O governo Jaques Wagner
Se Jaques Wagner será um quadro para a disputa à presidência é adivinhação. Lula nunca saiu do páreo, mas Wagner pode surpreender se compuser alianças pacificadoras e ‘conseguir’ um 2016 melhor

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
A presidente da república está correta quando, finalmente outorga ‘procuração’ a alguém, no caso o experiente Jaques Wagner para falar em nome do governo. Se não houve isso, não tem problema. Dá no mesmo.
A dificuldade comunicativa de Dilma Rousseff é patente e alguém inteligente já devia tê-la alertado há muitos anos. Antes que virasse memes e imitações carnavalescas e homéricas na internet. Todos os presidentes viram, sabe-se. Mas Dilma dá uma contribuição a mais.
Se FHC tinha ‘cara’ de hipopótamo, merecendo charges mudas e geniais às quais seus dentes eram hipertrofiados nos desenhos, de Dilma ouvem-se, efetivamente, seus discursos confusos como a própria piada. Quase taquifêmicos.
Já Wagner é um político baiano (a rigor carioca de nascimento), nem tanto assim velho de guerra, bonitão e simpático. Verdadeiro, que não se preocupa em pintar o cabelo com aquele apavorante e invariavelmente desastroso ‘acaju’ ou outras mentiras estéticas similares. Um risonho neocoronel pós-moderno do século 21 que ainda arranca suspiros das coroas e balzaquianas.
Se Jaques Wagner será um quadro para a disputa à presidência é adivinhação. Lula nunca saiu do páreo, como uma alma nada penada que ainda orbita poderosamente sobre o PT. Mas Wagner pode surpreender se compuser alianças pacificadoras e ‘conseguir’ um 2016 melhor.
É claro que todo este exagero, personalista sobre a figura do ‘baiano’ é uma espuma de suposições. O ano de 2015 ainda não acabou. A lorota do impeachment e a não prescrita cassação de Eduardo Cunha ficaram para ‘segunda época’, em fevereiro de 2016, como se dizia antigamente na escola.
Tudo que o PT está vivendo é merecido. Sempre é. A derrota da confusa oposição brasileira na última eleição também foi merecida. Todos merecem tudo que ocorre. Não há ‘injustiças’ na História. Há apenas ela, a História.
A cadeia, as prisões, os vexames, os processos judiciais estão depurando a política brasileira. Não era possível que todos continuassem a roubar com toda a impunidade que havia. Pelo menos agora sabe-se que não serão todos. Isso, sociologicamente, é melhora. É um caldo cultural pelo menos coado.
Jaques Wagner não é ‘herói’ de nada. Nem salvará, sozinho, nada. Apenas pode ajudar a melhorar algumas conexões políticas e de imagem de um governo que parece ter batido no fundo do poço. O grande problema do poço é que a pedra do poço é feita de gente, exatamente a sociedade brasileira.
Se a sociedade brasileira não quiser, verdadeiramente, salvar 2016, pode-se considerar o ano já perdido, de cara. Um dos maiores erros do brasileiro é uma divisão safada e cômoda entre nós sociedade, e eles governo. Não há isso. A responsabilidade é de todos. Ainda que o governo lide com dinheiro público. O que exige uma cobrança interminável com este tipo de ação.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247