O ministro “Posto Ipiranga“ está mais para “Posto Texaco” do século passado

No Brasil, o ministro que é comparado ao posto que tem de tudo, está longe de ser o prometido. A comparação mais justa seria com um posto de meados do século passado, onde se encontrava gasolina, querosene, óleo e mais nada, tal a falta de ideia do responsável pela economia do país

Paulo Guedes e o futuro do passado
Paulo Guedes e o futuro do passado


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A pandemia do coronavírus desafia os sistemas de saúde (que podem entrar em colapso), a comunidade científica a encontrar um remédio ou vacina para combatê-lo e governos diante da perspectiva de crise nas empresas e diminuição da atividade econômica.
 

Os efeitos da doença nas bolsas de valores são quedas superiores a 30%, diante das medidas de governos para conter a doença. Começou na China, com o confinamento de uma região, seguido pelo governo italiano, aumentando o pânico com a confirmação de que outros países seguiriam o mesmo caminho, gerando um ciclo recessivo.
 

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O fechamento das cidades gerará efeitos colaterais, pondo empresas em dificuldades, o que é um desafio para governos. Os Estados Unidos cortaram juros e liberaram recursos superiores a U$ 50 bilhões para socorrer empresas em dificuldade e outros U$ 8 bi para o sistema de saúde. Caminhos semelhantes adotados por autoridades e bancos centrais de outros países.
 

No Brasil, o ministro que é comparado ao posto que tem de tudo, está longe de ser o prometido. A comparação mais justa seria com um posto de meados do século passado, onde se encontrava gasolina, querosene, óleo e mais nada, tal a falta de ideia do responsável pela economia do país.
 

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Enquanto o mundo anuncia medidas para conter a crise financeira, nosso ministro da Economia se revela um deserto de ideias, monotemático na política ultraliberal responsável pelo pibinho de 1%. Insiste em combater a crise com mais cortes em investimentos. O ministro, diferentemente de autoridades econômicas de outros países, pensa mais no BPC dos mais pobres do país como objetivo central de suas ações, enquanto o país reclama medidas para enfrentar a crise que agudiza. 

 Instituições importantes como o Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES ainda não foram acionadas para atuar no combate à crise. O presidente da CEF disse haver R$ 70 bilhões disponíveis. O BNDES anunciou ter outros R$ 100 bilhões para investir. O BB é outro instrumento importante para atuar no combate à crise. O interessante é que essas empresas são todas públicas, todas odiadas pelo atual ministro e, talvez por isso, a resistência atávica para anunciar medidas que possam ser implementadas por elas – as mesmas que tiveram papel fundamental na crise de 2008.
 

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Outro dado relevante é a economia do Tesouro com pagamento de juros da dívida pública, da qual R$ 2,2 trilhões são LFTs (tesouro Selic) e LTNs (tesouro prefixado). Considerada a redução da taxa de juros de 6,5% em 2018 para os atuais 4,25%, gerará economia relevante ao governo, reduzindo essa taxa para 3,5% a.a., pois o tempo é de crise, a redução de final seria 3%, o que pode gerar uma economia nas contas do governo de, no mínimo, outros R$ 40 bilhões. 

 Os números mostram que o governo tem como pensar medidas para enfrentar a crise. A solução de outros países tem sido a injeção de recursos na economia para socorrer empresas em crise e as pessoas que perderão seus empregos. Os números levantados, mesmo sujeitos à correção, ultrapassam em muito R$ 200 bilhões.
 

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O país precisa de outro olhar, pois não é possível tanta insensibilidade e alheamento diante da realidade, e ainda incapacidade para enfrentar o desafio colocado às autoridades públicas. 

 Francisco Alexandre é ex-diretor eleito de Administra da Previ e ex-presidente da BRF Previdência

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