O governo Bolsonaro acabou?

Duas opiniões se dividem em relação à continuidade do (des)governo Bolsonaro: a primeira assevera que a ” casa caiu”, com a saída (e as acusações) do ex-ministro Sérgio Moro e a mudança (imposta pela crise) da política econômica do governo



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Duas opiniões se dividem em relação à continuidade do (des)governo Bolsonaro: a primeira assevera que a ” casa caiu”, com a saída (e as acusações) do ex-ministro Sérgio Moro e a mudança (imposta pela crise) da política econômica do governo. O que levaria em futuro próximo o economista Paulo Guedes a seguir o caminho do seu colega: pedir demissão. Esta versão estaria amparada nas denúncias apresentadas pelo ex-ministro e já transformadas num inquérito para apurar a sua veracidade pelo Supremo Tribunal Federal. Caso fossem comprovadas, abrir-se-ia um processo de afastamento de Jair Bolsonaro do cargo da Presidência da República que poderia culminar em sua substituição pelo vice, general Mourão. 

Neste sentido, o STF já teria dado um prazo ao Presidente da Câmara para se pronunciar acerca dos vários pedidos de “impeachment” apresentados no Congresso. A eventual saída de Paulo Guedes dever-se-ia a uma modalidade de Plano Marshall, adotado pelo governo, para combater à crise, em tudo contrariando as diretrizes ultraliberais do ministro da Economia: estouro nos gastos públicos, investimentos do Estado na economia, renda mínima, socorro aos estados e municípios, gastos em saúde etc.

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A outra opinião afirma exatamente o contrário: diz que com a saída desses ministros e a nova orientação anticíclica da política econômica, o governo estaria com as mãos livres para iniciar o novo ciclo de desenvolvimento econômico, baseado nos estímulos do fundo público, gastos em infra-estrutura e incremento na renda dos brasileiros. Seria uma mudança radical de perfil, uma vez que Bolsonaro foi eleito e vinha realizando uma política pró-ciclica, de corte de gastos, diminuição da renda do trabalho, ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários, superávit primário etc.

Qual das duas irá prevalecer é uma questão em aberto, pois estamos em plena crise sanitária, econômica e política no Brasil. O governo federal vem fazendo acenos para os partidos, governadores e a população no sentido de neutralizar o potencial disruptivo dessa “tempestade” quase-perfeita. A começar pela compra dos partidos e membros do Congresso no intuito de evita a abertura de um processo de “Impeachment”. Mas os empresários e parte dos governadores não estão muito convencidos de que essa mudança vá surtir efeito, a curto prazo. 

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O exemplo é a política anticíclica de Dilma Rousseff que adiou, mas não evitou as conseqüências da crise econômica (subprime) de 2008. Essas medidas tomadas pelo governo, sob pressão da sociedade, podem mitigar ou protelar o clima de pessimismo de investidores e consumidores. Mas, sem uma mudança no panorama global da economia, dificilmente o país se reerguerá sozinho, dado grau de interdependência gerado pela globalização entre as economias do mundo. 

O caso da economia chinesa é um indício. A China é a nossa segunda maior compradora de “commodities” e a maior portadora de títulos da dívida do tesouro norte-americano. Naturalmente, a redução do crescimento econômico daquele país produzirá efeitos inevitáveis nos seus parceiros comerciais. As agencias de consultoria econômica prevêem uma grande crise na economia mundial, maior do que a de 2008.

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Entende-se o porque. Além da pandemia da Corona-Virus19, existe um grande endividamento de megas empresas e falta de liquidez no mundo capitalista. Tudo isso conspira contra a tese de que o ensaio de uma política macroeconômica anticíclica no Brasil seja suficiente para reverter o quadro de depressão econômica entre nós.

De toda maneira, havia dois pilares que sustentavam as expectativas desse governo: Moro, ministro da Justiça, que simbolizava para a massa bolsonarista o combate à corrupção, tendo atrás de si os eventos da Operação Lava Jato. O outro nome de prestígio entre as empresas capitalistas e especuladores internacionais era o do ministro da Economia, Paulo Guedes. 

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O primeiro já se foi, atirando na Presidência da República. O segundo pode sair a qualquer momento, pois não desejará unir seu nome a um plano econômico em tudo contrário às suas ideias ultraliberais. É pagar, para ver. E caro.

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