado.
Isso nunca aconteceu desde que foi promulgada a Constituição de 1988. É um fato da maior gravidade política e, se somarmos todos elementos, vemos que a intervenção no Rio é parte de um plano estratégico de controle da população.
Quando analisamos as declarações que foram feitas no sentido de que poderia haver um golpe militar, do general Mourão e outros, assinalamos que o Rio de Janeiro era cabeça de ponte da intervenção militar pois o Rio é mais vulnerável que São Paulo, por exemplo, devido ao governo em estado de colapso, os problemas de segurança pública fora de controle etc.
A discussão política sobre essa questão central no meio da esquerda foi debatida na Análise Política da Semana, pelo companheiro Rui Costa Pimenta. Resumidamente, a maior parte da esquerda não considera que a intervenção militar é um passo para o golpe militar.
Desconsideram que uma operação de grande envergadura como essa é algo que necessita de uma concepção estratégica, que se dá depois de um longo período de preparação e treinamento das Forças Armadas por meio das operações de garantia da lei e da ordem (GLO) em todo o País. Ignoram ainda que a intervenção se dá em um momento em que a situação política fica cada vez mais complicada.
A situação pode se agravar diante de problemas importantes. O "problema Lula" não foi resolvido. E se a prisão dele der lugar à rebelião popular?
É óbvio que uma intervenção militar no Rio é início de uma intervenção mais geral que poderia descambar em um golpe e uma ditadura militar.
O que nos afasta neste momento de uma verdadeira ditadura militar é o fato de que as tropas e seu comando ainda não declararam abertamente que não respeitarão o Congresso e as demais instituições e não indicaram a que comando responderiam.
Ao controlar o Rio, estão a um passo de controlar o País todo militarmente, ou seja, a um passo de golpe militar. Esse é problema que tem que ser destacado na agitação política e o objetivo de mobilizar a esquerda, os trabalhadores e todas as forças democráticas contra essa ameaça.
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