O projeto colonial reúne aspectos econômicos, políticos e culturais. Desde a chegada dos europeus, desenvolve-se esse projeto no Brasil. Tem sido um sucesso esse projeto de exploração e exportação predatória do pau brasil, açúcar, borracha, minérios, carnes e chegamos agora ao ápice, o petróleo.
Para gerenciar o projeto nos trópicos são recrutados "os melhores" nativos. Eles são formados nas melhores escolas, são bem nutridos e falam a língua do colonizador. Seu papel é garantir a máxima eficiência ao empreendimento, exportar aos menores custos para a metrópole. Portugueses, ingleses, americanos (e agora chineses?) sabem selecionar os seus feitores. No início o braço direito do Senhor de Engenho, hoje os políticos, executivos nas estatais e agências reguladoras, banqueiros e administradores de fundos de investimento. Como disse Cazuza, são os caboclos que pensam ser ingleses.
O empreendimento colonial às vezes encontra percalços, alguns nativos pensam em se apropriar dos recursos naturais locais. Querem usar os recursos para o desenvolvimento de uma sociedade digna, justa e fraterna. São desordeiros que clamam por independência e soberania. Querem usar os recursos e se apropriar de suas rendas, ousam chamar a colônia de Pátria. Para evitar a ocorrência desses eventos "terroristas" é preciso desenvolver a mentalidade colonial. Na cabeça do colonizado só pode entrar a lógica do colonizador.
Vamos então repetir: o petróleo é sujo, não tem serventia e já está sendo substituído por alternativas mais limpas e eficazes, é uma mercadoria qualquer, deve ser produzido a toque de caixa e trocado por dólares (mesmo que sem lastro). Para produzir o mais rápido possível precisamos do capital e das tecnologias estrangeiras, as multinacionais, privadas e estatais, podem nos ajudar a carregar esse fardo. Desse maldito petróleo logo nos livramos, é um mico sem valor.
O entreguista é este colonizado, entregou o pau brasil, o ouro, a prata e hoje entrega o petróleo. Antes em troca de espelhos, agora por smart phones ou viagens para Miami.
Nesta quarta-feira 27 a ANP, sob os aplausos da atual direção da Petrobras, realizou a 14a Rodada de Licitações de Petróleo e Gás. São 287 blocos em áreas do pré-sal, pós-sal e terrestres. Para outubro, na segunda rodada de partilha do pré-sal, as empresas habilitadas são ExxonMobil (EUA), Petrogal Brasil (Portugal), Petrobras (Brasil), Petronas Carigali (Malásia), Repsol Sinopec Brasil (Espanha), Shell Brasil Petróleo (Reino Unido), Statoil Brasil Óleo e Gás (Noruega) e Total E&P do Brasil (França). Para a terceira rodada, as companhias são BP Energy do Brasil (Reino Unido), CNODC Brasil Petróleo e Gás (China), ExxonMobil Exploração Brasil (EUA), Petrogal Brasil (Portugal), Petrobras (Brasil), QPI Brasil Petróleo (Qatar), Petronas Carigali (Malásia), Repsol (Espanha), Shell Brasil Petróleo (Reino Unido), Statoil Brasil Óleo e Gás (Noruega) e Total E&P do Brasil (França).
O artigo termina, mas a História não acaba aqui.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247