O ouro prova-se no fogo
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O ouro prova-se no fogo. Principalmente na grelha em cima de uma carne com alto teor de gordura intramuscular de Wagyu. Na verdade, qualquer boa parte do boi com especiarias e ouro, além de exótico é suculenta ao extremo. A farra dos jogadores com a carne de ouro pode parecer infrutífera ou até vista por algumas pessoas como de foro íntimo, mas que quando chegam as imagens em um país quebrado, que voltou ao mapa da fome e onde muitas camadas sociais passaram a comer até osso, se torna, como disse o padre Júlio Lancellotti, acintoso.
Ouro é o que vale ouro. Uma farra longe dos holofotes já está no DNA dos jogadores brasileiros, sempre recheado de comida cara, bebidas e mulheres. Quando você está trabalhando para sustentar um sistema que te oprime todos os dias, tem um pequeno descanso para torcer pelo seu país, você espera o máximo de seus representantes da seleção. Concentração total. E que em campo, as atuações justifiquem esses altos salários. A relação entre jogador e salário não é necessariamente as que imaginamos e não é importante. Ele ganhar exorbitantes quantias está dentro do papel a qual está inserido. Mas como você administra isso publicamente é que pode doer para o povo que está torcendo.
Ouro adquirido, sono perdido. Alguns jogadores percebem esse valor social. Sadio Mané, Jogador de Senegal, chegou a questionar o porquê desejar dez Ferraris, 20 relógios com diamante e dois aviões, afinal ele sabia o que era Passar fome. Hoje ele prefere construir escolas, dar comida ou roupa aos pobres. Aqueles que pensam para o coletivo, como o padre, se sentem atingidos, pois gostariam que figuras que tem atenção de bilhões de pessoas, poderiam estar empenhadas em ajudar aqueles que mais precisam. É muita responsabilidade ser admirado, ter milhões de pessoas amando e empurrando para que consigam trazer um título mundial. A contrapartida seria se utilizar dessa imagem para estar atento aos mais necessitados.
O fogo prova o ouro, o ouro prova o homem. Nesse sentido, Pelé sempre será uma lenda e no momento em que mais precisa de torcida, recebe homenagem do mundo todo, afinal, quando completou seu milésimo gol, dedicou às crianças mais carentes, pediu atenção a elas em pleno campo, comemorando seu feito. Essa atitude torna um grande jogador em um mito. Eu admiro Pelé que construiu esse papel sendo o atleta do século. Não precisava, mas estava em seu papel de rei do futebol. Por isso, torcemos pela seleção, torcemos por Neymar, sem necessariamente ter empatia com suas atitudes.
Uma chave de ouro abre todas as portas. No caso, não o ouro pedra preciosa, mas em linguagem figurativa, aquilo que melhor representa essas aspirações. Você pode ver a diferença de um esporte igual o basquete americano que obriga os jovens a frequentar faculdade para poder ingressar na liga. Isso faz com que esses atletas tenham mais empatia com aqueles que ficaram, em muitas vezes, nos bairros mais pobres. Não são poucos os que ajudam suas comunidades de diversas formas e ações. Vários atletas até com pós-graduação que valorizam a própria história. Acontece a consciência de classe. A própria liga incentiva esse tipo de atitude, tem até eventos próprios só pra isso. Quando acontece a farra do ouro, imaginamos que falta isso aqui no Brasil.
O restaurante que pertence ao chef turco Nusret Gökçe, famoso por servir a carne folheada a ouro, que pode custar até R$ 9 mil, não tem nada com isso. Esse é o serviço do restaurante. O fogo prova o ouro, o ouro prova o homem. No mais, quero mais é o título. Bora!
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