O homem mais poderoso do mundo
"Putin é hoje o homem mais poderoso e, por isso mesmo, o mais perigoso do mundo. Depende dele se o mundo terá guerra ou paz", analisa Alex Solnik
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“Igualar e superar a América”.
Esse era o mantra do governo soviético nos anos de transição de Stalin para Kruschev. E que eu ouvia a minha mãe repetir em casa.
As conquistas espaciais estavam por vir. Altos investimentos foram feitos até acontecer o evento que assombrou o mundo: a primeira viagem espacial de um ser humano, que imortalizou Yuri Gagarin.
Claro, os russos ficaram muito orgulhosos - “superamos a América” - mas orgulho não enche a barriga de ninguém. Minha mãe madrugava na fila do açougue com temperaturas abaixo de zero e não raramente, ao chegar sua vez, recebia um sonoro “niet”. A carne acabou.
Certa vez, eu com sete anos, perguntei à minha mãe como era a democracia. “Na democracia”, disse ela, “você entra na loja, pega o que precisa e não paga nada”.
As donas de casa invejavam as americanas que tinham aspirador de pó, liquidificador, enceradeira.
Tudo considerado luxo pelo governo. Supérfluo. Prioridade era produzir armas de longo alcance. Foguetes. E não enceradeiras.
Os dirigentes queriam igualar e superar a América na terra e no céu; o povo queria igualar e superar no conforto. Os sonhos americanos capitalistas também eram os sonhos das russas do regime comunista.
A questão “igualar e superar a América” ainda persiste. Não morreu com o fim da União Soviética. Os russos nunca engoliram e não toleram até hoje a versão alardeada por Hollywood de que os americanos, e não eles, ganharam a II Guerra Mundial.
Também nunca gostaram de ouvir que o presidente dos Estados Unidos é “o homem mais poderoso do mundo”. Principalmente Putin, que há vinte anos conduz os destinos dos russos como um czar. Ele também quer igualar e superar a América. Tem se comportado dessa forma na invasão da Ucrânia.
Sozinho no front, sem apoio militar sequer da China, além de enfrentar retoricamente, ainda ameaça a maioria dos países europeus e, last but not least, os Estados Unidos. Melhor dizendo, quase o mundo todo.
Seus inimigos reagem com sanções econômicas, fornecem armas à Ucrânia, mas não se atrevem a cutucar a onça com vara curta. Ele ameaça incendiar o mundo, mas ninguém o ameaça.
Não é covardia, é a realpolitik.
O arsenal da onça, segundo consta, tem mais ogivas nucleares do que todos os outros arsenais juntos.
Putin é hoje o homem mais poderoso e, por isso mesmo, o mais perigoso do mundo.
Depende dele se o mundo terá guerra ou paz.
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