O lucro da Globo já estava garantido
Só com os patrocinadores a emissora embolsou R$ 1,44 bilhão. É o nosso capitalismo sui generis: a empresa detona o próprio produto que não afeta em nada seu lucro
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De todas as previsões sobre a Copa - quase 100% apocalípticas -, a única que se confirmou foi a da presidente Dilma: "esta será a Copa das Copas". Quem comprova são torcedores experientes que apontam a Copa brasileira como a melhor da história.
Para o irlandês Daniel Sheahian, de 55 anos, que já participou de oito mundiais, "a atual Copa do Mundo está sendo a melhor de todas". "É muito superior tanto dentro como fora de campo", diz o equatoriano Carlos Rodríguez. "Uma coisa que me chama a atenção é o fato de ela [Copa] estar sendo totalmente diferente do que vinha sendo mostrado pela imprensa", disse Rodríguez.
A mídia tradicional, que tanto apostou e investiu no fracasso do evento para atingir o governo, amarga outras derrotas: o acesso de muitas pessoas aos canais fechados fez desabar a audiência da Globo, como divulgou o Ibope; o desabafo de José Trajano, da ESPN Brasil, que viralizou na internet depois que ele enquadrou quatro colunistas-empresa por semearem o ódio entre os brasileiros; um outro da Veja – me recuso a dar nome aos bois – que fez uma associação entre o PT, o vermelho na logo oficial da Copa e o socialismo, causando risadas entre os correspondentes estrangeiros; e a incrível entrevista com o "falso" Felipão feita por um colunista da Folha e Globo, que, pela sua enorme experiência profissional, pode-se dizer que cometeu a maior barriga do jornalismo brasileiro.
Mas nossa mídia não perde a pose. A TV Globo, que sempre teve o monopólio sobre os direitos de transmissão das Copas e achincalhou o evento até onde pôde, já sabia que ia faturar muito. Só com os patrocinadores a emissora embolsou R$ 1,44 bilhão. É o nosso capitalismo sui generis: a empresa detona o próprio produto que não afeta em nada seu lucro.
E os outros setores que interagem na realização da Copa e não tem o retorno garantido que só a TV Globo possui? Muitos foram afetados pela campanha negativa de nossa imprensa que abusou em sujar a imagem do país. Como ficam, por exemplo, as companhias de turismo e a rede hoteleira que sofreram com muitos cancelamentos e depois tiveram que se desdobrar para atender aos que vieram em cima da hora pelo sucesso da competição?
E ainda chega a Miriam Leitão – Rede Globo, jornal Globo, portal Globo etc – e diz que "não está acontecendo o que ocorreu em outros países, que é um grande crescimento da economia e do emprego na época da Copa". Sem comentários.
Enquanto todas as empresas lutam para sobreviver no acirrado mundo capitalista, a mídia brasileira reina absoluta em sua reserva de mercado. A concorrência só vale para os outros.
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