O Islã e nós
Fundamentalistas e conservadores são os cristãos evangélicos pentecostais e neopentecostais, os católicos ultramontanos. Foram esses que apoiaram o nazifascismo de Mussolini e Hitler. Não os árabes e muçulmanos
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Há muita incompreensão e intolerância no Ocidente sobre as artes, a literatura, a ciência e a filosofia do Islã. Entende-se perfeitamente isso. O que se conhece aqui da cultura muçulmana é produto de uma "construção" discursiva ocidental produzida pelas agências de notícias e de espionagem contra aquilo que o mundo branco, cristão reformado e machocêntrico: "a barbárie do mundo árabe", contra a qual ergueu-se no Oriente Médio a última trincheira da civilização judaico-cristã - o Estado de israel.
A cultura muçulmana é muito antiga. Está associada à tomada de Constantinopla e a hegemonia árabe no continente europeu. Essa hegemonia caracterizou-se pela tolerância para com os cristãos (ao contrário do Cristianismo e suas cruzadas), pelo desenvolvimento da ciência, da filosofia e da história. E contribuiu muito para o desenvolvimento da península ibérica e a civilização brasileira.
Deve-se, por exemplo, a plasticidade e a tendência à miscigenação racial da nossa natureza social e cultural à influência árabe e muçulmana.
É graças ao tempero árabe que nos tornamos mais tolerantes e receptivos à mistura, ao caldeamento racial e étnico. Dos grupos afro-brasileiros, os mais avançados que chegaram ao Brasil foram os malês, na Bahia, educados no espírito do Islã. Quem nunca ouviu falar em Avicenas, Averroes, Ibd Kaldum, grandes nomes da cultura árabe? Só a ignorância e o preconceito justificam essa visão errônea e homogeneizadora do mundo islâmico. Uma coisa é a crítica ao fundamentalismo dos estados teocráticos, que fazem da "sharia" a lei civil. Outra coisa é uniformizar o anátema à cultura muçulmana e chamar todo árabe de terrorista.
Fundamentalistas e conservadores são os cristãos evangélicos pentecostais e neopentecostais, os católicos ultramontanos. Foram esses que apoiaram o nazifascismo de Mussolini e Hitler. Não os árabes e muçulmanos. Foi Max Weber que uniu o Cristianismo reformado ao espírito do Capitalismo. Foram os soberanos cristão da Europa que escravizaram, torturaram, mataram e exploraram milhões de pessoas na África, na Ásia e na América. E hoje, a grande nação do norte cristã e branca é a que oprime a humanidade.
Um pouco de tolerância e de cultura não faz mal a ninguém. Nem a esses papagaios das redes sociais.
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