O jogo é jogado e o lambari é pescado
Não se pode esquecer que quem ganhou as eleições em 2002, 2006, 2010, 2014 e 2022 foi o projeto de país que Lula busca colocar novamente em marcha
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Para eles [a elite], o Brasil não tem saída a não ser se integrar no mundo norte-americano, sob sua hegemonia – inclusive cultural. Não bastasse a já nefasta dominação que exercem sobre o país via monopólio da informação...” Zé Dirceu
O “jogo é jogado e o lambari é pescado” é um conhecido dito popular, comumente usados em linguagem futebolística; refere-se a um jogo tão difícil com pescar um lambari, um dos peixes mais difíceis de serem pescados. Esse dito popular pode ser usado na quadra da política.
O GLOBO, ao criticar a iniciativa da Transpetro de constituir um grupo de trabalho com o objetivo de formular um plano para o Brasil voltar a construir navios, está “jogando o jogo” dos interesses privados; cabe ao governo jogar, sabendo que será uma partida dura.
A Transpetro é uma subsidiária, que opera uma rede de 8.500 quilômetros de gasodutos e oleodutos, é dona de terminais marítimos e de uma frota de navios mas, apesar de toda essa riqueza, que pode ser ampliada através do projeto citado, O GLOBO o critica e faz a defesa do modelo atual - dividendos altos e baixíssimo investimento -; vocalizando os interessas privados, especialmente, quando afirma que a constituição desse grupo de trabalho seria “evidência contundente de que o PT não parece ter aprendido nada com os erros que cometeu nos 13 anos em que ficou no Palácio do Planalto”.
Não sei que o PT aprendeu, mas a esquerda e a centro-esquerda aprenderam que: (i) não podem submeter-se ao hegemonismo petista; (ii) que não podem deixar-se seduzir pela cantilena liberal, pela lógica da eficiência ou (iii) fechar os olhos para a “corrupção real”, nem aceitar como verdade a “corrupção dos tolos”, cuja narrativa coube à Lava Jato e seus cúmplices.
Um parêntese. A Lava Jato e seus cúmplices - a mídia e o aparelho de Estado -, como escreveu Jessé Souza, fazem “o jogo de um capitalismo financeiro internacional e nacional ávido por “privatizar” a riqueza social...”.
A retórica do combate à corrupção e a criminalização da política, são cortina de fumaça para que não vejamos como a elite captura do Estado, e que combater a corrupção de verdade exige o enfrentamento à rapinagem da elite que busca tomar, pelo menor preço possível, a riqueza social, a capacidade de compra e de poupança de todos nós, para proveito dos oligopólios e atravessadores financeiros.
A elite nacional, que O GLOBO, a FOLHA e o ESTADÃO representam, não tem projeto para o Brasil, nunca teve; não lhes interessa fazer o debate correto e honesto, que seria dizer que com Lula, a indústria naval deu um salto de desenvolvimento e gerou 60 mil postos de empregos diretos em setores de alta tecnologia; que o setor estava abandonado pelos governos federais há pelo menos 30 anos; que o investimento na indústria naval criou a possibilidade de tornar o Brasil soberano, reduzir custos e gerar postos de trabalho; que em 2003, a indústria naval contava com apenas 2,5 mil vagas de emprego abertas, segundo dados da Petrobras e que dez anos depois, já eram 82 mil trabalhadores empregados no setor e milhares de postos de serviço indiretamente ligados a ele; que no primeiro ano de seu mandato Lula criou uma comissão dentro do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante para que parte do frete das embarcações fosse voltado à construção de uma indústria naval brasileira forte.
É evidente que erros - como a Sete Brasil e de planejamento ocorreram -, aconteceram e não podem se repetir.
Na época BNDES, gestor do Fundo da Marinha Mercante, liberou R$ 15 bilhões para reformas e construção de estaleiros, que fabricavam navios de bandeiras brasileiras; mais de 500 embarcações foram construídas e, entre 2002 e 2014, o número de plataformas de petróleo em operação passou de 36 para 82. No mesmo período, a infraestrutura de gasodutos cresceu de 5.417 km de extensão para 9.489 km e o Brasil se transformou numa das maiores indústrias navais do mundo graças aos investimentos, incluindo a descoberta do pré-sal em 2006 pela Petrobras.
Pergunto é pouco? Claro que não. E hoje o país poderia estar exportando navios e plataformas, não fosse o golpe sofrido de 2016, seguido da política criminosa de desinvestimento promovida pelos governos Temer e Bolsonaro que, só na indústria naval, dispensou cerca de 300 mil trabalhadores, empregados direta ou indiretamente.
Mas nada disso importa àqueles que, desde 1500, enriquecem sem projeto para o país; nossa elite extrativista, exploradora, colonizada e sempre quer as coisas para si, destinando apenas os restos para o país; nesse ponto caberia o ditado popular “Farinha pouca, meu pirão primeiro” se o Brasil não fosse tão rico e não tivesse muita farinha.
Há ainda o pacto entre a elite e a classe média - especialmente do Judiciário e de outras carreiras de Estado – que, sempre ciosa pela manutenção e ampliação de seus privilégios, impede o país de planejar a longo prazo.
Como escreveu Jessé Souza, “a elite dos proprietários mantém seu padrão predatório de sempre. A grilagem de terra, covarde e assassina como sempre, foi e ainda é uma espécie de acumulação primitiva de capital eterna no Brasil. Os grandes latifundiários aumentavam sua terra e riqueza pela ameaça e pelo assassinato de posseiros e vizinhos, como, aliás, acontece ainda hoje. Nada muda significativamente com a elite do dinheiro de hoje que compra o Parlamento, sentenças de juízes, a imprensa e o que mais for necessário (...) para manter seu bolso cheio. O que importa é garantir o saque ao orçamento, rapinar as riquezas nacionais(...)”.
E, para encerrar, não se pode esquecer que quem ganhou as eleições em 2002, 2006, 2010, 2014 e 2022 foi o projeto de país que Lula busca colocar novamente em marcha.
Essas são as reflexões.
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