O grito não cessa

O Estado autoritário mostrou sua face mais característica no início da noite com o decreto que pedia o uso de Forças Armadas para garantia da lei e da ordem. Editado de forma irresponsável e desnecessária, soldados cercando prédios públicos evocava os fantasmas de um passado recente, em que a liberdade de expressão e manifestação fora suprimida das ruas. Michel Temer só revelou mais ainda sua pequenez moral e política neste episódio

O Estado autoritário mostrou sua face mais característica no início da noite com o decreto que pedia o uso de Forças Armadas para garantia da lei e da ordem. Editado de forma irresponsável e desnecessária, soldados cercando prédios públicos evocava os fantasmas de um passado recente, em que a liberdade de expressão e manifestação fora suprimida das ruas. Michel Temer só revelou mais ainda sua pequenez moral e política neste episódio
O Estado autoritário mostrou sua face mais característica no início da noite com o decreto que pedia o uso de Forças Armadas para garantia da lei e da ordem. Editado de forma irresponsável e desnecessária, soldados cercando prédios públicos evocava os fantasmas de um passado recente, em que a liberdade de expressão e manifestação fora suprimida das ruas. Michel Temer só revelou mais ainda sua pequenez moral e política neste episódio (Foto: Jandira Feghali)


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Pouco antes do líder de uma das centrais sindicais presentes no trio elétrico acabar de discursar ao microfone, um projétil surgiu na linha do sol e nos fez sombra. No céu muito azul de Brasília despontava um aparato soltando fumaça velozmente. Ele fez uma curva até nos alcançar na parte superior do veículo, envolvendo todos nós numa espécie de “câmara de asfixia”. Olhos, nariz e boca com gás lacrimogêneo, que se alastrava. Estávamos ali, parlamentares do campo progressista, sufocados pela tirania de um governo isolado e moribundo.

Assim como nós, 200 mil trabalhadores e estudantes que ocuparam a capital do país também passaram por uma repressão brutal. A beleza das bandeiras multicoloridas e da necessária unidade política foi submetida à ação desproporcional de um gigantesco aparato militar do GDF e Força Nacional, usado contra o protesto por eleições diretas e contra as reformas. 

Democrática, legítima e importante para o Brasil, todos foram feridos pelos quilos e quilos de bomba de gás lacrimogênio, cavalaria, helicópteros, balas de borracha disparadas sem critério, até armas de fogo, claramente flagradas em ação. Resultou no estado grave de um trabalhador da UGT, que hoje respira por aparelhos no Hospital de Base do DF.

As reações isoladas de equivocados ou de infiltrados não são parte da nossa mobilização, nem representam o que pensamos e fazemos. Mas nada justifica a ação autoritária e agressiva contra a totalidade dos manifestantes, com a presença de crianças e idosos. Está na hora de usar a inteligência e estratégia para isolar esses grupos, principalmente os provocadores infiltrados para tumultuar e dar uma espécie de álibi para a repressão e a Grande Mídia. 

O Estado autoritário mostrou sua face mais característica no início da noite com o decreto que pedia o uso de Forças Armadas para garantia da lei e da ordem. Editado de forma irresponsável e desnecessária, soldados cercando prédios públicos evocava os fantasmas de um passado recente, em que a liberdade de expressão e manifestação fora suprimida das ruas. Michel Temer só revelou mais ainda sua pequenez moral e política neste episódio. Antes sustentado pelo mercado e o consórcio midiático, agora rasteja à luz da sociedade por vergonhosas ações nada republicanas. O empresário Joesley Batista que o diga.

Me chama a atenção a falta de autoridade deste Parlamento em situações como a de quarta-feira (24). Numa Câmara dos Deputados em que já vi passar pessoas como Almino Afonso, Ulysses Guimarães, Haroldo Lima, Cristina Tavares, Valdir Pires, Mário Covas, não presenciei ninguém, além da oposição, levantar a voz contra o verdadeiro Estado de sítio em que nos encontrávamos. Nem mesmo alguma palavra de solidariedade aos manifestantes, já muito machucados àquela altura. Revela, assim, uma legislatura altamente desqualificada e desprovida de lastro democrático.

Mas o Brasil não vai parar. Neste domingo (28) seremos milhares em Copacabana marchando novamente pela democracia. Junto de artistas,  faremos da música um grito de luta! A Princesinha do Mar será palco dessa união maravilhosa. As eleições diretas sintetizam o sentimento amplo de democracia e garantia de direitos que tentam sequestrar. É o reforço da retomada da dimensão coletiva da boa política. Outras manifestações virão em todos os lugares e Estados do Brasil.  Cabe a nós lutar por isso em todas as trincheiras e de forma cada vez mais ampla e acolhedora às pessoas que desejam o avanço civilizatório de nossa gente.
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Jandira é médica, deputada federal (PCdoB/RJ) e vice-líder da Oposição.

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