O legado de Fidel para o mundo multipolar e a luta anti-imperialista

Revolucionário, construtor do socialismo, teórico da luta popular, Fidel foi grande estadista e deixou lições para a diplomacia cubana, escreve José Reinaldo

Monumento a Fidel iaugurado em Moscou
Monumento a Fidel iaugurado em Moscou (Foto: reprodução)


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Por José Reinaldo Carvalho - O 25 de novembro será para sempre um dia triste, de luto, para o povo cubano e os povos de todo o mundo. Num dia como este, em 2016, faleceu o Comandante Fidel Castro, aos 90 anos.

Fidel foi uma lúcida personalidade, a voz poderosa na denúncia dos crimes do imperialismo, o pensamento clarividente na interpretação dos problemas políticos e socioeconômicos e a opinião percuciente a orientar os povos na luta por liberdade, independência, progresso social e socialismo.

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Fidel foi um líder revolucionário e um formulador teórico, portador de um sentimento e uma concepção política internacionalista, que se expressou em ações solidárias em favor dos povos no combate à opressão e exploração do sistema imperialista. 

Fidel se destacou também como um talentoso chefe de governo e estadista. Os seus princípios internacionalistas embasaram a ação do Estado cubano no palco mundial, fundaram uma nova diplomacia que amplificou a voz do seu país no mundo e cimentou sólidos relacionamentos com destacados estadistas, independentemente de diferenças de posições ideológicas. Por isso, sempre foi depositário da confiança política das mais diversas personalidades mundiais. Mesmo os adversários mais ferrenhos reconheciam sua força e o respeitavam. Seu prestígio se espalhou por todo o orbe e permanecerá nos tempos. 

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Uma demonstração nos últimos dias do prestígio de Fidel foi a homenagem que lhe prestou o presidente Vladimir Putin, em nome do grande povo russo. A Federação Russa inaugurou na praça que leva o seu nome um monumento ao destacado estadista, que muito se empenhou para forjar laços inquebrantáveis de amizade entre os povos russo e cubano. 

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Na inauguração do imponente e belo monumento, na presença do presidente da República de Cuba, Miguel Díaz-Canel, o presidente russo pronunciou sentidas palavras que dão uma clara demonstração de como são vistos o Comandante histórico da Revolução cubana e o papel que desempenhou na história mundial. 

"Fidel Castro dedicou toda a sua vida à luta pelos ideais de bem, paz e justiça, pela liberdade dos povos oprimidos, por uma vida digna para o povo e pela igualdade social", disse o chefe do Kremlin.

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"Ele é um dos líderes mais brilhantes e carismáticos do turbulento e dramático século 20, uma figura verdadeiramente lendária, um símbolo de uma era de movimentos de libertação nacional, do colapso do sistema colonial e da criação de novos Estados latino-americanos e africanos independentes!" - salientou. 

Putin recordou que se encontrou diversas vezes com Fidel e sublinhou a sabedoria do Comandante: "Tive a sorte de encontrar Fidel Castro em várias ocasiões, e minhas lembranças são de conversas de horas com ele, especialmente nossa última conversa em julho de 2014. Ele falou de coisas notavelmente sintonizadas com os tempos, o tempo do surgimento de uma ordem mundial multipolar: que a independência e a dignidade não são negociadas, que cada nação tem o direito de se desenvolver livremente, de escolher seu próprio caminho e que, em um mundo verdadeiramente justo, não há lugar para ditames, saques e neocolonialismo. Ele era um homem de conhecimento enciclopédico, um homem com uma profunda compreensão dos acontecimentos, um homem com uma mente afiada, um homem de precisão".

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"Fidel era um amigo incondicional de nosso país", asseverou o presidente da potência euro-asiática. "A amizade russo-cubana que Fidel Castro nos legou é propriedade comum de nossos povos". 

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Coube ao presidente Díaz-Canel, que é também primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, receber e enriquecer esta herança. 

E o faz com talento, combinando os princípios revolucionários com agudo sentido da realidade e do momento histórico, uma compreensão abrangente e precisa da atual conjuntura e das tendências do seu desenvolvimento. 

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Isto se expressa no périplo que realiza por estes dias o presidente cubano, que o levou à Argélia, Rússia, Turquia e agora China, onde chegou nesta quinta-feira (24). 

O presidente da República de Cuba destacou o papel desempenhado pela Federação Russa, que "apoiamos, porque queremos que o mundo mude, que o mundo caminhe em direção à multipolaridade". 

Ao dizer isto, Díaz-Canel apontou o traço fundamental da presente época - a emergência da multipolaridade e a peculiaridade atual da luta anti-imperialista. Nesta é indispensável contar com a Federação Russa.

Para além disso, a cooperação bilateral, baseada em tradicionais laços de amizade, foi uma tônica do encontro do líder da nação caribenha com o presidente do país euro-asiático. "Vocês sabem que a Rússia e a União Soviética apoiaram o povo cubano em sua luta pela soberania, pela independência; sempre fomos contra o bloqueio e apoiamos Cuba em plataformas internacionais, e vemos que Cuba também mantém uma atitude semelhante em relação ao nosso país", disse um solidário Putin, que de novo ressaltou o papel de Fidel: "Isto é o resultado da tradicional amizade fundada pelo Comandante-em-chefe Fidel Castro, em cuja homenagem dedicamos um monumento que é uma obra de arte, a imagem de um lutador". 

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 A última etapa da maratona diplomática do mandatário cubano é a China. Cuba e China são dois países socialistas que constituem uma força política e ideológica e como tal são referências na luta anti-imperialista e pela construção da nova sociedade. Com características e caminhos peculiares, juntos os dois países contribuem para manter a perspectiva socialista e desbravar novos caminhos pela emancipação dos povos e nações. 

Nas novas condições políticas do mundo Cuba e China contribuem para a multipolaridade, que se expressará inevitavelmente em esforços conjugados pelo soerguimento de um novo sistema internacional, uma nova ordem econômica baseada na justiça e no desenvolvimento compartilhado. 

Cuba tem lutado ao longo de mais de seis décadas contra o cruel bloqueio imposto pelo imperialismo estadunidense, graças ao heroísmo de seu povo, à firme direção política estratégica de sua força de vanguarda, o Partido Comunista de Cuba e a seu sistema de governo. 

No emergente mundo multipolar serão ferramentas essenciais também a ação política intensa no cenário internacional e as artes da diplomacia. Como demonstra o périplo presidencial dos últimos dias, Cuba está bem servida e no bom caminho. 

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