O marqueteiro e a delação olímpica

Nada do narrado espanta. Apenas uma observação: em que delírio megalomaníaco vive o senhor João Santana para se acreditar capaz de alcançar a reputação de Dilma Rousseff?

Joao Santana, Brazilian President Dilma Rousseff's campaign chief, is escorted by federal police officers as he leaves the Institute of Forensic Science in Curitiba, Brazil, February 23, 2016. REUTERS/Rodolfo Buhrer TPX IMAGES OF THE DAY
Joao Santana, Brazilian President Dilma Rousseff's campaign chief, is escorted by federal police officers as he leaves the Institute of Forensic Science in Curitiba, Brazil, February 23, 2016. REUTERS/Rodolfo Buhrer TPX IMAGES OF THE DAY (Foto: Wanderley Guilherme dos Santos)


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O senhor João Santana decifrou as regras curitibanas de delação premiada. Reconheceu manter conta bancária no exterior, na qual teria recebido pagamento por serviços prestados à campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014. Nas duas oportunidades estava ciente de cometer crime fiscal e de que os volumes pecuniários que aceitava pertenciam ao ilícito catalogado como “caixa 2”. Não consta em matérias jornalísticas se teria resistido às formas de pagamento – dinheiro não contabilizado oficialmente, depositado no exterior, em moeda estrangeira -, nem se buscou alternativa de trabalho em condições compatíveis com a legislação brasileira. Mas acrescentou que mentira no primeiro dia de sua prisão porque não queria destruir a imagem da presidente Dilma Rousseff. Justificou participar do acordo por não haver alternativa, pois de outro modo não teria condições de competir. Fica esclarecido que João Santana, e, segundo ele, todos os marqueteiros, foram obrigados a aceitar quantias astronômicas pelas ficções das campanhas, pressionados por tesoureiros ansiosos para distribuir milhões de dólares roubados às empresas estatais. Não está nos jornais, mas é de imaginar que a negociação dos contratos se iniciava com o senhor João Santana indagando a João Vaccari quanto ele, marqueteiro, deveria cobrar pelos serviços futuros. Vaccari, então, com empreiteiros, estimavam a soma a desviar das obras do governo, modalidade de arriscadíssimo esporte radical, ditando ao obediente senhor João Santana, sob a ameaça de perda de emprego, os valores em dólares a serem embolsados por ele, no exterior, como pagamento.

O Juiz, doutor Sergio Moro, ouviu e mandou lavrar a confissão, nada estranhando. O senhor João Santana saiu-se incomparavelmente melhor do que outros patuscos premiados. Está em Curitiba, aguardando a tornozeleira de praxe. Afinal, trata-se de um campeão de sordidez, vencendo com folgas a vilania dos demais ladrões.

Nada do narrado espanta. Apenas uma observação: em que delírio megalomaníaco vive o senhor João Santana para se acreditar capaz de alcançar a reputação de Dilma Rousseff?

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