O legítimo protagonismo do PT

O PT deu um importante passo para a formação da frente, apresentando-se para o debate, ao mesmo tempo em que coloca uma pedra sobre a suspeita da sua legitimidade de concorrer a Presidência da República e demonstra que está focado no combate às crises que assolam o Brasil



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Há um falso debate na sociedade questionando a legitimidade do Partido dos Trabalhadores de lançar candidato à Presidência da República. Não existe dilema e o debate é um grande vazio de afirmações estanques que interessam à direita. A discussão não avança, o tempo passa e torna-se mais complexa a formação de uma aliança capaz de barrar o bolsonarismo e o ultraliberalismo que destroem o Brasil. A esquerda é farta de quadros extremamente qualificados para presidir o país, que devem se apresentar para enriquecer ainda mais um debate que não pode perder de vista uma condição. Por mais competentes que sejam, e o são, é preciso ter voto para se eleito.

Dos candidatos da esquerda, nas eleições de 2018, o mais votado foi Fernando Haddad. Ele chegou ao segundo turno e só não venceu devido à campanha fraudulenta e imunda de Bolsonaro. Quem questiona o potencial do ex-prefeito de São Paulo é porque não sabe que ele foi eleito o melhor prefeito da América Latina, deixou R$ 6 bilhões no caixa da Prefeitura e levou cidadania à periferia. Sua candidatura foi registrada no limite do prazo porque havia a esperança de que o TSE permitisse ao presidente Lula concorrer. Desde o início, Haddad foi criticado à direita e à esquerda. De minuto em minuto, a imprensa comercial evidenciava a baixa intenção de votos no professor, até ser obrigada a reconhecer que ele iria ao segundo turno. Enfim, 44,87% dos eleitores, votaram nele.

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O fato mais impressionante da campanha foi a rutilante e inescondível força do seu cabo eleitoral. De dentro de uma cela, trancafiado por uma quadrilha que destruiu o Brasil, Lula mobilizou mais de 47 milhões de brasileiros a votarem no professor. Os outros candidatos da esquerda, em que pese a incontestável excelência de cada um, não tiveram o mais objetivo elemento para se eleger, o voto. Esse fato solapa os questionamentos quanto ao capital político de Lula e o direito do PT de disputar o espaço político. O período de maior bonança da classe trabalhadora não foi apagado da sua memória. Durante a campanha, o ex-prefeito proferiu uma frase que sintetiza os governos do PT. Segundo ele, o partido tirou o pai da fome e colocou o filho na universidade. A população até não entende, mas sente na carne os efeitos do bolsonarismo.

Os outros partidos de esquerda têm todas as competências para fazer excelentes governos. Contudo, ao longo de 23 anos, sob a histórica e monumental concentração de poderes econômico e político deste país, foi o PT quem construiu um candidato que se elegeu, em 2002, com quase 47% dos votos. É desnecessário relatar os avanços experimentados pela quase totalidade da população. Foi quando os ricos ficaram ainda mais ricos. Contudo, mais de 40 milhões de brasileiros passaram a fazer, pelo menos, três refeições por dia porque teve governos que optaram pela população e não pelos banqueiros. Os presidentes Lula e Dilma fizeram o Brasil ser respeitado e não o transformaram num pária. Embora fosse dispensável dizer, não existe uma força política no Brasil que possa questionar a legitimidade do PT como um dos protagonistas do cenário político.

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Os editoriais e os colunistas dos grandes jornais não se decidem se Lula e o PT desapareceram, acabaram, ou se os dois usam do tamanho e da força política para prevalecer os seus programas. Sim, além de todo serviço prestado ao país, o partido tem propostas para tirá-lo das crises em que o bolsonarismo colocou o Brasil. Seria ingenuidade de qualquer personagem político acreditar que, com o capital que tem, o PT se apresentaria como coadjuvante do debate sobre o Brasil. Nesse sentido, acredito que esse falso debate deva ser superado pelas forças da esquerda para se formar, o quanto antes, a frente necessária para derrotar a negação de política, o fascismo e o desmantelamento das competências produtivas do Brasil, construídas com o suor e o sangue da população, que estão sendo entregues ao desenvolvimento de outros povos.

Lula, sempre um passo à frente, conseguiu o seu objetivo de pautar a imprensa que representa os 10% que bradaram aos quatro ventos a contrariedade deles com o atrevimento do presidente que terminou o mandato com mais de 80% de aprovação. A gritaria revela o pavor e o ódio da classe dominante da possibilidade de o PT vencer as eleições, em 2022. Contudo, para além das eleições, antes e depois de lançar Haddad, Lula apontou, como prioridade entre as tarefas das forças progressistas deste país, não descansar enquanto toda a população não estiver vacinada e os R$ 600 do auxílio emergencial não forem restabelecidos. Enfim, o PT deu um importante passo para a formação da frente, apresentando-se para o debate, ao mesmo tempo em que coloca uma pedra sobre a suspeita da sua legitimidade de concorrer a Presidência da República e demonstra que está focado no combate às crises que assolam o Brasil.

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