O ministério adverte: Bolsonaro faz mal à saúde
"A sede de poder de Bolsonaro não o deixa ver que está ficando isolado", escreve Denise Assis, do Jornalistas pela Democracia. "Sua cabeça povoada por fantasias não permite sequer ao senhor perceber que enquanto delira, as alas que o apoiaram ou naufragam, ou acordam", diz ela
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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia - O Ministério adverte: Bolsonaro faz mal à saúde. Primeiro, porque dá nos nervos ver alguém tão despreparado, e com tamanha dificuldade de articulação dos pensamentos, à frente de um país do tamanho do Brasil. Para dirigir um quase continente, se a pessoa não possui formação formal, pelo menos que tenha a trajetória política e prática de um ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula não tinha nenhuma formação além do diploma de torneiro mecânico, mas em compensação, transitou por tantas universidades, tantos sindicatos, tantos países, tantos gabinetes - e, nunca é demais lembrar -, foi deputado na Constituinte, uma experiência tão enriquecedora quanto a passagem por uma universidade.
Segundo, porque em época de pandemia ele insiste em dar as costas para as questões emergenciais, sem tomar nenhuma providência prática a favor do seu povo. Prefere continuar em campanha para um 2022, que nem sabemos se chegará, ou como chegaremos, se houver amanhã.
E, por fim, porque na contramão de todos os líderes políticos quanto existem nesse mundo, ele insiste em subestimar o perigo, cruzar os braços e atrapalhar os que estão empenhados em fazer alguma coisa contra o perigo que já se instalou no país. E tanto é assim, que trombou com prefeitos e governadores, por estarem esses a tomar medidas que deveriam ser de sua iniciativa. A portaria editada por Bolsonaro revogando restrições de mobilidade baixadas por governadores, nada têm de preocupação com o bem-estar dos cidadãos. Tem, isto sim, de picuinha, de delimitação de terreno, de exibição de macho alfa. Como um macaco que faz xixi para delimitar território, Bolsonaro apenas exibe poder e diz que quem manda é ele. E não é. O seu poder é exercido em nome do povo.
Encastelado no Planalto, sua única preocupação parece ser a de referendar a cada minuto que ele é o líder, ele é o “estrategista”, ele é o “comandante”. Só falta, meus amigos, vestir a farda de Napoleão Bonaparte e desfilar pelos corredores do Planalto. E nem vou comentar aqui, a entrevista dada ao Ratinho, onde ele expôs todo o seu lado de frequentador de botequim, enfileirou todos os lugares comuns, e perpetrou todos os abusos que o Ratinho incentivou, com perguntas para instigar o seu ego. Isto a nossa colega Hildegard Angel já o fez, com brilhantismo, em artigo em que aponta o único caminho possível para Bolsonaro: a interdição.
Chegou ao cúmulo de desdizer os princípios médicos sobre a rapidez do contágio, e da forma mais IRRESPONSÁVEL possível, afirmou que um coronavírus ele “mata no peito”. Não presidente. Não estamos falando de uma facada fake. Desta vez, estamos tratando de algo que pode, se é que o senhor só entende de lucro, prejuízo e poder, derrubar o PIB de seu governo a algo pra baixo de 10%. Libere os templos, como o senhor sugeriu, e as pessoas que lá buscarão alívio, levarão para casa o vírus capaz de contagiar toda a família. Salve o comércio do ambulante, nos estádios, e não haverá ambulantes para vender o mate, porque poderão ser mortos pela doença.
Sua cabeça povoada por fantasias sobre perseguições da imprensa não permite nem sequer ao senhor perceber que enquanto delira – é bom tirar a temperatura dele, de quando em vez -, as alas que o apoiaram ou naufragam, ou acordam. Cerca de 300 empresários do agronegócio já abandonaram o seu barquinho. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia; o presidente do Senado, Davi Alcolumbre; os governadores; e mais uma parcela do empresariado, estão fora.
O mais surpreendente é ver que começam a abrir os cofres e a prestar ajuda à população para a qual o senhor deu as costas. Já é possível ver na TV reportagens mostrando pequenos empresários doando às comunidades carentes, material de higiene pessoal. Os mesmos que chamaram a presidente Dilma Rousseff de “vaca” e bateram panelas para derrubá-la. E até megaempresários.
Soube-se há pouco, por carta endereçada à sociedade brasileira, (emitida pela reitora Denise Pires de Carvalho), que Jorge Paulo Lemann, o empresário suíço-brasileiro considerado pela Forbes em 2019 como o segundo homem mais rico do Brasil, com uma fortuna estimada em US$ 22,8 bilhões, e dono da maior cervejaria do mundo, a AB Inbev, está colaborando desde o dia 19 deste mês, equipamentos à disposição da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Isto, para ajudar no preparo do álcool 70%, artigo de primeira necessidade nos hospitais e enfermarias.
A sede de poder de Bolsonaro não o deixa ver que está ficando isolado. Sua escalada rumo ao autoritarismo e a sua sede de poder, neste momento, se assemelha à do personagem Fausto – da obra que consagrou Goethe –, se dirigindo a Mefistófeles, a quem vendeu a própria alma: “Com amargor desperto em todas as auroras/ Devo sempre chorar tantas lágrimas, oh!/Até chegar o dia, em que em tão breves horas/ Não veja insatisfeito um só desejo, um só!
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