O levante das mulheres contra o fascismo
"Mais de um milhão de mulheres, eleitoras de Amoêdo a Haddad, estão organizadas pelo Facebook para dizer que não aceitarão submissão, machismo, misoginia, racismo e a quaisquer outros abusos que atentem contra sua dignidade, representados pela candidatura de Jair Bolsonaro", avalia o jornalista Aquiles Lins, editor do 247, sobre o grupo "Mulheres Unidas contra Bolsonaro"; "As mulheres estão mostrando que serão decisivas nesta batalha que democraticamente vai expurgar a ameaça do fascismo de chegar à Presidência"
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A manifestação mais contundente contra os retrocessos civilizatórios representados pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) a presidente não está vindo de seus candidatos adversários. Mas de mulheres. Mulheres de diferentes partes do Brasil, de distintos sotaques e posições políticas até antagônicas, organizadas em um grupo no Facebook chamado "Mulheres Unidas Contra Bolsonaro", que em menos de uma semana já soma 1,1 milhão de pessoas.
O fio que está unindo eleitoras de João Amoêdo (Novo), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Fernando Haddad (PT) e outros é o repúdio à submissão, ao machismo, à misoginia, ao racismo e a quaisquer outros abusos que atentem contra sua dignidade.
Uma das administradoras do grupo, Ludmila Teixeira, comemorou o fortalecimento que o grupo vem obtendo. "O primeiro milhão de mulheres contra o Bolsonaro! É uma marca histórica em meio a tantos retrocessos e perseguições políticas! Estamos muito felizes de poder fazer parte deste momento, não está sendo fácil, mais aos poucos vamos conseguir mudar a realidade. Que esse marco seja também uma homenagem a nossas antepassadas, que com muita luta conseguiram colocar a mulher como ser político dentro da sociedade. Nosso discurso não bate, argumenta, não pune ... ensina!", disse ela.
A comemoração não é para menos. Dos 147,3 milhões de eleitores aptos a participar das próximas eleições, 52% deste total, ou 77 milhões, são mulheres, que não abrem mais mão do reconhecimento conquistado a duras penas pelo Estado.
Elas estão conscientes de que votar em Jair Bolsonaro é na prática ofender as mulheres, é defender um futuro pior para suas filhas. Muita mobilização, articulação e pressão popular por leis e garantias institucionais para as mulheres já foram feitas neste País para se admitir um presidente da República que diz que deu uma "fraquejada" pela filha não ter nascido homem. Ou que o Estado não deve intervir para que mulheres tenham o mesmo salário exercendo as mesmas funções que um homem.
Jair Bolsonaro não tem nenhuma proposta que promova a autonomia, a participação e o protagonismo das mulheres, que além de maioria entre os eleitores também são maioria na nossa população. Bolsonaro minimizou o brutal assassinato da vereadora carioca Marielle Franco, do PSOL, crime ainda não solucionado pelo Estado depois de seis meses. Bolsonaro propõe, isso sim, liberar o porte de armas no país onde doze mulheres são assassinadas todos os dias, em média. Só em 2017, foram 4.473 homicídios dolosos, sendo 946 feminicídios, ou seja, casos de mulheres mortas em crimes de ódio motivados pela condição de gênero.
O grupo "Mulheres Unidas contra Bolsonaro" é fechado e aceita apenas mulheres, cis e trans e recebe cerca de 10 mil pedidos de adesão a cada hora. Entre elas estão esposas, namoradas, companheiras de eleitores do candidato da extrema-direita. Que este movimento cresça cada vez mais, ganhe as ruas e mostre tanto ao País quanto ao mundo que o Brasil não irá retornar à barbárie. As mulheres estão indicando que serão decisivas nesta batalha que, democraticamente, vai expurgar a ameaça do fascismo, do machismo, do racismo e da homofobia de chegar à Presidência.
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