O milagre brasileiro
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Deus é brasileiro e bem que poderia dar um jeitinho. Nossa! Um alívio a consciências indignadas que rezam muito. Com um milagrinho Jesus mataria a fome do país!
Ou poderia ao menos nos ajudar a pagar o IPVA deste mês! Esse “milagre do IPVA” existe, mas somente para os proprietários de jatinhos, aviões, helicópteros, barcos, motos aquáticas e iates, isentados do IPVA. Já viu pobre de jatinho particular?
No final de 2022, o Impostômetro, ferramenta criada pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), detectou que os cidadãos brasileiros pagaram mais de R$2,5 trilhões em impostos. Essa ferramenta é a soma de todas as contribuições do país, porém não especifica quais classes pagam mais impostos, é uma soma de todas as classes, mas advinha quem paga?
Nos anos setenta do século passado, o Milagre brasileiro tinha a máxima seguinte: “primeiro esperar o bolo crescer para depois distribuir”. Tem gente esperando até hoje. Outra frase que pegou em trocadilho sexista falso foi: “a parte mais sensível do corpo é o bolso”. Pelos evangelhos, o “estômago” é a parte mais sensível do corpo e da multidão desfalecida de yanomamis.
O bolso era figura para poupança mesmo com o tostão do pequeno poupador, exportar ainda que sem valor agregado, fazer caixa, captar recursos. Os militares queriam obras faraônicas, do Brasil grande, até que a crise do petróleo de 1973 chegou por aqui e o bolo de vento desandou de vez. Indígenas morriam pela comida contaminada de gripe na Transamazônica, hoje de fome e contaminação pelo mercúrio da mineração.
O Brasil, que tem muitos pobres, não é pobre. É um país muito rico e estruturalmente desigual, desde a escravidão que se perpetua. O problema não é o crescimento do bolo, é que do bolo, o que fica ao pobre, quando fica, são suas migalhas.
O mercado não se preocupa com quem mais paga os impostos e chama cinicamente de gastança os investimentos em Educação, Saúde, Moradia, programas de melhorias e de assistência popular. Os tecnocratas dão primazia às aplicações em bolsa, mesmo a ações valorizadas por balanços duvidosos como nos recentes escândalos, investindo do que é captado do suor alheio.
Jesus não fez nenhuma multiplicação de pães ou peixes. Lamento concordar com os estudiosos do gênero teológico, de que Jesus não fez isso. Ele fez um milagre maior, mas não este. Seu milagre é bem mais difícil de se fazer e a realidade histórica prova isso. Um milagre é algo real, não um jogo de mágicos, pois muda profundamente vidas. As pessoas voltaram a ter fome após a “multiplicação de pães”, assim como Lázaro morreu depois de ser “reanimado da tumba”, mas o milagre foi efetivo para imprimir caráter tanto da partilha como do sentido de vida. Todos temos fome como os yanomamis e por que eles não comem?
O milagre de Jesus foi conseguir que toda aquela gente dividisse o alimento de viagem. O milagre foi promover a repartir e não multiplicar!
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