O leilão do pré-sal e a reeleição de Dilma

É melhor deixar os 15 bilhões quietinhos seis ou sete quilômetros abaixo da linha d'água do que começar a meter a mão nessa grana com um único objetivo: o de reeleger Dilma Roussef



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Acho que o presidente, ou melhor, o ex-presidente Lula, exagerou um pouco quando disse, na Argentina, que a mídia tradicional nunca lhe deu uma manchete positiva.

Não é verdade, senhor Lula. Lembra o carnaval que fizemos (plural majestático) quando o senhor anunciou as reservas fabulosas do pré-sal?

O Brasil todo, da direita à esquerda, comemorou.

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Eu sou capaz de apostar que, qualquer que tenha sido a manchete do Globo, até o Merval, no íntimo, deve ter sentido uma ponta de orgulho por ser brasileiro.

Antes já havia acontecido outro episódio, o do biodiesel, comemorado após seu anúncio de que o Brasil havia inventado, graças ao seu governo, a "gasolina verde".

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Pena que ninguém mais fale no tal biodiesel que foi, e continua sendo, diga-se, assunto de interesse mundial.

Pena também que o petróleo do pré-sal continue nas profundezas do oceano. Pois é... por quê?

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Primeiro porque, ao descobrir essa riqueza imensa de óleo adormecido no fundo do mar, algum seu amigo, muito ganancioso, sugeriu uma mudança nas regras de exploração do petróleo, inventando a tal da partilha além de exigir que os futuros sócios participassem dessa partilha com um alto percentual de tecnologia nacional.

Aí, deu no que deu.

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A Petrobrás não tem essas tecnologia. As companhias de grande porte ainda não dominam com segurança a exploração das águas profundas.

Assim os chamados grandes exploradores do óleo preferiram desistir de participar do Leilão do Campo de Libra, o primeiro investimento pesado no pré-sal.

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O leilão será realizado na segunda-feira, com a participação de consórcios de segunda linha, inclusive chineses.

Eu disse será realizado. Ou seria realizado.

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O Diretor da Federação dos Petroleiros, senhor Francisco José de Oliveira, acha que tamanha riqueza – avaliada em 15 bilhões de barris não pode simplesmente ser leiloada sem passar antes por um amplo debate com a sociedade brasileira.

Leia-se Congresso Nacional, movimentos sociais, sindicatos e associações. Leia-se também alongadas discussões sobre onde e como aplicar os recursos do pré-sal.

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Francisco José já amealhou uma lista de mais de 200 parlamentares, inclusive do PT, favoráveis a essa discussão ampla, e não aceita apenas a garantia de um ministro de que os recursos irão para a educação e saúde. Mas não tem esperança de ir avante dadas as pressões palacianas.

Cansado, decretou greve em 16 refinarias.

Já, por outro vetor, mas também contrarias ao leilão, levantaram-se vozes respeitáveis.

Entre elas a do professor Ildo Sauer, ex-diretor de Gás e Energia da Petrobras, conhecido pelo seu fervor nacionalista.

Ildo Sauer acha que um leilão feito às pressas do Campo de Libra interessa à basicamente política energética norte-americana, que não tem assegurado o seu abastecimento nem mesmo com a recente descoberta do gás do xisto, que parece ser abundante também nos EUA.

Eu, daqui desse meu cantinho, concordo com o professor Ildo Sauer e com o Presidente da Federação Única dos Petroleiros, Francisco José, por uma terceira razão e pragmática razão.

É melhor deixar os 15 bilhões quietinhos seis ou sete quilômetros abaixo da linha d'água do que começar a meter a mão nessa grana com um único objetivo: o de reeleger Dilma Roussef.

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