O novo livro de Valério Arcary e o Reitor da pequena política
Sejamos convencidos pela versão dos acontecimentos da “pequena política” do Magnífico Reitor: “oportunistas egocêntricos mascarados de intelectuais”
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No dia 1° de setembro, tive o prazer de comentar o novo livro de Valério Arcary, Ninguém disse que seria fácil, com a presença do autor, durante o seu lançamento no Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco, no campus do Recife.
Publicado pela Editora Boitempo, o livro busca tratar, com uma linguagem clara e acessível, dos dilemas e desafios atuais da militância organicamente vinculada a um partido revolucionário socialista, especialmente os jovens, ou seja, dos problemas existentes numa conjuntura defensiva que se apresentam aos/às revolucionários/as profissionais de um partido de vanguarda comprometido com os ideais do internacionalismo socialista.
Afirmei na ocasião que, me incomodaram num livro escrito para militantes full time e não freelancers as passagens de cunho moralista nas quais se afirma que os líderes “têm que ter bom caráter” e que “os critérios de uma organização podem favorecer a atração de pessoas de bom caráter ou atrair vigaristas, cafajestes e trapaceiros”, não devendo haver lugar “nas nossas fileiras para cafajestes, canalhas e vagabundos”.
No entanto, nenhuma eventual “derrapada moralista” do autor é minimamente capaz de tirar o mérito do livro, especialmente do capítulo que mais agradou o “reformista revolucionário” que redige o presente texto, intitulado “O ultraesquerdismo”.
Neste que é o último capítulo do livro, Valério Arcary demonstra ser o pensador da “grande política” que sempre foi – divergências teóricas de lado –, partindo do princípio de que, diante dos gravíssimos riscos que corremos todos/as aqueles/as que fazemos parte da “grande família” das esquerdas brasileiras, desde o biênio de 2015/2016 (riscos não apenas políticos, mas também da nossa integridade física), não nos resta outra opção política que não seja a construção de uma frente antifascista, a qual, na campanha eleitoral em curso, implica o apoio do Partido Socialismo e Liberdade à candidatura Lula (inobstante a presença como vice de Geraldo Alckmin) e, nas suas palavras, a aliança com os reformistas democráticos do Partido dos Trabalhadores.
Porém, a fim de comprovar que o debate travado no campo da “grande política” nem sempre é levado a cabo como e onde deveria ocorrer quase que enquanto necessidade ontológica, alguns instantes antes de entrar no anfiteatro onde transcorreu o diálogo com o dirigente nacional do Psol, tive o desprazer de ler um comentário feito pelo atual Reitor da UFPE no Instagram da Instituição por ele dirigida – o qual me foi apresentado por um ex-aluno da universidade, já que, por escolha de vida, não possuo contas no Facebook, Twitter e Instagram.
Diante da notícia de que a UFPE ocupava a 11ª, 19ª e 646ª colocações num ranking das melhores universidades no Brasil, na América Latina e no Mundo, retrospectivamente, o “Magnífico” opta por direcionar a sua verborreia contra “oportunistas egocêntricos mascarados de intelectuais que ignoram a delicada quadra histórica que a sociedade e as universidades federais” enfrentam, silenciando, outra vez mais, sobre os responsáveis exclusivos pelos ataques a estas duas: o governo Jair Bolsonaro e o bolsonarismo.
Va bene!
Sejamos convencidos pela versão dos acontecimentos da “pequena política” do Magnífico Reitor: “oportunistas egocêntricos mascarados de intelectuais”, que imagino sejam professores concursados da universidade, dão sim a sua quota de contribuição aos ataques à instituição federal em que ensinam e pesquisam e à sociedade em geral. Mas continua proibido falar em Jair Bolsonaro na UFPE. Talquei?
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