O impossível consenso

Delegado Paulo Bilynskyj
Delegado Paulo Bilynskyj (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)


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Desde que se instalou o princípio da democracia representativa nos parlamentos ocidentais, iniciando-se na Inglaterra, partiu-se do princípio de que diferentes interesses, numa sala, podiam chegar a acertos comuns. Nos Estados Unidos, a República fundou-se em ideias semelhantes – e deu certo ou, pelo menos, atingiu os dias atuais, apesar do trumpismo, ainda perfeitamente energizada. Às vezes, soa impossível o consenso. Seres humanos se notabilizam por uma multiplicidade de pensamentos que, em vez de se aproximar, muitas vezes se afastam até o conflito, até a guerra. Paródias de tais situações podem ser vistas nos filmes Ensaio de orquestra, de Federico Fellini, e Encontro com Vênus, de Istvan Szabo, nos quais músicos reunidos dão a impressão de só exibirem controvérsias, antes que, ao fim, durante a apresentação, ouça-se algo que nos eleve a Deus. 

A atual Câmara dos Deputados, de ruidosa presença de bolsonaristas, oferece com dificuldade a noção que justifica e afirma os elementos da democracia representativa. São pessoas que ali se mostram armadas de um espírito belicista e provocador, indispostas contra a racionalidade. Pelo menos foi o que se demonstrou na sessão de discussões com o Ministro Flávio Dino, na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. Por pouco não se chegou a tapas e agressões físicas, tais as dissidências que lá se declararam, no meio da indisposição geral para ouvir argumentos e informações da parte da autoridade. A bancada da bala provou que não quer conversa. Presa ao postulado da “liberdade de opinião”, abaixou o nível quase ao absolutamente lamentável. Um dos deputados, delegado Paulo Bilynskyj, expôs sem pudor suas preferências políticas pela violência, quem sabe pelo nazismo, dizendo-se filho e neto de anticomunistas que lutaram na II Guerra a favor, logo se veio a saber pelas redes sociais, das... SS. Não se demorou a verificar também que o convidado, por mais competente que se revelasse, não conseguiria expor suas observações e anunciar medidas do governo. Na imitação de uma orquestra desafinada, os músicos se comportavam de forma impossível, como adolescentes rebeldes. Ao contrário das orquestras de Fellini e de Szabo, não se anunciava naquilo um resultado harmonioso pronto para se apresentar ao público. Tornou-se conveniente encerrar precocemente a sessão. 

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Na ótica do “prendo e arrebento”, a bancada da bala quer porque quer a liberdade absoluta, agora abandonada, de portar armas. O país já deu mostrar do perigo que corremos com semelhante orgia de tiros e violências. As medidas tomadas pelo governo contam com o apoio da maioria da população. Mesmo assim, lá estão eles, alguns agarrados à bandeira nacional, ditando regras que felizmente não retornarão na medida em que, transitando no território da consciência, não desejamos para o nosso cotidiano os massacres nas escolas e os excessos da teoria nazista na sua versão tupiniquim. Apesar dos pesares, no caos que determinou o fim da sessão, percebeu-se a superioridade intelectual do Ministro Flávio Dino. No plano da inteligência, não conseguiram derrotá-lo.

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