O MP pode muito, mas não pode tudo

Não há mal algum em colocar um filtro a mais nas investigações sobre eventuais crimes eleitorais



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Faz sentido que alguém seja investigado sem acompanhamento judicial? Em sociedades civilizadas, obviamente não. E quando esse alguém é um candidato a um cargo público? Mais grave ainda, pois o que está em jogo é a própria representação democrática.

No entanto, um movimento alimentado pelo Ministério Público pretende, justamente, substituir a soberania popular pela caneta dos procuradores. A polêmica surgiu depois que o ministro Dias Toffoli, no Tribunal Superior Eleitoral, decidiu disciplinar as normas que regem investigações eleitorais.

E estabeleceu que, para que elas ocorram, deve haver sempre a autorização de um juiz.
Inconformados, os procuradores assinaram uma moção de repúdio e o próprio chefe do Ministério Público, Rodrigo Janot, ameaçou ir ao Supremo Tribunal Federal para garantir o suposto direito de investigar candidatos sem necessidade de autorização externa.

continua após o anúncio

A quem isso interessa? Sobretudo aos candidatos sem voto e a setores da sociedade que buscam influenciar, na clandestinidade, a agenda pública – em alguns casos, agindo diretamente para que seus adversários políticos sejam derrotados fora da urna.

Num país com a política cada vez mais judicializada, e com um Judiciário que se politiza a passos largos, quais seriam as consequências de uma eleição com todo poder entregue ao Ministério Público? Uma avalanche de inquéritos eleitorais pilotados por aqueles que tivessem maior acesso aos procuradores. Nunca é demais lembrar que integrantes do MP também têm suas preferências e que o ex-procurador-geral Roberto Gurgel engavetou durante dois anos investigações sobre o ex-senador Demóstenes Torres.

continua após o anúncio

Em defesa da própria democracia, não há mal algum em colocar um filtro a mais nas investigações eleitorais. Caso os procuradores tenham evidências concretas de crimes cometidos por candidatos, bastará pedir autorização a um juiz. Afinal, o Ministério Público pode muito, mas não pode tudo. 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247