O MPF foi à praia falar de economia

Conclusão dos modestos procuradores da república sobre a atuação do MPF na defesa da ordem econômica é no sentido de que eles contribuíram para a segurança jurídica, para um ambiente saudável de negócios com o combate à corrupção e para o desenvolvimento de longo prazo, na medida em que enfrentaram vícios estruturais do sistema. Será que é isso mesmo?

Conclusão dos modestos procuradores da república sobre a atuação do MPF na defesa da ordem econômica é no sentido de que eles contribuíram para a segurança jurídica, para um ambiente saudável de negócios com o combate à corrupção e para o desenvolvimento de longo prazo, na medida em que enfrentaram vícios estruturais do sistema. Será que é isso mesmo?
Conclusão dos modestos procuradores da república sobre a atuação do MPF na defesa da ordem econômica é no sentido de que eles contribuíram para a segurança jurídica, para um ambiente saudável de negócios com o combate à corrupção e para o desenvolvimento de longo prazo, na medida em que enfrentaram vícios estruturais do sistema. Será que é isso mesmo? (Foto: Pedro Maciel)


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Quase três centenas de procuradores da República estiveram presentes no 34º Encontro Nacional dos Procuradores da República que ocorreu em Porto de Galinhas, Pernambuco para discutir tema "O MPF e a ordem econômica".

Para quem não sabe Porto de Galinhas é uma praia localizada no município de Ipojuca, no Estado de Pernambuco, trata-se de um lugar mágico para gozar férias, pois a região possui piscinas de águas claras e mornas formadas entre corais, além de estuários, areia branca e coqueirais.

A praia escolhida pela associação dos procuradores para discutir a ordem econômica é muito frequentada por surfistas de diversas nacionalidades, sendo eleita pela revista VIAGEM E TURISMO, como a "Melhor Praia do Brasil" por 10 vezes consecutivas.

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A conclusão dos modestos procuradores da república sobre a atuação do MPF na defesa da ordem econômica é no sentido de que eles contribuíram para a segurança jurídica, para um ambiente saudável de negócios com o combate à corrupção e para o desenvolvimento de longo prazo, na medida em que enfrentaram vícios estruturais do sistema.

Será que é isso mesmo?

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Acredito que a corrupção deve ser investigada e denunciada, os corruptores e corruptos processados e condenados na forma da lei, mas o combate à corrupção não é a única pauta válida e necessária do país e não é apenas a corrupção empresarial que merece combate exemplar, mas há outras espécies dela que merecem atenção e punição, pois o sistema liberal é corrupto e corruptor, suas estruturas e instituições também são e algumas espécies são banalizadas ou naturalizadas.

Mas vamos às bases constitucionais do atual sistema econômico brasileiro, às quais se encontram dispostas no Título VII, "Da Ordem Econômica e Financeira", nos artigos. 170 a 192 e avaliar se o MPF merece o autoelogio contido no documento que emergiu do encontro.

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A ordem econômica, perspectiva constitucional, é uma forma econômica capitalista de viés desenvolvimentista, porque ela se apoia grandemente na apropriação privada dos meios de produção e na iniciativa privada, mas confere ao Estado papel relevante como regulador e definidor das políticas públicas com vistas ao desenvolvimento.

De acordo com a constituição federal a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por objetivo assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os princípios da soberania nacional; propriedade privada; função social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; redução das desigualdades regionais e sociais; busca do pleno emprego; tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

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A constituição assegura a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Pela leitura do dispositivo constitucional podemos inferir que a Ordem Econômica Constitucional brasileira tem como fundamentos a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa privada, mas é importante registrar também, que estes fundamentos da valorização do trabalho humano e da livre iniciativa têm por finalidade assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social. E existência digna é a finalidade ou objetivo da ordem econômica.

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O texto constitucional no artigo. 1º, inciso III, ensina que a dignidade da pessoa humana é fundamento da República Federativa do Brasil. A dignidade da pessoa humana, ou existência digna, fundamenta e confere unidade não apenas aos direitos fundamentais, mas também à ordem econômica.

A dignidade da pessoa humana é um valor supremo que atrai o conteúdo de todos os direitos fundamentais do homem, desde o direito à vida, esse valor foi concebido como referência constitucional unificadora de todos os direitos fundamentais, como ensina Canotilho citado por Alberto de Magalhães Franco Filho num belo artigo.

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Bem, dito isso vamos aos fatos.

O impacto das investigações da Operação Lava Jato na economia deve ser analisado sob dois aspectos.

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Como medida saneadora, que pode fixar um marco a partir do qual haverá licitações mais transparentes, prevalecendo critérios técnico-econômicos e de interesse público, os ganhos poderão ser extraordinários no médio e longo prazo, daí porque as investigações são fundamentais.

Mas o segundo aspecto refere-se ao curto prazo.

O desmantelamento do mais amplo esquema de corrupção no país teve forte impacto no desempenho da economia, pois nesses anos de investigação, com a prisão de donos e executivos de empresas, paralisaram-se negócios, o que não poderia ter ocorrido, pois as grandes empreiteiras demitiram milhares de trabalhadores, deixaram de contratar serviços e produtos de empresas fornecedoras, interromperam investimentos, comprometendo tragicamente cada uma das cadeias produtivas na qual está inserida.

A Petrobras, por exemplo, no centro do escândalo, fez o mesmo: reduziu a um terço os investimentos, desfez contratos, provocando desemprego em cadeia no setor de petróleo e gás.

A crise econômica, que não é nem a mais longa, nem a maior da história do país que, decorreu da Política econômica equivocada do Governo de Dilma Rousseff e de um quadro recessivo internacional, mas a Lava Jato foi um aditivo tóxico que ajudou a derrubar a economia e elevar o desemprego a cerca de 13 milhões de trabalhadores.

No site da FIESP encontramos informações que deveriam estar contidas no debate do MPF lá em Ipojuca. Segundo o site os impactos diretos e indiretos da Operação Lava Jato na economia tiraram 143 bilhões da economia brasileira, só em 2015, equivalente a uma retração de 2,5% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo estudo da consultoria GO Associados e em 2016 outros 120 bilhões de reais foram retirados do PIB como efeito indireto da Lava- Jato.

O economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, afirmou ao Jornal VALOR ECONÔMICO que a PETROBRAS tinha participação de 10% no PIB brasileiro, mas em razão da Lava-Jato e da redução dos investimentos da companhia, essa parcela caiu para 7%.

E há ainda a opinião do economista e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Marcio Pochmann, que afirma que se os efeitos das políticas do governo Temer aprofundam a recessão, mas os efeitos da Lava Jato são ainda mais perversos, pois segundo ele "A recessão elimina empregos, mas a empresa permanece. Havendo recuperação, o emprego volta. No caso da Lava Jato, é quase uma perda permanente".

O diretor de Relações Internacionais e de Movimentos Sociais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, calcula que desde o início da Lava Jato a cadeia de gás e petróleo comandada pela Petrobras perdeu cerca de 3 milhões de empregos, sendo que a cadeia de óleo e gás representava aproximadamente 13% do Produto Interno Bruto do país.

Ainda segundo o diretor da FUP a Lava Jato causa maiores e mais perversos danos à economia a ao emprego do que o próprio governo Temer, pois ela fecha os estaleiros, proíbe as empresas brasileiras de disputar licitações e paralisa as obras. Por que o MPF não fez como e MP Paulista que manteve as investigações em relação a empreiteiras e políticos, mas sem paralisar obras, sem derreter empregos e sem comprometer a atividade econômica em si?

Sobre esses fatos o MPF não refletiu e essa é uma responsabilidade que o MPF deveria ter assumido no Porto de Galinhas, pois sua atuação na Lava-Jato ignorou a valorização do trabalho humano e a livre iniciativa, condenou milhões de pessoas à indignidade, além de abrir as portas para a privatização da PETROBRÁS.

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