O governo interino Temer é pior que a Ditadura Militar
O que o governo golpista de Temer quer é desinformar a população; desarticular a estrutura do Estado voltado para os interesses nacionais; e desmobilizar os brasileiros que nas ruas começam cada vez mais e demonstrar que não podem mais ser enganados
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O governo interino é pior que os governos da ditadura que durante 22 anos deixaram uma nódoa mal cheirosa na história do Brasil.
Aqueles torturavam e matavam seus adversários políticos mas carregavam uma visão nacionalista de defesa das fronteiras, das riquezas, da integração da Amazônia ao resto do país pela comunicação estatal e pela produção de energia.
Este governo provisório toma decisões como se ditador fosse: desmonta o Estado antes de ser declarado permanente, desrespeita a Constituição, mantém corruptos no poder, reprime manifestações populares e passo a passo mergulha o país no caos.
Em todos os tempos, a história nos mostra que em períodos de guerra ou de paz a comunicação pública ou privada joga papel decisivo nos resultados das batalhas travadas.
Os militares, no entanto, sempre estiveram preocupados com a soberania efetiva deste país. É só olharmos o trabalho que fizeram de desenvolvimento do nosso sistema radiofônico.
Garantiram a comunicação pública. Criaram a Rádio Nacional da Amazônia - referência no setor - instalando emissoras de rádio em todas as importantes cidades dos estados do Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Acre, e Roraima.
Sabiam da importância de fazer uma rede integrada de rádios exatamente para delimitar que ali era domínio brasileiro porque lá na Amazônia as demais rádios brasileiras não entravam.
Tiveram a capacidade de construir um sistema de geração de energia elétrica, com Itaipu, Tucuruí e uma série de outras grandes obras que integram e desenvolvem este país por meio da energia.
Ou seja, devemos reconhecer que os militares, por mais que tenhamos críticas à maneira como tratavam as esquerdas, de alguma maneira tinham um plano de desenvolvimento nacionalista.
Bem ao contrário dos golpistas atuais cuja visão estratégica está voltada ao serviço da dominação internacional, e da transformação de nosso país, novamente, em satélite dos EUA.
Para isso precisam rapidamente desmontar as estruturas de comunicação que falam o que a Globo não fala, que defendem os interesses da população e não dos grupos que vivem de marketing e publicidade comercial.
Temer e sua turma de golpistas sabem disso e é por isso que voltaram de forma ampla seus canhões contra a Empresa Brasileira de Comunicações e a ampliação (projetada nos governos petistas) de outro segmento da comunicação pública no país: as rádios e TVs comunitárias.
Segundo a jornalista Tereza Cruvinel - primeira presidente da empresa - tudo indica que por decisão do governo interino não mais serão publicados editais previstos para este mes de junho, de concessão de cerca de 240 rádios comunitárias e rádios FMs educativas e TVs educativas, geralmente operadas por instituições de ensino superior.
Fiquei tremendamente indignado ao ouvir golpistas como Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha defenderem o fim da EBC, como se essa fosse uma decisão que lhes coubesse. Seus assessores esqueceram de lhes informar que antes disso será necessário alterar a Constituição brasileira.
Geddel e Padilha deveriam ficar calados. Quem são eles para falar de comunicação ? deveriam sim estar preocupados com os processos nos quais estão sendo acusados de corrupção.
A eleição de Geddel Vieira Lima a deputado federal é fruto de uma fraude de desvio de recursos públicos da segurança pública da Bahia - estado onde os níveis de criminalidade são uns dos mais altos do país.
Quando deputado federal e membro da CPI da NET no Congresso Nacional presenciei Geddel ouvir calado o ex governador Antonio Carlos Magalhães chamá-lo de deputado Funrepol e acusar seu pai, Afrísio Vieira Lima, de ter roubado o Fundo para elegê-lo parlamentar, quando ocupava o cargo de Secretário de Segurança do estado.
Padilha é réu em pelo menos três processos : é acusado de ordenar pagamento superfaturado de R$2 milhões a uma empresa, quando foi ministro dos Transportes do governo FHC; no escândalo dos precatórios, em 1997; por desvio de recursos públicos para compra de merenda escolar no município gaúcho de Canoas, em 2007.
Portanto, esses homens não tem moral nem legitimidade para propor nenhuma mudança, muito menos o fim da EBC.
A sociedade deve entender a diferença entre público e estatal. Público é algo não estatal e não comercial. Uma comunicação pertencente à sociedade e voltada para a sociedade, ainda que financiada majoritariamente pelo Estado.
A EBC, que integra todo o complexo de rádio, tv e internet da antiga Radiobras, é exatamente o que representa uma empresa moderna de comunicação pública no Brasil, não do governo, mas pública como existe em todos os países desenvolvidos do mundo.
São bons exemplos de tvs públicas mundo afora a PBS americana, a RAI na Itália, a RTB em Portugal, a TVE na Espanha, a BBC de Londres, entre outras. Todas são independentes dos governos e fiscalizadas pela sociedade, através de conselhos plurais, como o que existe aqui na nossa EBC.
Todas elas, assim como a EBC, produzem reportagens e documentários da maior credibilidade sobre qualquer parte do planeta, realizando um belíssimo trabalho de informação e formação da população, sem ter por trás a defesa dos interesses muitas vezes escusos de grupos privados de comunicação.
A sanha de desmonte de Michel Temer contra as conquistas sociais, políticas e econômicas do Brasil dos últimos anos não tem limites.
Não se trata de ignorância a respeito da importância de algumas delas, como sugerem alguns, muito ao contrário, trata-se de decisão consciente e articulada contra o interesse de cada um de nós brasileiros e brasileiras.
Fazem parte de uma quadrilha que quer destruir todo o projeto de conquistas sociais que deu certo neste país e entregar ao capital estrangeiro as grandes riquezas e empresas brasileiras.
O desmonte da EBC é apenas parte desta trama. O que o governo golpista de Temer quer é desinformar a população; desarticular a estrutura do Estado voltado para os interesses nacionais; e desmobilizar os brasileiros que nas ruas começam cada vez mais e demonstrar que não podem mais ser enganados.
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