O Harakiri da direita brasileira
"O que será a direita brasileira, se o golpe não der certo?", questiona o colunista do 247 Emir Sader; ele aponta que o embarque de partidos da oposição, PMDB incluso, dos veículos da mídia tradicional e de entidades classistas como a Fiesp e a OAB no navio do golpe não teve direito a retorno do projeto naufragar; "Até poucos dias, a direita dava como seguro o impeachment da Dilma. Discutiam programa, repartição de ministérios e como brecar a Lava Jato, que aterroriza aos principais mentores da operação do golpe. Hoje já mudaram de atitude, reclamam muito do que seriam as cooptações do governo, dão mostras de que temem perder. E aí, o que fazer, se cruzaram o Rubicão do golpe?"; para Sader, de qualquer maneira, a derrota no impeachment deixará "marcas profundas" na direita
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A direita, nas suas diferentes vertentes – partidos, meios de comunicação, Fiesp, OAB, entre outros – se jogou por inteiro na derrubada do governo da Dilma. Não deixaram margem de retorno. Ou derrubam a Dilma ou, senão, o que?
Até poucos dias, a direita dava como seguro o impeachment da Dilma. Discutiam programa, repartição de ministérios e como brecar a Lava Jato, que aterroriza aos principais mentores da operação do golpe. Hoje já mudaram de atitude, reclamam muito do que seriam as cooptações do governo, dão mostras de que temem perder. E ai, o que fazer, se cruzaram o Rubicão do golpe?
O PSDB está fracionado internamente, sem candidaturas viáveis e sem propostas. Todos os seus principais dirigentes se jogaram na aventura golpista, como se não acreditassem mais na possibilidade de vencer em 2018. Sairiam em frangalhos e, pela primeira vez, com grandes fraturas internas.
A situação do PMDB não é melhor. Com todos seus principais dirigentes com graves processos de corrupção, vários deles já no STF, o partido jogou sua última cartada no impeachment, aproveitando-se que ocupa os principais cargos no Congresso, mas caso não dê certo, não sobra nada do partido.
A OAB repetiu 1964 e se pronunciou pelo impeachment, contra a opinião da grande maioria dos juristas e advogados do Brasil. O que sobrará da entidade, caso o projeto golpista fracasse? E o que acontecerá com a Fiesp, que quis comprometer o empresariado com o golpe?
A mídia joga sua derradeira cartada, comprometendo o pouco que lhe restava de credibilidade, mas já se dá conta que vai tentar tratar de continuar a sobreviver na oposição. A Folha salta fora do impeachment, mas faz um apelo patético à renúncia da Dilma. A Globo despencará mais ainda sem um governo favorável, no declínio definitivo da influência decisiva que teve no Brasil por 50 anos.
O que será a direita brasileira, se o golpe não der certo? Ela vai viver um novo momento de crise de identidade, buscando um perfil diferente daqueles que teve até agora e que se esgotou.
Marina é candidata a nova queridinha da direita, de uma nova direita, uma direita gourmet, contra a política, contra a direita e a esquerda, contra o PT e o PSDB. A mídia vai passar da criminalização do PT à criminalização de todo o sistema político, diante da generalização de denúncias contra os partidos da oposição. Pregando o parlamentarismo, valendo-se do atual Congresso, o último antes do fim dos financiamentos privados de campanha.
De qualquer forma, a derrota vai deixar marcas profundas na direita. Setores do empresariado buscarão reacomodar suas relações com o governo, na perspectiva de uma normalização econômica. Na mídia será difícil uma reaproximação com o governo, sendo mais provável o aprofundamento da crise econômica e de legitimidade dos órgãos tradicionais dos meios de comunicação.
O país, caso se confirme a derrota da direita, sairá com lições importantes a ser tiradas, para que a democracia não volte a correr os riscos que ainda corre e para que o governo se dê conta que não pode dirigir o país com políticas antipopulares, que o enfraquecem do apoio com que foi eleito.
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