O pacote e o cinismo

Dilma, quem diria, só foi aplaudida por banqueiros e rentistas. É o sinal dos tempos. Seu pacote de primavera escolheu punir o brasileiro

A Presidenta Dilma Rousseff recebe os 56 competidores do Brasil na 43ª edição da WorldSkills, a olimpíada internacional de profissões técnicas ( Marcelo Camargo/Agência Brasil)
A Presidenta Dilma Rousseff recebe os 56 competidores do Brasil na 43ª edição da WorldSkills, a olimpíada internacional de profissões técnicas ( Marcelo Camargo/Agência Brasil) (Foto: José Aníbal)


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Dilma, quem diria, só foi aplaudida por banqueiros e rentistas. É o sinal dos tempos. Seu pacote de primavera escolheu punir o brasileiro. O Planalto, essa furiosa máquina de desperdício de dinheiro, vai pegar o grosso do ajuste no seu bolso. Sobre como sanar o sumidouro de dinheiro público causado pela ineficiência do governo, nenhuma palavra.

É inacreditável que após 13 anos no poder eles não tenham sequer um rascunho para reformas que são discutidas insistentemente há duas décadas, como a tributária e a da previdência. Mesmo com estudos sistemáticos e competentes de diversos órgãos da inteligência econômica federal, eles não sabem como construir um caminho para o futuro próximo.

Por diversas vezes eu disse aqui que o problema é estrutural e diz respeito ao sistemático e insustentável aumento do gasto público acima da receita. A capacidade de resposta da economia foi danificada por uma série de distorções no ambiente econômico causadas pela intervenção pouco inteligente de Dilma nos mais diversos setores. Reformas? Nenhuma.

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Eleita montada na mentira e provavelmente com ajuda de dinheiro sujo, Dilma passa por uma desmontagem vexatória de sua imagem pública. O mandato anterior, como já se sabe, foi todo ocupado em fabricar e encobrir a crise de hoje. Ela destruiu o setor elétrico, maquiou dados oficiais e burlou a lei orçamentária. Deixou crescer a inflação e a dívida pública. Também deixou roubar?

Na hora de enfrentar os efeitos de suas escolhas, Dilma abdicou sem renunciar e deixou o papel de Geni da história ao Congresso. Primeiro, na ridícula decisão de mandar um orçamento com déficit. Agora, acendendo o pavio da CPMF no colo dos deputados. Não sem antes anexar emendas parlamentares e deixar os governadores da "base" a lamber os beiços.

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A concertação política reclamada terá pouca chance, pois o PT tem vocação para partido único. Como tal, tem verdadeira ojeriza à ideia da política com viés conciliador. Ademais, modernizar significa enfrentar privilégios. Lula e Dilma optaram pela velha política de usar o Estado para acomodar interesses. Ao invés de preparar o futuro, o PT administrou e se locupletou no poder.

Enquanto o brasileiro sério e comprometido se preocupa com o pacote, leio num jornal uma frase atribuída a Lula segundo a qual os pobres não podem pagar pelos "erros dos outros". Só pude pensar que precisamos fazer uma reflexão sobre o grau de cinismo que estamos dispostos a aceitar no debate público. É preciso haver um limite. Sob o risco de travarmos qualquer avanço duradouro.

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