O impeachment que não terminou

"Enganaram-se os que pensavam, a começar por Temer, que bastaria haver uma votação de cartas marcadas para virar a página do impeachment, ele ser empossado e viajar para a China. Tudo indica que esse impeachment não terminou e não vai terminar tão cedo. Há 61 recursos no STF à espera de uma decisão que não me deixam mentir", afirma Alex Solnik; "Esse impeachment não terminou porque as dúvidas apontadas em seu nascimento não foram esclarecidas até o final e todos os princípios legais foram sepultados vivos, a começar do in dubio pro reu", ressalta o colunista; para ele, o impeachment também "não terminou porque logo em suas primeiras declarações Temer revelou toda a sua imensa falta de capacidade de comandar um país conflagrado"

"Enganaram-se os que pensavam, a começar por Temer, que bastaria haver uma votação de cartas marcadas para virar a página do impeachment, ele ser empossado e viajar para a China. Tudo indica que esse impeachment não terminou e não vai terminar tão cedo. Há 61 recursos no STF à espera de uma decisão que não me deixam mentir", afirma Alex Solnik; "Esse impeachment não terminou porque as dúvidas apontadas em seu nascimento não foram esclarecidas até o final e todos os princípios legais foram sepultados vivos, a começar do in dubio pro reu", ressalta o colunista; para ele, o impeachment também "não terminou porque logo em suas primeiras declarações Temer revelou toda a sua imensa falta de capacidade de comandar um país conflagrado"
"Enganaram-se os que pensavam, a começar por Temer, que bastaria haver uma votação de cartas marcadas para virar a página do impeachment, ele ser empossado e viajar para a China. Tudo indica que esse impeachment não terminou e não vai terminar tão cedo. Há 61 recursos no STF à espera de uma decisão que não me deixam mentir", afirma Alex Solnik; "Esse impeachment não terminou porque as dúvidas apontadas em seu nascimento não foram esclarecidas até o final e todos os princípios legais foram sepultados vivos, a começar do in dubio pro reu", ressalta o colunista; para ele, o impeachment também "não terminou porque logo em suas primeiras declarações Temer revelou toda a sua imensa falta de capacidade de comandar um país conflagrado" (Foto: Alex Solnik)


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Enganaram-se os que pensavam, a começar por Temer, que bastaria haver uma votação de cartas marcadas para virar a página do impeachment, ele ser empossado e viajar para a China. Tudo indica que esse impeachment não terminou e não vai terminar tão cedo. Há 61 recursos no STF à espera de uma decisão que não me deixam mentir.

Esse impeachment não terminou porque não deveria ter começado. Não havia motivos fortes o suficiente para ser iniciado em condições normais de tempo e temperatura.

Um presidente da Câmara normal, isento, cônscio da importância do seu cargo, íntegro, equilibrado e cuja personalidade não tivesse as características patológicas de Eduardo Cunha jamais teria deflagrado um processo que, além de espúrio e infame continha um potencial inflamável cujas consequências estão sendo confirmadas nas ruas de São Paulo.

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Esse impeachment não terminou porque foi, desde o berço, completamente diverso daquele de Fernando Collor, que começou com uma CPI, na qual os brasileiros conheceram os bastidores de um governo que deu as costas para a legalidade e cujos principais componentes cometeram uma coleção de arbitrariedades políticas e econômicas.

Havia um P.C. Farias, cujo assassinato misterioso ainda não foi esclarecido, para se dizer o mínimo.

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Ao contrário do caso atual, ninguém tinha dúvidas dos crimes de responsabilidade de Collor, que não foram apenas dois, razão pela qual não houve confronto de opiniões nem de militantes de um lado e de outro. Não havia dois lados, em suma. Nem duas interpretações da constituição. Não havia traidores, não havia luta pelo poder. Havia um presidente afogado num mar de lama de verdade. E outro que jamais conspirou contra ele e por isso assumiu sem o peso da punhalada nas costas, em condições de formar um governo acima dos partidos que foi recebido com aplausos. Por esse motivo tal impeachment jamais foi confundido com golpe.

Aqui, não. Aqui tratou-se de uma trama diabólica, torta, pontuada por decisões canhestras, com as marcas da vingança política, do desrespeito à cidadania, da orquestração, do conluio, da traição, da falta de caráter, do atropelo, da pressa, da falta de reflexão, do autoritarismo, da falta de inteligência. Tratou-se de uma batalha suja de uns partidos contra outros. De um enredo que se constituiu de trechos de obras de Shakespeare, Agatha Christie, Kafka, Becket e Zé do Caixão.

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Esse impeachment não terminou porque as dúvidas apontadas em seu nascimento não foram esclarecidas até o final e todos os princípios legais foram sepultados vivos, a começar do in dubio pro reu.

Esse impeachment não terminou porque seus juízes, além de estarem maculados, muitos deles, com processos judiciais – condição que qualquer tribunal de júri rejeitaria – tinham interesse direto no resultado e, no entanto, não se afastaram voluntariamente nem foram afastados pela suprema corte do país que participou do espetáculo de forma inconsequente, na figura de um presidente que, no momento mais grave da república brasileira deixou-se deslumbrar pelos salamaleques, revelou-se ausente nos momentos cruciais, prestando-se mais a conversar com sua "assessoria", trocando nomes e ainda produzindo piadinhas de mau gosto.

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O mais grave é que ele, o sr. Lewandowski, adotou um rito em que a perfeição foi sacrificada em nome da pressa, no que obedeceu à clara determinação de uma das partes, representada pelo governo biônico, preocupado não só com a viagem à China, mas em blindar o presidente e seus ministros, questionados por denúncias muito mais graves do que as apontadas contra a ré e nunca em benefícios para o país, cuja crise não só não foi contida como aumentou ainda mais.

O impeachment não terminou porque o resultado não agradou nem a gregos nem a troianos, somente confirmou a esquizofrenia de um julgamento no hospício, na definição precisa do presidente do Senado. Adotado o fatiamento da sentença confirmaram-se as dúvidas que pairaram sobre todo o processo e que estavam nas cabeças dos cidadãos anônimos e dos julgadores de ocasião.

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A ré foi declarada culpada e ao mesmo tempo inocente. Ou então culpada até certo ponto. Culpada, mas não criminosa. "Vamos derrubar sem dar coice", na definição mais uma vez incontestável do presidente do Senado. Aceitou-se todas as aberrações contanto que às 4 da tarde houvesse uma posse tão esfarrapada e feita a toque de caixa que até a faixa presidencial, o símbolo máximo do presidente da República, ficou de fora.

O impeachment não terminou porque os julgadores, na maioria, desqualificados, comandados por um presidente jocoso elegeram, de forma indireta, um presidente da República que está inelegível por decisão da Justiça e citado nominalmente por negociar propina em delações já divulgadas e nas ainda por divulgar em benefício de seu partido, conspurcando o cargo mais alto da nossa república.

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O impeachment não terminou porque logo em suas primeiras declarações Temer revelou toda a sua imensa falta de capacidade de comandar um país conflagrado, toda a sua falta de sensibilidade e de inteligência, dando a entender que, tal como no governo Collor, vai prevalecer o "bateu, levou", agora transformado em "derruba, mas não dá coice", que, como o país já viu, redundou num rotundo fracasso.

O impeachment não terminou porque o Brasil não aceita, como aceitou em 64, o retrocesso político, econômico e social. Não a 1964, mas a 1937. Getúlio inaugurou o Estado Novo; Temer tenta inaugurar o Novo Estado. Mas ele não é Getúlio.

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O impeachment não terminou e ninguém sabe quando vai terminar.

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