O nome de Jesus deve servir ao povo de Jesus e não à obra do diabo

(Foto: Reuters/Jason Cohn)


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O Brasil é um país reconhecidamente de maioria religiosa cristã. No entanto, se até algumas décadas atrás, o catolicismo se impunha amplamente entre os cristãos, na atualidade, o peso das vertentes evangélicas avançou muito, e a diferença numérica já não é tão expressiva.

Um cristão é, ou deveria ser, aquele ou aquela que segue em sua vida as linhas de conduta emanadas de Jesus. Levando este aspecto em consideração, vamos fazer uma visualização mental muito breve e resumida de duas figuras que se apresentam nos dias de hoje como seguidores de Jesus.

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Por um lado, temos um sacerdote ligado à Igreja Católica que é conhecido por sua atuação junto aos moradores de ruas da cidade de São Paulo. Com frequência, ele é visto arrecadando alimentos para repartir entre os pobres que vivem ao relento sob viadutos e pontes dessa megalópoles. Para o citado sacerdote, o papel prioritário de um seguidor sincero de Jesus é prestar apoio aos mais necessitados e ajudá-los a sair do profundo estado de penúria em que se encontram, para que possam viver com dignidade. Segundo ele, para estar em sintonia com Jesus, um cristão deve tomar o lado dos mais humildes e defender os mais necessitados.

Por outro, está um grande empresário do ramo da fé. Sua imagem pode ser vista a todo momento nos canais de televisão por ele controlados ou em outros programas por ele patrocinados. Para este empresário, um indicativo da presença de Jesus é o nível de riqueza que uma pessoa ostenta. O fato de possuir muita riqueza indicaria que Jesus a está abençoando. Se estiver na miséria e em sofrimento, deve ser porque não caiu nas graças de Deus, provavelmente, por não andar cumprindo com suas obrigações pecuniárias junto às entidades representativas de Deus aqui na terra.

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Como pudemos observar nestes exemplos simplificados, os dois atuam movidos por visões claramente confrontantes. Entretanto, ambos apelam ao nome de Jesus para justificar o tipo de atuação que desenvolvem. Diante destes exemplos aparentemente contraditórios, cabe-nos perguntar: Qual deles representa o verdadeiro caminho para quem quer seguir de boa fé a trilha de Jesus?

Ao longo da história da humanidade, não há nenhum nome com papel relevante nas lutas das camadas populares que não tenha tido sua trajetória de vida e seu legado manipulados com o objetivo de adaptá-los aos interesses e propósitos das classes dominantes.

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Como sabemos, Jesus não deixou nada escrito de próprio punho que pudesse nos orientar na atualidade. Além disso, os primeiros relatos sobre sua presença e atuação foram feitos por gente que não tinha convivido com ele, e só vieram à luz muitos anos depois de sua passagem pela vida como um ser humano igual a todos nós.

Valendo-se da conhecida máxima que reza “quem controla o passado, também controla o presente e vai controlar o futuro”, as classes dominantes sempre se esmeram em reescrever e ressignificar o papel histórico e a importância de todas as lideranças que se mostraram afinadas com as aspirações das maiorias não oligárquicas.

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Em vista disto, e devido a sua grandeza e sua profundidade, a figura de Jesus não iria passar ilesa a esta prática. Sendo assim, não deveria causar-nos estranheza a constatação de que o papel desempenhado por Jesus e sua relevância para o presente sejam alvos de fortíssima manipulação por parte dos grupos sociais que pouco, ou nada, parecem ter a ver com a essência dos ensinamentos que podem ser extraídos de seu legado de vida.

Em vista do que acaba de ser exposto, não pode haver nada de mais importante para quem deseja ser fiel aos propósitos de Jesus do que procurar seguir as diretrizes que podem ser extraídas de seu comportamento durante sua vida entre nós. Se Jesus adotou em plenitude sua humanidade e veio viver entre nós, só pode ser para que suas lições de vida servissem para nos orientar diante das incertezas e dificuldades com as quais nos confrontamos.

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Como vamos poder concluir ao final de nosso texto, é exatamente o apego, ou desapego, à trajetória de vida de Jesus o que vai permitir-nos entender a existência de cristãos de características tão confrontadas como as que apresentamos nos exemplos iniciais.

Todos os detalhes disponíveis sobre a vida de Jesus apresentam-no como um ser oriundo do seio das camadas mais humildes da sociedade da região onde ele nasceu e cresceu. E se isso não bastasse, em todas suas interações sociais, Jesus se mostra profundamente vinculado às aspirações da gente mais humilde, da gente mais necessitada, da gente oprimida. Não há nenhuma instância relatada de sua vida na qual o encontramos aderindo às posições e aos interesses dos ricos e poderosos. Já os exemplos de seu comprometimento com as lutas dos mais vulneráveis são abundantes, e permeiam todo o transcorrer de sua existência humana.

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Então, como é possível que existam na atualidade várias correntes religiosas que propagam a imagem de um Jesus inteiramente oposto àquele que encontramos nos textos sobre sua vida? As razões para que este fenômeno se dê são parecidas às que sempre motivaram as classes dominantes a se apropriar e desvirtuar a essência da narrativa histórica de todas as figuras que possam servir como símbolos de dignidade e luta para uma eventual emancipação das maiorias populares.

Porém, quando buscamos traçar o caminho percorrido por Jesus em seu tempo de vida terrenal, o que encontramos é um ser inteiramente devotado às causas da gente humilde, da gente que sofria a opressão imposta tanto pelos colonizadores estrangeiros de sua terra como pelas cúpulas religiosas, as quais se mancomunavam com os invasores para tirar proveitos materiais em seu próprio benefício.

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A todo momento, nos deparamos com o Jesus que condenava a avareza dos ricos, o Jesus que se opunha à exploração da fé por parte dos mercadores gananciosos, o Jesus que combatia o falso moralismo daqueles que condenavam hipocritamente o que habitualmente faziam, o Jesus que se insurgia contra preceitos estabelecidos no Velho Testamento quando os considerava ultrapassados ou contrários aos sentimentos que ele próprio defendia.

Assim que, ao se difundir de modo generalizado, essas narrativas da luta e dedicação de Jesus às causas dos mais necessitados serviram para torná-lo um dos nomes mais expressivos junto às camadas populares daquela região em seu momento.

Os movimentos religiosos relacionados com o nome de Jesus se iniciaram e cresceram a partir das comunidades mais carentes, das comunidades mais necessitadas, das comunidades mais agredidas pelas forças dos poderosos, das comunidades que sofriam perseguição, e buscavam em Jesus a motivação e a coesão para resistir coletivamente aos ataques que sofriam. Os movimentos inspirados em Jesus sempre tiveram desde seu início o propósito de forjar a unidade e a coesão das populações mais carentes  para conseguir resistir ao assédio dos opressores. Em nenhum momento estavam presentes objetivos individualistas e egoístas, objetivos do cada um por si.

Como é sabido, em sua fase inicial, ainda sob o domínio colonial do Império Romano, os seguidores de Jesus tinham de desenvolver suas atividades às escondidas das autoridades do Estado e das autoridades religiosas de então. Não foi por acaso que as catacumbas foram os berços das primeiras associações de seguidores de Jesus. Era ali que eles buscavam encontrar condições para divulgar suas crenças e projetar suas esperanças de alcançar o futuro almejado por Jesus: um mundo de paz, de justiça, de solidariedade, de igualdade e de amor; um mundo sem a exploração dos humildes por parte dos poderosos.

Para Jesus, o povo de Deus eram todos os que se propunham a viver em função da busca desses objetivos. Jesus não compactuava com a visão de um deus racista, egoísta e discriminador, como estava delineado no Velho Testamento. Para Jesus, um deus que tivesse um povo escolhido jamais poderia ser um Deus do amor. Como poderia um Deus do amor determinar um povo como seu preferido se ninguém tem como escolher em que povo vai nascer? Por isso, Jesus pôs fim a esse absurdo que estava estipulado no Velho Testamento.

Não obstante, com o avanço irrefreável desses movimentos cristãos de base, os quais cresciam a passos gigantescos entre as populações desamparadas do Império Romano, as autoridades estatais tomaram a decisão de tratar de enquadrá-los, de colocá-los dentro de parâmetros que impedissem que viessem a extrapolar as órbitas do tolerado pelos setores dominantes da época. Foi por tal motivação que se deu a chamada constantinização do cristianismo. Ou seja, o imperador romano Constantino deu ao cristianismo o status de religião oficialmente aceita pelo Império.

Pouco depois, o cristianismo passaria a ser a única religião oficial do Império Romano. Não era pouca coisa. De religião proscrita e sob perseguição constante e praticada principalmente pelos setores populares, o cristianismo se transformou na única religião tolerada, e com poderes de impedir o exercício de quaisquer outras em condições de igualdade.

Certamente, esta transformação não foi feita com a preservação das bases que, em sua origem, haviam moldado as características essenciais do cristianismo. A nobreza precisava colocar a figura de Jesus a serviço de sua causa. E, portanto, de um ser simples, humilde, um carpinteiro e pescador que comungava da luta e das dificuldades da gente humilde, a imagem de Jesus passou a ser trabalhada como a do representante máximo da nobreza, ou seja, apareceu em cena o “Cristo Rei”.

Em outras palavras, de um ser comprometido com os sentimentos e os sofrimentos mais profundos das camadas populares, o nome de Jesus começou a ser usado para representar todo o oposto. A partir daí, Jesus foi transformado no símbolo máximo daqueles que já tinham nascido com todos os privilégios garantidos, Jesus virou o suprassumo da nobreza. Seria possível imaginar maior crueldade para com a memória daquele Jesus que foi perseguido, torturado e morto a mando dos poderosos?

E para que a gente se dê conta dos horrores derivados da manipulação criminosa do nome de Jesus pelas forças da nobreza e seus representantes eclesiásticos daqueles tempos, nada mais estarrecedor do que os massacres da Inquisição. É tristemente apavorante constatar quantos crimes monstruosos foram executados pelos inquisidores apelando para o nome de Jesus. E que culpa tinha Jesus nestes casos?

Como podia Jesus esperar que toda sua dedicação e luta pela paz, pela irmandade, pela tolerância, pelo amor, fosse indecentemente apropriada por gente que se dispunha a matar, a perseguir, a torturar, a queimar vivos outros seres humanos que, por alguma razão, não estavam alinhados com os interesses daqueles trogloditas que se haviam apropriado de seu nome?

E não nos iludamos, por mais que se fale em questões de moralidade, por mais que se invoque questões de espiritualidade, o que de fato impulsiona os poderosos em suas atitudes assassinas são seus interesses materiais e econômicos. No passado, no presente e, muito provavelmente, no futuro são os interesses materiais concretos, os interesses relacionados com o acúmulo de riquezas e de poder, que costumam determinar o comportamento daqueles que gozam de privilégios exclusivos e que contam com a força material e ideológica para defendê-los.

Já com o surgimento do capitalismo e as novas relações econômicas que dele advinham, as cabeças pensantes da classe dominante que emergia (a burguesia) também sentiram que seria preciso gerar um novo Jesus, um Jesus mais sintonizado com as novas características trazidas pelo capitalismo, um Jesus que glorificasse (e não que condenasse) a busca pelo lucro absoluto, um Jesus que aceitasse e justificasse a usura. Em outras palavras, um Jesus burguês, um Jesus capitalista.

Os encarregados de comandar as mudanças da imagem de Jesus que os novos tempos capitalistas exigiam foram os ideólogos ligados aos grandes líderes e articuladores do protestantismo, ex-integrantes de correntes oriundas da Igreja Católica que queriam a adaptação do cristianismo aos interesses da burguesia, que entrava com força na luta para consolidar as posições já adquiridas e para conquistar novos espaços de poder.

Também é certo que as cúpulas dirigentes da Igreja Católica logo entenderam que lhes seria impossível sobreviver se não encontrassem fórmulas que lhes permitissem sua adequação às novas condições geradas pelo capitalismo, uma vez que a força avassaladora deste novo sistema de exploração econômica não tinha como ser ignorada. Desde então, as hierarquias da Igreja Católica e as das novas igrejas protestantes se puseram a disputar entre si a representação dos interesses básicos das classes capitalistas dominantes.

Mas, como a roda da história jamais se detém, no século XXI, entramos numa nova era, a era do neoliberalismo, a era da primazia do capitalismo sem nenhum entrave, a era da financeirização, a era da prevalência total do individual sobre o coletivo, a era do capitalismo absoluto, a era em que nenhum direito deveria ser concedido para os trabalhadores ou, dito com outras palavras, a era em que o poder do dinheiro deveria estar acima de tudo e de todos.

Portanto, de modo semelhante ao que sempre vinha ocorrendo em períodos de mudanças no passado, os ideólogos das elites de poder que hegemonizam esta nova fase sentiram a necessidade de ajustar a figura de Jesus aos interesses maiores daqueles que comandam o processo de acumulação de riquezas neste momento específico, em especial, aos dos capitalistas dos setores rentistas-financeiros.

Foi assim que apareceu em cena um Jesus neoliberal, um Jesus que se opõe à luta unificada e organizada das classes trabalhadoras, um Jesus que prega o acúmulo de riquezas e a conquista do sucesso pessoal como os objetivos maiores, um Jesus que abençoa a cada qual de acordo com a fortuna que tenha acumulado, um Jesus que defende e estimula atitudes individualistas, o Jesus do cada um por si, o Jesus do egoísmo, ou seja, o Jesus da Teologia da Prosperidade.

E em que fontes os ideólogos da Teologia da Prosperidade foram encontrar amparo para a edificação desta nova figura de Jesus, desta figura completamente diferente do Jesus exposto nos relatos de sua vida?

Logicamente, os exemplos de vida de Jesus jamais poderiam servir para justificar a canalhice de transformá-lo no protetor máximo dos capitalistas neoliberais da atualidade, os seres mais anticristãos de todos os tempos. Os textos dos Evangelhos que abordam a vida de Jesus não poderiam oferecer a esses ideólogos a serviço do neoliberalismo nada que sustentasse a imagem de um Jesus avarento, de um Jesus que toma o lado dos poderosos e não o dos humildes, em outras palavras, de um Jesus capitalista neoliberal.

Sendo assim, tanto quanto seja possível, eles precisam evitar que a massa de seus seguidores de boa fé, os quais estão de verdade em busca da salvação em Jesus, tenha contato com as revelações da trajetória da vida de Jesus, uma vida que entra em profunda contradição com o que é pregado pelos ideólogos religiosos do neoliberalismo.

Em momentos em que os ideólogos do Jesus neoliberal querem fortalecer a ideia de que a busca da riqueza pessoal por si só é uma dádiva divina, e que aquele que mais acumula riquezas é quem mais foi abençoado por Jesus, como correlacionar isso com o Jesus que condenava a busca por ganâncias e dizia que era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no céu? Como equiparar o Jesus que é usado pelos defensores da Teologia da Prosperidade para extrair dos pobres o pouco que eles possuem em benefício das novas igrejas e de seus donos multimilionários com o Jesus que condenou e expulsou os mercadores do templo, aqueles mercadores que queriam se enriquecer explorando a fé do povo?

Está mais do que evidente de que nos Evangelhos que contêm as passagens da vida de Jesus nada disto encontraria amparo. Por isso, não é à toa que os proprietários da maioria das novas igrejas neopentecostais (sim, proprietários, porque boa parte dessas novas igrejas funciona como negócios do capitalismo neoliberal) e os dirigentes da chamada Renovação Carismática Católica (também eles adeptos da Teologia da Prosperidade) se apegam muitíssimo mais ao Velho Testamento do que aos textos dos Evangelhos onde a vida de Jesus está relatada. É porque no Velho Testamento todo tipo de crueldade e exploração pode ser admitido, até mesmo a escravidão.

Em relação a esta questão, vamos deixar claro que não há nenhuma manifestação do deus do Velho Testamento que condene a escravidão, nada que condene a abominação de que alguns seres humanos sejam proprietários de outros seres humanos. Nas páginas do Velho Testamento, a escravização humana está em seus conformes. E isto é algo que vem a calhar com as aspirações do capitalismo neoliberal, que também só vê perspectivas de continuidade dentro de um processo que desemboque na reescravização das classes trabalhadoras.

Mas, não podemos nos esquecer de que a imensa maioria dos seguidores dessas igrejas falsamente cristãs são eles mesmos vítimas desse monstruoso estelionato simbólico-espiritual. Os exploradores de sua fé sabem muito bem que somente com sua falta de unidade e sua alienação essa gente poderá continuar sendo usada como massa de manobra para favorecer os interesses daqueles que nada têm a ver com as aspirações sinceras de Jesus.

Os capitalistas neoliberais se utilizam deliberadamente da Teologia da Prosperidade para manter seus fieis submissos e dispostos a aceitar as diretrizes que eles traçam de acordo com seus interesses de elite, e não com os dessa gente trabalhadora e sincera. Os seguidores dessas igrejas são majoritariamente de condições sociais muito precárias, com dificuldades de escolarização, com escassas possibilidades de acesso a fontes de informações que questionem a realidade falsificada que os meios de comunicação corporativos e os púlpitos dos templos neoliberais lhes apresentam.

É um número muito expressivo de pessoas que precisam ser ganhas, e precisam ser ganhas para os propósitos de Jesus. Porque elas, sim, têm tudo a ver com as aspirações de Jesus.

A luta, portanto, não dá nenhum indício de que venha a ser fácil. Os donos do poder contam com condições muitíssimo mais favoráveis dos que os que desejam gerar um mundo novo, mais justo e humanitário. Porém, quem se inspira em Jesus, não pode se sentir derrotado em razão do tamanho da dificuldade. Se Jesus fosse pensar assim, jamais teria decidido dar o primeiro passo de sua caminhada libertadora.

Nesta luta, empregando os termos aos quais os donos de grande parte das igrejas neopentecostais gostam de se aferrar, vai ser necessário travar fortes combates contra as forças do diabo. Só que, neste caso, são esses capitalistas da fé os que representam o diabo. São eles os inimigos de Jesus que devem ser derrotados. E este deve ser nosso apelo ao povo que anda em busca de Jesus como Jesus realmente é. Vamos devolver a Jesus o significado com o qual ele surgiu e com o qual ele sempre deveria ser associado.

Em consequência, acredito que, para assumir a defesa e o resgate deste Jesus verdadeiro, o que menos importa é a questão das preferências religiosas específicas das pessoas. Qualquer um que almeje a construção de um mundo onde impere a justiça, a solidariedade, o respeito e o amparo aos necessitados, onde não sejam os interesses dos poderosos os que se sobreponham aos das maiorias humildes, um mundo onde não existam a miséria e a opulência como se fossem dádivas naturais de uns e de outros, qualquer pessoa em tais condições é digna de ser reconhecida como um seguidor de Jesus, um cristão de verdade, e não um mero falsário.

Devemos defender a retomada de Jesus pelos princípios que fizeram dele o símbolo maior do amor, da justiça, da paz, da tolerância. Devemos resgatar o Jesus que lutava para saciar a fome de todos, aquele Jesus que nasceu e viveu para que todos pudessem ser felizes, para que todos pudessem viver com dignidade.

Jesus não se sacrificou para causar-nos sofrimento, Jesus lutou para ensinar-nos como encontrar o caminho da felicidade. Mas, a partir dos ensinamentos de Jesus, vamos entender que só com sua unidade os humildes podem se tornar fortes, e tornar-se fortes não para explorar os outros que estejam mais debilitados, e sim para avançar cada vez mais no rumo de uma vida melhor para todos.

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