O lavajatismo da mídia ressurge com Lula e Tacla Duran
Quando é Tacla Duran quem aponta para Moro e Deltan, o que antes era excesso vira subitamente proibição e silêncio. Está certo Lula de denunciar uma armação
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Demorou quase 24 horas para a Globo suspender a censura sobre o depoimento do advogado Tacla Duran, que aponta Sergio Moro e Deltan Dallagnol como extorsionários durante a Lava Jato.
Aguardado por semanas, o noticiário do depoimento foi escondido nas páginas internas pela Folha e o Estadão. Nos veículos do conglomerado Globo, ele simplesmente não existiu.
Na mídia independente, como este 247, ele fez manchetes, recheou transmissões, conduziu o noticiário e as repercussões. Foi um dos principais assuntos das redes sociais.
A Globo, que vinha sendo menos agressiva que o habitual neste início de governo petista, mudou nas últimas duas semanas.
É que Lula, na entrevista a este 247 e na declaração em Itaguaí, atacou Moro, chamando-o de volta aos holofotes.
Tacla Duran, também sobre Moro, completou com um grão de sal, a semana do ex-juiz suspeito de Curitiba.
A Globo e toda a mídia lavajatista foi sócia íntima de Moro e Dallagnol nas tramas da Lava-Jato. Até hoje essa colaboração não foi assunto de autocrítica dos veículos envolvidos, o que já foi cobrado até pelo ministro Gilmar Mendes.
Agora, ao contrário, bastou Lula na entrevista a este 247 desabafar com um palavrão pelo sofreu, manifestar emoção, lembrar do desejo passado de vingança contra seu algoz, para o lavajatismo da mídia corporativa retornar com plena força.
Em Itaguaí, já reagindo a um cheiro de conspiração midiática tipo Celso Daniel para vitimizar Moro e envolver o PT, Lula denunciou uma armação e mencionou mais uma vez o nome do tabu: Moro.
Foi o suficiente para manchetes, reportagens, notas e colunas comporem uma romaria de críticas às vezes enfeitadas de conselhos imperativos: "Esqueça Moro, Lula" virou um clichê. Não mexa com o nosso Moro, sentenciavam em cascata os peritos de boas maneiras políticos.
Agora, quando é Tacla Duran quem aponta para Moro e Deltan, o que antes era excesso vira subitamente proibição e silêncio.
Está certo Lula de denunciar uma armação. Quando Moro entra no foco, afinidades criminosas levam a mídia lavajatista a usar o velho cachimbo.
Na última vez em que isso ocorreu, Lula foi proibido de ocupar a Casa Civil e Dilma acabou sofrendo um golpe. O ex-presidente ficou preso 580 dias e foi proibido de concorrer em 2018. Veio Bolsonaro.
Não demorou para que algumas peças daquele período voltassem a se aproximar agora, ainda no começo do terceiro mandato. Como se obedecessem a uma natureza incorrigível, que insiste em assombrar o país e seu presidente.
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